A Ponte Velha do Marnel, localizada na freguesia de Lamas do Vouga, situada a 100 m da antiga Estrada Nacional n.º 1, permite a travessia do vale de Cabeço do Vouga. Encontra-se no traçado da extensa via romana que de Bracara Augusta se dirigia a Olisipo. Classificada como Imóvel de Interesse Público por Decreto n.º 40684, de 13 de Julho de 1956, terá sido reconstruída sobre uma obra de arte medieval (a ponte apresenta uma solução arquitectónica adaptada à amplitude e planura do largo vale). Arquitectonicamente, é constituída por cinco arcos, sendo os dois nos extremos de volta perfeita e os centrais em arco abatido.
A cronologia da implantação desta ponte levanta algumas questões, fazendo-se remontar a sua fundação ao período romano, pois seria neste o local onde a via romana, no troço que de Emínio (Coimbra) ia a Cale (Gaia/Porto), fazia travessia.
O antigo selo da Terra do Vouga, de 1310, apresenta como figura central uma ponte de cinco arcos, com pilares altos ao centro, devendo ser então o leito estreito e fundo. Em 1327 surge ainda referência à Ponte nova do Marnel. No entanto, é provável que a mesma date século XIII, como a do Vouga, dada a proximidade entre ambas, além de que, como aquela, possui também arcos siglados. Obras de reconstrução não se lhe conhecem, mas tudo leva a supor que no século XVI (1552), por ordem de D. João III, esta obra de arte tenha sofrido reconstrução, dados os estragos provocados pelas cheias anuais. O mesmo, eventualmente, terá ocorrido pelos inícios do século XVIII, quando o monarca João V mandou restaurar a Ponte do Vouga, após as cheias desastrosas de 1708. A Ponte Velha do Marnel consiste numa obra de arte em alvenaria de arenito, com um cavalete contracurvado, perfil em S, disposto sobre cinco arcos (dois de volta perfeita e três de arco abatido), suportados por talhamares. Alguns dos arcos contêm siglas das oficinas de pedreiro medievas. É de referir que no pegão mesial, sobre o primeiro e segundo arcos, foi erguido um nicho em honra de Nossa Senhora do Rosário, transladado posteriormente (no século XVIII), para um nicho-oratório na entrada norte da ponte.
Durante 2008 e 2009, e após décadas de abandono, a Câmara Municipal de Águeda promoveu uma intervenção de recuperação, reconstrução e valorização da Ponte do Marnel, devidamente acompanhada pelas autoridades competentes. As intervenções preconizadas mantiveram a traça original, tendo-se procedido à reconstrução de estruturas, algumas integralmente desmoronadas e que foram reconstruídas desde as fundações, bem como procedido à recuperação e limpeza das demais estruturas da Ponte.
Também a zona envolvente à Ponte foi alvo de intervenções de valorização: limpeza de vegetação da zona envolvente e acessos, recuperação e valorização de habitats junto ao Rio Marnel, iluminação da ponte, dotação do espaço com recipientes de recolha de resíduos, criação de condições de lazer na área, entre outras.
Não obstante, a Autarquia pretende desenvolver outras intervenções na área, que incidirão na continuação da manutenção da Ponte. Existe ainda o desafio de devolver ao pegão mesial, sobre o primeiro e segundo arco, o retábulo no nicho em honra de Nossa Senhora do Rosário, daqui transladado.
Fontes:
Notícias Ribeirinhas in “ADERAV distingue valorização da Ponte Medieval do Marnel – Águeda”, 12 Abril, 2011;
IGESPAR
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