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Santuário do Senhor dos Milagres Traditional Geocache

Hidden : 6/24/2017
Difficulty:
2 out of 5
Terrain:
1 out of 5

Size: Size:   micro (micro)

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Geocache Description:


SANTUÁRIO DO SENHOR DOS MILAGRES

Localizado a cerca de 6 km a norte da cidade de Leiria, quase anónimo para o viajante acidental, mas bem conhecido por todos aqueles que trilham os caminhos da fé, surge, como que por encanto, imponente, no topo de uma pequena colina, um singular santuário de traça barroca, erigido no século XVIII.


 

A tradição atribui a fundação deste local a um milagre realizado pelo Senhor Jesus de Aveiro, em 1728, na pessoa de um paralítico de nome Manuel Francisco Maio que se arrastava sobre uma placa de cortiça. Tendo invocado o auxílio divino, teria adormecido e, ao acordar, estaria curado. Crendo no prodígio, o paralítico ofereceu ao Senhor Jesus um ex-voto que foi colocado no próprio lugar do milagre, e logo muitos devotos acorreram e novos milagres se verificaram. Com o produto das esmolas, foi construída uma igreja em torno da qual viria a crescer a povoação, que se chamou Milagres.

A edificação do templo encontra-se enquadrada na devoção pelo Senhor Jesus dos Milagres, que constitui fenómeno muito frequente na Europa Setecentista, e que apresenta no território português outros exemplos, de que se destacam a igreja do Senhor Jesus da Cruz, em Barcelos (1705-1728), o templo do Senhor Jesus dos Milagres das Barrocas, em Aveiro (1722), o Senhor Jesus da Pobreza, em Évora (1729), o Senhor Jesus da Pedra, em Óbidos, o Senhor Santo Cristo, em Ponta Delgada e o Senhor Jesus do Monte, em Braga.

De cunho marcadamente barroco, oferecendo um acentuado contraste entre a horizontalidade do frontispício e a verticalidade do frontão e das torres, a traça e construção da igreja, remonta à terceira década de Setecentos, e é da responsabilidade dos arquitectos regionais José e Joaquim da Silva Coelho, do Juncal. A galilé alpendrada, que se abre na frontaria e percorre os flancos, as robustas torres sineiras, que cingem o corpo central, e o frontão recortado conferem beleza ao edifício, envolvido por um amplo adro com escadório. O segundo piso é aberto por janelões de peito de moldura e frontão recortado separados por pilastras que delimitam os arcos do piso inferior.

O interior do templo de uma só nave de pavimento lajeado e cobertura em abóbada de lunetas, e a capela-mor abobadada com camarim e trono, revelam, no material predominante (mármore com embutidos em tons preto e rosa), nos painéis de tela, no revestimento azulejar (da oficina Silvas e Sousas, do Juncal), nos dois púlpitos de balaustres, adossados ao paramento da nave, ambos baldaquinados, o gosto dos finais do século XVIII.

 


Cronologia do Local

1728 - milagre da cura de Manuel Francisco Maio;
1730 - colocação de um ex-voto no sítio onde sucedera o prodígio;
1732 - há já uma ermida no local;
1733 / 1735 - regista-se um período de grandes despesas com pagamentos de matéria-prima e respectivo transporte para a edificação do santuário;
1736 - a igreja diocesana recorre ao estaleiro de Mafra, de onde saem o mestre arquitecto José da Silva Coelho e outros oficiais como José Ribeiro e André Coelho;
1747 - substituição do Mestre José da Silva Coelho por seu filho Joaquim da Silva Coelho;
1750 - a freguesia é desanexada da de Regueira pelo Bispo D. Frei João de Nossa Senhora da Porta;
1795 - azulejos das oficinas do Juncal com extensa legenda do milagre que deu origem ao monumento.


 

História contada nos azulejos

Através de um painel de azulejos, datado de 1795 e localizado na capela-mor, é possível ficar a conhecer alguns dos curiosos aspectos da origem e da construção do santuário. O texto completo presente nesse painel é o que se passa a apresentar, na sua grafia original:

«Até ao anno de 1728 da era vulgar em que Deus Nosso Senhor quis mostrar neste Sitio a sua omnipotência era este um logar deserto cujos matos davam a pastage aos gados do povo desta Ribeira da Godim que neste tempo pertencia à freguezia de S. Sebastião de Rigueira de Pontes deste Bispado de Leyria donde então era Bispo o Exmo. Snr. D. Álvaro Abranches e lhe sucedeu o Exmo. Snr. D. João de Nosso Senhor da Porta, depois Arcebispo de Evora Cidade, Cardeal de Cunha, Regedor das Justiças e Inquiridor Geral que foi o mesmo que fez este templo freguezia depois de passados alguns annos de sua erêção.

