Entre as estações ferroviárias da Trofa e Lousado há sobre o rio Ave a grande altura duas extensas pontes. Uma a denominada de “ponte de ferro” pelos locais e outra uma ponte moderna que possibilitou o aumento do tráfego na travessia do rio Ave.
A ponte de ferro contava já 60 anos, pois havia sido posta ao serviço ferroviário em 20 de Maio de 1875, quando da inauguração da linha do caminho-de-ferro, Porto-Braga. Sessenta anos seria tempo bastante para tirar propriedades de resistência ao aço e ao ferro. Daí que a sua segurança começasse, naturalmente, a causar dúvidas. Conscientes dessa realidade, os maiores responsáveis pelos serviços de circulação rodoviária, entenderam, por bem, e responsavelmente, que era chegada a hora da sua substituição. Assim, empenharam-se desde logo, sem perda de tempo, na feitura de um projeto para a nova ponte. Feito e aprovado, foi imediatamente entregue às oficinas ferroviárias de Ovar, sendo aí, com relativa brevidade, executado. À medida que a nova ponte ia sendo idealizada peça-a-peça, ia no local próprio sendo construído um estrado, onde a nova ponte havia de ser construída, com a conjugação das peças, e outro estrado onde havia de ser colocada a velha ponte, depois de retirada do seu local. Logo que as oficinas de Ovar deram por concluídas as peças que haviam de formar a ponte, começaram a encaminhá-las para o seu destino, a fim de se iniciar a sua construção.
Todos os trabalhos de montagem estiveram a cargo e sob a orientação do Eng.º Frederico Alragão, chefe de obra dos Serviços de Obras Metálicos e de Armando Rio, mestre encarregado da obra. O tempo ia, naturalmente, rolando e com ele o empreendimento ia sendo completado. Estava-se já no dia 6 de Fevereiro de 1937, dia em que todo o serviço de montagem da ponte foi dado por concluído, faltando somente colocá-la no seu devido lugar. Eram exatamente onze horas e quarenta e cinco minutos, quando foram iniciados os trabalhos para a sua transição.
Foi uma operação espetacular, feita de modo impecável. Pois em apenas trezentos e cinquenta e oito segundos (menos de 6 minutos) ficou assente e fixada no seu devido lugar, dando imediatamente passagem, sem que pudesse correr o menor perigo a todos os comboios. Esta admirável operação, não causou o mínimo de inconveniente à normal circulação dos comboios e constituiu motivo de justificada admiração a todos os presentes que tiveram a possibilidade de a ela assistir.
Estiveram presentes quase todos os engenheiros afetos à C.P., técnicos de Via e Obras, Diretores Gerais, todo o pessoal das antigas oficinas ferroviárias de Lousado e muitas centenas de pessoas, vindas dos mais diversos e distanciados lugares. A rapidez e a segurança com que esta operação foi feita, constitui, na verdade, um verdadeiro êxito da engenharia portuguesa, com o qual todos nos devemos orgulhar. Esta nova ponte tem sessenta e cinco metros de comprimento e pesa cento e cinquenta toneladas.
Porque a primitiva ponte, na década dos anos trinta, não oferecia segurança por aumento do tráfego nas duas vias, houve necessidade de a substituir por uma outra mais sólida e resistente. E assim foi. Em apenas 358 segundos (menos do que seis minutos) a ponte primitiva foi substituída por outra com o comprimento de 65 metros e com o peso de 150 toneladas.
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