Linhares de Ansiães é uma povoação e freguesia do concelho de Carrazeda de Ansiães, donde dista cerca de 10 quilómetros, situada na margem direita do Rio Douro.
Rodeada de elevações como o Pico de Linhares ou Castelo, e o Monte Serra, o seu termo é muito grande e antigo, tendo sido Cabeça de Julgado e Cabeça da Comenda de S. Miguel de Linhares da Ordem de Cristo.
Tem anexas as típicas aldeias de Campelos e Carrapatosa. A estrada que lhe passa pelo meio segue de Parambos para o Douro, ligando a S. João da Pesqueira. Para este lado e ao longo do Douro chamam-lhe a "Ladeira", mas, a outra parte espraia-se para norte, ao cimo da encosta do planalto sobranceiro e, aqui, é designada por "Chá".
Vestígios do passado tem imensos, como as célebres pinturas rupestres do Cachão da Rapa ou Valeira, as sepulturas cavadas nas rochas, o sítio do Castelo, ou ainda os machados de pedra polida que por lá têm aparecido.
Linhares e Ansiães foram das primeiras terras do distrito de Bragança a terem foral dado por D. Fernando I, o Magno, de Castela (1055 - 1065).
Em 7 de Maio de 1862 é criada a Escola Primária Masculina de Linhares, enquanto que a feminina é em 4 de Outubro de 1901. Nessa altura teria os 382 fogos e 1135 habitantes. Em 1940 já tinha 1556 pessoas, mas é em 1950 que atinge o maior número com 1676.
A atividade quase única e básica é a agricultura, ainda muito tradicional, não dispensando o burro ou o macho. Produzem abundância das batatas, vinho, azeite, fruta, amêndoa, algumas espécies de frutas como a maçã, e tem muitas matas de pinheiros e de sobreiros.
Por ali se conserva o ferrador, o barbeiro, os lagares de azeite, embora estes sem atividade.
Torna-se contudo interessante visitar a parte da aldeia junto da Igreja Matriz, do século XVIII, que tem a Torre sineira lateral e duas frondosas árvores e uma Capelinha com a data de 1956, um pouco à frente num plano mais inferior e já fora do adro.
Naquela zona, parece-nos recuar no tempo, com as casas em cantaria, os patamares exteriores, a Capela de Santo António ao lado, e a casa que dizem ter sido a cadeia. A Rua de Santo António e o Largo da Acácia são também muito interessantes de percorrer. Mais à frente, a Casa dos Condes de Sampaio, autêntico palácio com portal cheio de rendilhados, largo, encimado por um imponente brasão. Ao lado, a Capela da Cruz.
Atravessando o Ribeiro pela Ponte com dois arcos redondos (a que chamam Ponte Romana), chegamos ao Largo do Pelourinho. Este tem uma coluna simples e lisa até ao cimo, com três degraus na base.
A Fonte do Porco (onde estava o porco em pedra), a Fonte do Carvalhal na encosta do Castelo e a Fonte Nova são antigas, com arco, e durante muitos anos deram de beber a muitas gerações, algumas das quais andam espalhadas pelos sete cantos do mundo.
Junto da Capela de S. João, cujo Largo chamam o Terreiro de S. João, jogavam a Malha e ao Ferro noutros tempos. Agora, juntam-se no Negrilho (Largo 28 de Maio) e conversam, jogam à sueca, e de quando em vez ainda à malha.
A montante do Bairro das Eiras está a Escola Primária, e, mais acima, no morro, o Campo de Futebol.
Linhares era servida pela estação de Caminhos-de-ferro de Alegria, lá junto ao rio Douro, bastante afastada, no fundo de uma íngreme encosta. Em 1998 estava abandonada, a casa da estação em começos de ruínas e já com alguns indícios de vandalismo, sendo quase nulos os comboios que ali param.
Mas foi através de Alegria que, nas décadas de 40, 50 e 60 principalmente, se subia a pé, ou a cavalo, e raramente doutro meio de transporte, que a estrada não dava para isso. Aquelas muito inclinadas encostas até à Carrapatosa ou Campelos, já na situação do início da parte planáltica de Linhares, faziam dar uma excelente preparação física aos utentes, ao mesmo tempo que os colocava à prova de resistência e capacidade físicas.
Carrapatosa é uma aldeia anexa de Linhares metida entre rochas e sobreiros, com cerca de 20 habitações e próximo dos trinta habitantes. Tem a Capela Santa Luzia à volta da qual cresceu a povoação. A Capela está bem arranjada, enquadrada no povoado, com um fontanário defronte, num pequeno largo que mal dá para um carro fazer inversão de marcha, depois de entrar e descer a rua principal da aldeia.
Apesar disso, ali vive boa gente, simpática e franca, que oferecem as suas casas típicas a quem os visite e entendam ser boa gente (claro está), dando a provar do seu presunto, do bom vinho, ou falando do azeite precioso e de alguma amêndoa, únicos rendimentos que vão tendo.
Ao chegar à Carrapatosa vindo da Barragem da Valeira ou da estação de Alegria, curva-se à direita num pequeno entroncamento com a estrada que vem de Linhares, e, a pouco mais de 1,5 quilómetros está a aldeia de Campelos, também anexa da freguesia de Linhares.
É uma povoação um pouco maior que a sua vizinha, com ruas mais direitas e não tão inclinadas. Tem um largo onde está a Capela de Santo Apolinário, um café e um Coreto para as festas. É ali que se juntam nos domingos e feriados, ou à noite depois dos trabalhos, não só para descansarem mas para conversarem sobre os assuntos que lhes dão mais interesse. Mais acima está outro café, com a avenida 25 de Abril a dar-lhe saída para Carrazeda via Linhares.
Em Campelos é o azeite, o vinho e a amêndoa que vai também dando maior incentivo económico para as suas gentes. Ainda têm Escola Primária com cerca de uma dezena de alunos, dos quais 2 são de Carrapatosa.
Arnal é anexa de Linhares. Aldeia aconchegada e abrigada pelo monte onde se situa o seu Santuário. É um aglomerado de habitações à volta de uma bonita e rústica Capela. Aqui há um Largo que lhe chamam Largo da Capela ou Dr. João Baptista Borges Monteiro, com um Coreto e um Fontanário. À entrada de Arnal há um nicho, um lavadouro a seguir, e uma fonte de parede.
As casas são bem típicas com escadas e patamares exteriores, bem como largas varandas.
Tem na agricultura a sua atividade básica de sustento e economia, tendo como benefício o ficar a um quilómetro da estrada que segue da Carrazeda para a estação de Foz Tua.
Linhares é uma povoação profundamente rural, bucólica na paisagem, bem transmontana na conservação patrimonial, é digna de uma visita, aliás como as suas anexas.