Manuel Laranjeira nasceu em 1877 em São Martinho de Moselos, hoje Mozelos, no concelho de Santa Maria da Feira. Oriundo de uma família modesta, é graças à herança recebida de um tio brasileiro que Manuel Laranjeira prossegue estudos secundários. É desta época (1898) a publicação de Os Filósofos.
Autor de teatro, ficção, ensaios, conferências, poesia e estudos sobre política, filosofia, religião a sua actividade literária inicia-se cedo, ainda estudante, como cronista em várias publicações periódicas da época, de que se destacam a 'Revista Nova', 'A Arte' e 'O Norte'. Foi amigo e correspondente de várias figuras intelectuais de destaque, entre elas, Amadeo de Souza-Cardoso com quem comunga várias das suas ideias e o poeta e filósofo espanhol Miguel de Unamuno, amizades de que resta vasta correspondência literária, política e filosófica.
Formado em Medicina 1904, desenvolve intervenções de natureza social e política. É deste modo que o vemos agir politicamente, por exemplo, na Comissão de Propaganda do Centro Democrático de Espinho, e socialmente entrando em confronto, com polémicas crónicas na imprensa, com os ricos portugueses vindos do Brasil, ou com os doutores da Escola Médica do Porto, que criticou acerrimamente. Desta época são as suas conferências sobre biologia e o drama Às Feras (1905).
No entanto, ainda novo, sentindo os efeitos da doença (uma sífilis nervosa), desiludido com a inépcia dos políticos e com a falta de incentivos culturais no quotidiano nacional, foi sujeito a crises depressivas, oscilando a sua vida entre o prazer e uma profunda tristeza e tédio. Muitos destes sentimentos moldam o seu carácter reflectido nos seus escritos. Esta disposição acentua-se progressivamente, e as crises de depressão agravam-se.
No final da tarde do dia 22 de Fevereiro de 1912, estando já acamado, deprimido e desesperado com a doença, suicida-se com um tiro na cabeça.
Dotado de um saber enciclopédico e de uma vasta cultura literária e artística (conhecia pelo menos cinco línguas, o que lhe permitia ler no original os escritos que moldavam os espíritos do século XIX), Laranjeira possuía ainda um espírito mordaz e contundente, o que o levou a intervir na vida do nosso país assumindo-se como um espírito permanente insatisfeito com a pequenês da sociedade e da cultura que o rodeava. Tem, actualmente, em Espinho uma escola com o seu nome: Escola Secundária Dr. Manuel Laranjeira.
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