Romeiros da Terceira - Açores Traditional Geocache

ROMEIROS DA TERCEIRA - AÇORES

RANCHO DE ROMEIROS DO SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

Por altura da Quaresma, existe um Grupo de Homens que se junta e parte para uma peregrinação, à volta na ilha Terceira, rezando por si e pelos outros. Enfim, rezando por todo o Mundo. Na realidade estes Ranchos de Romeiros, formados por Homens de Fé, "põem" toda a ilha (e também várias outras ilhas) a rezar. Os Ranchos são constituídos por Homens de todas as idades, profissões e classes sociais, que se tratam por "Irmãos" e que agem entre eles como Irmãos de facto. Nos meses antes da Romaria, estes grupos de Homens reúnem-se várias vezes por semana, para preparar a sua Romaria.

Voltaram a sair, depois de mais de um século de inatividade, as romarias quaresmais da ilha Terceira. Constituída, no primeiro ano (2007), por 23 homens, os mesmos tiveram vários dias de preparação para fazerem esta volta à ilha a rezarem e a meditarem por todos nós. Os romeiros na ilha Terceira foi uma tradição que se extinguiu no século XIX, ressurgindo sob a orientação do Padre Dolores, um Mariense, reitor do Santuário da Conceição em Angra, a partir de um grupo de pessoas interessadas que já tinham participado em romarias em São Miguel. A orientação da romaria terceirense é a mesma que a diocese aprovou para os de S. Miguel, pelo que a indumentária, (lenço, xaile e dois terços: um para colocar ao pescoço e outro para levar na mão), bordão, ‘sovadeira’ ou “cevadeira”, cânticos e orações são iguais. A diferença reside na pernoita dos irmãos romeiros que não será feita em casas particulares, como acontece na ilha do arcanjo, mas sim nas casas de romeiros que ainda existem ou em casas de povo e salões paroquiais. No Porto Judeu existiu junto à ermida de Nossa senhora da esperança uma casa de romeiros que foi legada em testamento por D. Isabel de Gouveia em 1650. Daqui se depreende a antiguidade desta tradição nesta ilha de Jesus. Depois de uma volta à ilha com entrada em todas as ermidas, feita no sentido dos ponteiros do relógio, os romeiros regressam ao santuário da Conceição. Até ao ano de 2015, realizaram-se oiro Romarias na ilha Terceira.

Descanso!

Os romeiros são acolhidos espontaneamente pela população que os espera no adro da igreja. As pessoas acolhem um número de romeiros conforme as suas possibilidades sendo sempre generosas. Oferecendo comida e dormida aos irmãos. Ao chegar à entrada de uma casa de acolhimento um dos irmãos levanta uma salva (faz uma oração) por aquela família. Antes da refeição são ditas umas palavras de apreço e agradecimento. É de lenço e terço ao pescoço que os irmãos comem. Tradicionalmente os romeiros rezam um terço em interceção da família acolhedora durante o dia e por vezes são oferecidos terços. Na madrugada seguinte fazem-se outra vez à estrada sendo o ponto de encontro dos irmãos, alojados em casas diferentes, a igreja. A romaria acaba na igreja onde começou. Os irmãos romeiros fazem paragens em todas as igrejas e ermidas que fiquem no seu caminho. Ao passar nos cemitérios não há paragens mas há orações. Cada irmão tem liberdade para evocar uma salva (pedir uma oração) por motivo pessoal ou qualquer que seja. É uma caminhada difícil ( cinco dias) e longa (cerca de 200 Km), ultrapassada com a fé de quem se dedica de corpo e alma à romaria.

Casa dos Romeiros

Os primeiros registos de romarias na Terceira, ocorrem juntos às Ermidas ou aos pequenos nichos construídos para ali colocar a imagem encontrada: São Roque (São Bento), que poderá ser um dos locais onde se terá realizado as primeiras romarias. Tinham Casa de Romeiros: Senhora da Esperança (Porto Judeu); Santo Serreta), estas 3 últimas tinham também sua Casa de Romeiros – mantendo-se apenas hoje com a mesma configuração a existente em Santa Bárbara – Senhora da Ajuda Amaro (Ribeirinha); Senhora da Ajuda (Santa Bárbara); Santinha do Mato (Cinco Picos); Nossa Senhora de Guadalupe (Agualva) e Nossa Senhora dos Milagres. Tal como refere o Pe. Alfredo Lucas – em As Ermidas da Ilha Terceira: “ Assim, existiam casa dos romeiros junto das Nossa Senhora dos Remédios, na freguesia das Lajes, e parece que junto da ermida da S. Vicente Ferreira, em S. Mateus. Lembramos ainda que outra casa dos romeiros existiu no lugar da ermida da Santinha do Mato, nos Cinco Picos, devendo referir-se que todas eram de pequenas dimensões, excetuando a das Lajes”.

Num Rancho de Romeiros várias "funções", nomeadamente:

- MESTRE - responsável pelo Rancho.

- CONTRA-MESTRE - principal ajudante e substituto do Mestre.

- GUIAS - são dois e têm por missão conduzir o rancho pelos caminhos e veredas tradicionais, "impondo" o ritmo da caminhada elevando pelo cumprimento dos horários.

- PROCURADOR DAS ALMAS - romeiro que recebe e contabiliza os pedidos de orações das pessoas que se dirigem ao Rancho.

- LEMBRADOR DAS ALMAS - romeiro responsável pelas salvas, junto aos cemitérios e outros lugares ou ocasiões relevantes.

- CRUZADINHA - irmão mais novo (geralmente uma criança ou jovem), que vai à frente do Rancho e que leva a Cruz com Cristo.

- DISPENSEIROS - irmãos responsáveis pela alimentação do Rancho e compra de géneros e outros produtos, que possam ser necessários.

Muitos ranchos, principalmente em S. Miguel, também têm irmãos que desempenham outras funções, como: GUIA ESPÍRITUAL, TESOUREIRO e AJUDANTES.

O local onde está a cache é um lugar por onde passa e reza o Rancho de Romeiros da Terceira.

ATENÇÂO - A cache não está no muro!