Numa época em que o vinho se vendia maioritariamente a granel (em tonéis principalmente), José Fonseca decidiu inovar e introduzir no comércio vinícola a venda em garrafas. Garantia assim, a sua genuídade e qualidade.
Como resultado, para além do aumento das vendas e da expansão das exportações, veio o reconhecimento da modernidade, asseio e eficiência «das instalações vinárias do senhor Fonseca», pelos especialistas e pela opinião pública. De tal forma que, em 1857, o Rei D. Pedro V lhe confere a Ordem de Torre e Espada de Valor Lealdade e Mérito.
O sucesso da estratégia foi grande, as vendas dispararam e surgiram novas castas, dando origem a marcas específicas como Moscatel de Setúbal (1849), Piriquita (1850), entre outros.
O moscatel embarcado em barris era uma excepção na casa, mas foi assim que surgiu o Torna Viagem. É interessante saber que os capitães dos navios, levavam os barris a bordo com dupla finalidade, era mercadoria para venda e servia também como lastro.
Interior dos armazéns e engarrafamento
Os comandantes dos navios que faziam viagens de longo curso até ao Brasil e Oriente, nem sempre conseguiam comercializar todos os tonéis, e por isso, regressavam a Portugal, sendo devolvidos ao produtor.
Quando isto sucedeu, e ao ser provado, verificava-se que o vinho moscatel estava com o sabor aprimorado. A passagem pelos trópicos e e a dupla travessia do Equador, amaciavam e melhoravam a qualidade do vinho.
O vinho não só aguentava a longa e quente viagem sem se estragar, como ainda apresentava qualidades melhoradas na viagem de retorno. Por essa razão esses vinhos eram conhecidos tradicionalmente como “vinhos de torna-viagem” e assim surge o Moscatel Torna Viagem.