Em 1975, quatro ou cinco miúdos resolveram fundar um clube de Rugby na Moita de Anadia.
Se fosse hoje a maioria das pessoas ficaria surpreendida.
Agora imaginem isto há 35 anos atrás...
Mas eles avançaram. Contra tudo e contra muitos, sobretudo contra algumas mentalidades e preconceitos, fundaram mesmo um clube de Rugby.
É que não havia nada na aldeia na altura e eles sentiam essa necessidade. O tempo das brincadeiras infantis tinha acabado.
Um deles viu por acaso um jogo de rugby em Coimbra, falou nisso aos outros colegas e como souberam, através dum professor, que a antiga DGD (Direcção Geral de Desportos) estava a apoiar esse desporto, dando bolas e outros pequenos equipamentos de campo, foram a Aveiro à delegação e trouxeram o que lhes deram. Uma dessas bolas está ainda na sede do clube como recordação.
Podíamos dizer que depois foi só avançar até ao dia hoje, mas não é verdade. O que eles arranjaram foi uma série de problemas e de dificuldades. Não tinham campo, não tinham jogadores, não tinham local para se juntarem, não tinham nada. Apenas vontade e muita determinação.
Recorreram a campos de cultivo que estavam em espera para nova sementeira, a espaços abertos, a recreios da escola minúsculos e mesmo a pisos alcatroados para iniciarem os primeiras jogadas. Mas nada os parava. Fizeram autocolantes e toca a vendê-los para arranjar dinheiro. De bicicleta para as termas da Cúria e do Luso e para as Praias de Mira e Costa Nova, onde havia mais pessoas.
Arranjaram as primeiras camisolas de jogo e conseguiram uma sede num pavilhão alugado, propriedade do avô de um dos elementos, que fez um preço amigo.
Fundaram o tão desejado clube e deram-lhe o nome de Núcleo de Rugby da Moita (NRM).
À sede deram o nome de “ O Melão” por motivos óbvios, onde faziam bailes e exploravam um bar, com que garantiam o dinheiro que tanto precisavam.
O seu primeiro jogo, ainda a brincar, terá sido uma partida combinada com uma equipa de Aveiro no recreio da escola primária, o qual era dividido ao meio por um pequeno muro, quando as salas ainda funcionavam por sexos (meninas de um lado e rapazes de outros), mas que meteram abaixo por terem terminado essa separação nesse ano, logo após a revolução dos cravos.
Outro jogo mais a sério fo feito contra uma equipa que se formou também na altura mas em Anadia e que foi realizado na Escola dos Regentes Agrícolas em Coimbra. Foi um jogo já disputado e com alguma rivalidade, natural da proximidade das equipas.
Nessa altura houve o surgimento de muitas outras equipas na região (para além da de Anadia, a da Mealhada, de Águeda, da Fig. da Foz, da Pampilhosa, de Ançã, de Aveiro, etc.) mas todas elas acabaram por não aguentar.
E foi quando a equipa de Anadia acabou, com a maioria dos atletas a vir para a vizinha Moita, que houve a possibilidade de inscrever uma equipa de júniores na Federação e começar a participar num campeonato.
Com derrotas e mais derrotas, mas nunca desistiram.
Jogavam nos campos de terras vizinhas (Ferreiros e Famalicão e no campo do Anadia, se o jogo era importante), quando eles os podiam emprestar.
Só algum tempo mais tarde, com a grande participação da Junta de Freguesia e a ajuda da Câmara Municipal de Anadia, se arrancou com um campo para a Moita.
E foi aí que a equipa de rugby passou a jogar.
Era um campo pelado mas parecia erva. (só para eles). As outras equipas não pensavam assim. Um dia um dos atletas visitantes perguntou: Porque não mandam também alcatroá-lo? Tal era a dureza do piso.
