Conta a gente desta terra que, há muitos anos passados, quando toda a gente era humilde e dava as mãos ao trabalho, todos os camponeses se dirigiam para o campo, para cultivar os seus terrenos. Uns plantavam batatas e feijão, outros lançavam as sementes à terra, para depois colher o centeio e o trigo.
Certo é que todos precisavam de agradar as terras e, para a grada ficar mais pesada, todos eles escolhiam uma pedra muito lisa e redondinha que, por magia ou coincidência, estava sempre ali à mão. Tudo isto se repetiu por muitos anos, até que um dia um moço sonhou com uma pedra, isto é, sonhou que ela falava e lhe pedia que a ajudasse a voltar para a sua casa.
Sonhou uma vez, sonhou duas e à terceira, sempre com o mesmo sonho, dirigiu-se ao campo, agarrou a pedra e dirigiu-se com ela até junto do mar. Aí partiu-lhe os quatro cantos, que era o que no sonho lhe fora pedido, ao parti-la verificou que o interior estava repleto de joias preciosas, tirou as que conseguiu e guardou no bolso, depois atirou-a ao mar.
Então, qual não foi o seu espanto ao ver que a pedra se transformou numa linda sereia que, seguia rio abaixo, nadando e cantando ao longe, com uma voz encantadora:
Nestes montes eu vivi
Como pedra encantada
Tantos anos adormecida
E pela grade embalada!