Neste mesmo anno que era de 1728 vivia na falda deste Monte na frente deste mesmo templo um homem chamado Manuel Francisco Mayo, que era leso da cintura para baixo, que apenas se podia mover em cima duma cortiça, ajudado só das suas maõs e assim passava uma vida mendigando. Um dia, dia deste mesmo anno sahiu este homem para a sua costumada tarefa de pedir esmola e veiu arrastando-se por entre os matos até ao logar em que agora se acha colocada a capela mór e aqui a cortiça se lhe despedaçou e ficou inabil para poder d’aqui passar. Neste mesmo tempo soavam por toda a parte os contínuos milagres que experimentava quem com fé se valia da proteção do Senhor Jesus d’Aveiro: este aflicto homem cheio da mais viva fé, dando sentidíssimos ais, gritou pelo Senhor Jesus d’Aveiro, que o melhorasse e lhe prometeu que lhe iria levar um painel se o Senhor fosse servido, que elle pudesse caminhar. Neste mesmo tempo (caso maravilhoso!) ficou em um profundo sôno e passados alguns minutos acordou são sem sombras de molestia. E logo dando louvores a Deus por tão assinalada mercê se encaminhou para sua casa, deixando neste mesmo logar o fragmento da cortiça, que por descuido se não conservou para memória. Admiraram todos os seus visinhos tão grande prodígio de verem são e livre de molestia aquele que há poucos minutos tinham visto sahir arrastando-se.


painel


E logo no dia seguinte foi ele dito Manuel Francisco Mayo ao lugar de Balres desta mesma freguesia aonde assistia um pintor chamado José de Abreu e lhe levou uma taboa em que o dito pintor lhe fez a imagem ao Senhor Jesus a qual elle com muito contentamento trouxe para sua casa. E como era muito pobre no espaço de dois annos nunca se poz a caminho para ir levar o painel ao Senhor Jesus d’Aveiro como tinha prometido: Confessou a sua falta e seu confessor lhe determinou o colocasse no mesmo logar onde tinha recebido o prodígio, o que elle logo fez, e no mez de maio de 1730 colocou neste mesmo logar o dito painel em uma cruz tosca. Depois de estar assim arvorada a cruz com o painel observou-se que os gados que actualmente vinham pastar a estas charnecas visinhas fugiam obrigados da môsca e vinham juntar-se ao pé da cruz. Ali paravam e se deitavam virados para o Senhor formando um círculo em torno da cruz. Causou isto tanta admiração a estes póvos visinhos, que todos em ranchos vinham visitar o Senhor a quem neste tempo chamavam o Senhor do Mayo.

E como o Senhor foi servido logo fazer inumeraveis mercês a quem o invocava com viva fé todos o exclamavam, Senhor dos Milagres! e os mesmos que receberam os prodígios lhe puzeram este soberano título: E em pouco tempo foram tão copiosas as esmolas de dinheiro, trigo, milho, cera, azeite, novilhos e outros generos que logo se deu princípio a este famoso templo, para cuja ereção chamaram o mestre José da Silva, do logar do Juncal, que foi o que construiu esta obra, mais o mestre Joaquim da Silva, seu filho até ao estado presente.

Era assombro ver naquelles tempos a multidão dos enfermos que de muitas partes vinham a este Sítio implorar a misericórdia do Senhor, deixando os aleijados aqui ficar as suas muletas e outras apresentando-lhes muitos quadros em que ternamente confessavam os favores recebidos. E logo que se começaram estas obras entrou a trabalhar o dito Manuel Francisco Maio. E estando a obra já na altura da cimalha real cahiu uma pedra de carrada e o levou consigo ao chão, aonde todos o esperavam morto: e elle se levantou são e foi continuando no mesmo trabalho.

Passados alguns annos andava elle em cima duma escada armando de cortinados o Apostolado que está por cima da dita cimalha e caindo a escada elle ficou em cima da cimalha sem o menor perigo. Viveu este celebre homem sempre pobre, morreu decrepito e jaz aqui mesmo. E eu José Roiz da Silva e Sousa, neto do dito mestre José da Silva fiz este azulejo e o mandei aqui colocar na era de 1795, e escrevi fielmente esta história escrita pelo ver. Luiz Gomes, tesoureiro actual desta egreja, sendo bispo de Leiria o Exmo Snr. Manuel de Aguiar inimitavel devoto e zeloso do culto de Deus que para sempre vive e viva.»

 

Additional Hints (Decrypt)

Aãb é zntaégvpn, znf cbqvn fre. Qrvkrz n pnpur orz pbybpnqn, cbe snibe.

Decryption Key

A|B|C|D|E|F|G|H|I|J|K|L|M
-------------------------
N|O|P|Q|R|S|T|U|V|W|X|Y|Z

(letter above equals below, and vice versa)