A sete quilómetros da sede do concelho, a freguesia de Turcifal é constituída pelos lugares de Freixofeira, Carvalhal, Melroeira, Casal Barbas, Almeirinhos, Aldeia da Serra, Cadriceira e Mugideira. Está situada na margem direita de um afluente do rio Sizandro.
A história de Turcifal inicia-se ainda antes da fundação da Nacionalidade. Além da arqueologia, a própria toponímia demonstra à evidência esse facto. Nomes como Chapoceira, Manjapão e Freixofeira são do tempo da Reconquista Cristã, mas Turcifal é de origem árabe. Embora, evidentemente, não signifique "terra repleta de turcos", como dizia o povo ainda no século XVIII.
Em 1280, D. Dinis doou a sua irmã, D. Branca, a "quintã" de Manjapão, que mais tarde seria doada por ela ao Pe. Pêro Vicente. É um dos primeiros documentos escritos sobre esta freguesia. Sabe-se também, através dele, que desde sempre a freguesia pertenceu ao termo de Torres Vedras.
Em termos eclesiásticos, esta freguesia foi um curato da apresentação do prior de Santa Maria do Castelo de Torres Vedras e depois vigairaria. Em 1840, pertencia ao concelho de Torres Vedras. Passou depois ao da Azueira, extinto em 24 de Outubro de 1855. Regressou então, agora definitivamente, a Torres Vedras. Refere Pinho Leal que Turcifal chegou a ser sede de um pequeno concelho, mas nenhum elemento histórico confirma esta afirmação.
Em "Viagem a Portugal", José Saramago refere-se longamente a esta freguesia. A qualidade e o sabor da prosa obrigam à citação do excerto que se segue: "Foi o caso de no Turcifal ter visto o viajante uma altíssima igreja erguida sobre um terreiro a que por tesos lances de escadaria se chegaria, havendo boa perna. Buliu o avantajado edifício com a curiosidade do viajante, que se lançou ao habitual jogo da chave. (...) O viajante bateu uma vez, bateu duas vezes, e depois de bater três vezes entreabriu-se uma frincha zelosa, e uma cara de mulher velha apareceu, severa: "Que deseja?" Dá o viajante o seu habitual recado, veio de longe, anda a visitar, seria um grande favor, etc. Responde a frincha da porta: "Não estou autorizada. Não dou a chave. Vá pedir ao padre." (...) Já pensa que no limiar da povoação fará o teatral gesto de sacudir a poeira das botas, mas então lembra-se do bom modo da primeira mulher, e vai ao padre. Pasmemos todos. A velha já lá está, em grandes demonstrações explicativas, de palavra e gesto, com a ama do padre, ou talvez parente. (...) E tudo vem a explicar-se. Esta pobre mulher, mostrando a igreja a visitantes, foi por duas vezes vítima de ataques. Uma das vezes até lhe deitaram as mãos ao pescoço, um horror. O viajante fora confundido."