Apareceu depois o Grupo Desportivo Moitense com a recém formada equipa de futebol e como não tinham sede e porque abria novas perspectivas em termos de organização, fez-se a geminação dos dois clubes e ficou apenas a existir o GDM com duas secções autónomas - O Futebol e o Rugby, mantendo-se a sede a funcionar no “Melão”.
E assim funcionou durante vários anos. Alguns deles áureos. Com várias equipas de miúdos e de júniores e boas equipas de seniores Uma delas chegou à primeira divisão, onde ombreou com as equipas de topo na altura (Direito, Benfica, Belenenses, CDUL e Académica) e com excelentes jogos, sobretudo no campo da Moita.
Mas as realidades eram muito diferentes. O Futebol e o Rugby são compreensivelmente diferentes. E as sucessivas direcções, duma ou de outra forma, tentaram e lá iam conseguindo a coabitação.
Mas a malta do rugby queria novamente a independência. Só precisava de um campo próprio.
E foi nesse sentido que, numa reunião com o Presidente da Câmara e da Junta de Freguesia, foi iniciado o projecto do campo relvado para o rugby da Moita. Está bem que demorou cerca de 10 anos, mas chegou.
Dos balneários apenas o projecto. Uns tijolos ao alto e um vigamento, que não avançava. Mas a malta do rugby fez avançá-lo. Gastaram muito dinheiro e muitas energias, mas acabou-se e finalmente podiam jogar com boas condições.
E aí decidiu-se formar novamente um clube independente de rugby.
Com uma filosofia mais alargada, baptizáram-no com o nome de Moita-Rugby Clube da Bairrada, para representar não só uma aldeia mas um região inteira.
Depois, aproveitando a desactivação da escola primária mais antiga da Moita, fizeram o pedido à Câmara Municipal e através dum protocolo assinado, conseguiram a nova sede.
As obras foram por conta do clube (Gastaram novamente muito dinheiro que iam arranjando através de apoios, organização de eventos, cotização de sócios, receita de bar e donativos) mas com a ajuda da CMA e de alguns atletas que percebiam do oficio, acabaram os melhoramentos e hoje é um edifício remodelado e com muito boas condições, como se pode facilmente constatar. Nestes últimos anos e como as infraestruturas estavam acabadas, houve um investimento no aumento da dimensão do clube. Torná-lo mais organizado, com uma filosofia de responsabilidade na formação e dotado de recursos humanos mais habilitados. Investiu-se sobretudo nas pessoas.
Hoje têm um leque importante de técnicos credenciados que, a par da direcção, suportam a imagem de organização que o clube tem neste momento. São exemplo disso o aumento do nº de atletas jovens, a organização e participação de eventos de formação e a recente co-organização de um Campeonato de Europa de Sub-19 com excelentes referências das entidades responsáveis pela superior organização da malta do rugby da Moita, com a preciosa colaboração da Câmara Municipal de Anadia.
Inauguraram uma rotunda na aldeia com o símbolo da bola de rugby, perpetuando simbolicamente a importância da modalidade na Moita. E fizeram história porque, entre milhares de rotundas no país, esta será a única com um símbolo de rugby no centro.
Receberam há pouco tempo, no dia da cidade, a medalha de mérito desportivo, das mãos do Presidente da Câmara Municipal. Significativo para eles e motivo de orgulho para o clube. É o reconhecimento do que fizeram ao longo destes 40 anos.
fonte: http://mrcbairrada.blogspot.pt/p/historia.html
Sobre a cache:
Um clube com a história que o Moita Rugby Clube da Bairradas tem e, com os premios que tem conseguido alcançar nos ultimos anos, já merecia uma homenagem deste genero. A cache pretende dar a conhecer um pouco da historia do clube e levar os amantes do Geocaching a conhecer o campo onde tantas batalhas têm sido travadas.
Trata-se de um contairner de tamanho médio que permite a troca de objectos.
Não contem material de escrita, por isso levem material para registar a vossa visita.
Se forem em dia de jogo, sejam muito discretos ou então deixem a cache para outro dia.
Deixam tudo como encontraram.