Camarate - Bairro Santiago
Durante a Idade Média, Camarate foi, e até ao Primeiro de Maio de 1511, parte integrante da vizinha freguesia de Sacavém. Surge, no entanto, bastantes vezes mencionada nos documentos, sabendo-se que era, a par de Sacavém, Unhos e Frielas, terra reguengueira. Fez parte do dote que Fernando I de Portugal concedeu a sua esposa, Leonor Teles de Menezes. Por essa altura, durante o governo de Agapito Colona como bispo de Lisboa, foi fundada a primitiva Igreja Matriz, entretanto reconstruída e ampliada.
Por altura da crise de 1383-1385, uma quinta aí situada, pertença do judeu David Negro, almoxarife das alfândegas reais no reinado de D. Fernando, foi confiscada e entregue prontamente a Nuno Álvares Pereira, que aí passou alguns anos com sua mãe, antes de professar no Convento do Carmo. Nessa quinta fundou o Condestável uma capela consagrada a Nossa Senhora do Socorro, a qual viria a doar aos Carmelitas, que aí fundaram um convento, extinto em 1834. Por via de Nuno Álvares Pereira, Camarate viria a ser integrada, mais tarde ainda, com muitas terras vizinhas, no património da Casa de Bragança.
A freguesia de Camarate foi enfim criada por um foral (uma carta de privilégios concedida pelos antigos monarcas de Portugal) de D. Manuel I, datado de 1 de Maio de 1511, sendo separada administrativamente da freguesia de Sacavém.
A partir do século XVI tornou-se um local muito concorrido pela nobreza lisboeta, sendo afamada pela sua produção vinícola (da casta camarate, que talvez tenha dado o nome à vila), característica das quintas que fizeram parte do quotidiano desta freguesia até meados do século XX.
Foi parte integrante do Termo de Lisboa (até 1852), depois do concelho de Santa Maria dos Olivais (entre 1852 e 1886). Posteriormente voltou a transitar para o concelho de Lisboa (entre 1886 e 1895) e, por fim em 1895, foi integrada no concelho de Loures, onde permanece até hoje. Em 4 de Junho de 1996 foi elevada a vila por decreto da Assembleia da República.
Desde meados do século XX, com o desenvolvimento industrial acelerado e subsequente terciarização, a freguesia tornou-se essencialmente um dormitório da capital.