Bento de Jesus Caraça nasceu a 18 de Abril de 1901 em Vila Viçosa. É no Redondo que passa a infância.
Bento de Jesus Caraça fez o ensino primário em Vila Viçosa, prosseguindo os seus estudos no Liceu de Sá da Bandeira, em Santarém. Partiu para Lisboa com 13 anos para estudar no muito afamado Liceu Pedro Nunes, onde concluiu com distinção o ensino secundário em 1918.
Neste mesmo ano matriculou-se no Instituto Superior de Comércio, hoje Instituto Superior de Economia e Gestão, e um ano depois é nomeado 2º assistente pelo professor Mira Fernandes. Bento de Jesus Caraça afirmou-se como professor. Rigoroso e exigente, conquistou os alunos que chegaram a vir de outras escolas assistir às suas aulas em salas cada vez mais pequenas para tantos discentes.
A sua actividade não se restringiu à prática lectiva. Foi membro do Núcleo de Matemática, Física e Química, criou o Centro de Estudos de Matemáticas Aplicadas à Economia, fundou a Gazeta da Matemática e foi presidente da Direcção da Sociedade Portuguesa de Matemática. Finalmente, em 1941 publicou a sua obra mais emblemática “Os Conceitos Fundamentais da Matemática”, cuja versão integral foi publicada apenas em 1951.
A Cultura foi uma das outras grandes paixões de Bento de Jesus Caraça, a cultura que deveria ser adquirida por todos para que se conquistasse a liberdade. Na Universidade Popular, de que também fez parte profere a famosíssima conferência “A Cultura Integral do Indivíduo – Problema Central do Nosso tempo”.
Defensor da liberdade que definitivamente não existia, Bento de Jesus Caraça foi também um interessado pela “questão feminina” e sempre incentivou a intervenção das mulheres na sociedade. Quando em 1943, onze raparigas se matricularam no ISCEF e uma vez que o sistema de coeducação era proibido pelo regime, apoiou a criação de um núcleo cultural por elas formado. Nunca faltou a uma palestra e jamais as abandonou sem trocar impressões com as oradoras.
Sempre consciente do mundo que o rodeava, empenhou-se juntamente com outros intelectuais portugueses, nas lutas pela liberdade e pela paz. Apoiou várias organizações clandestinas numa época de privações, crises internas e descontentamento latente.O protagonismo político de Bento de Jesus Caraça ganha evidência com a sua participação no Movimento de Unidade Democrática (MUD). O MUD que contou com uma enorme adesão popular reclamava “liberdade de reunião, de associação, de imprensa” e “garantia de seriedade no acto eleitoral”.
O Governo de Salazar instaura-lhe um processo disciplinar que o afasta de vez do ensino e traz inúmeras dificuldades económicas à sua família. Dá explicações em casa e não pára de estudar e escrever. A sua saúde debilita-se cada vez mais e as crises cardíacas surgem com alguma frequência. A espantosa avidez de conhecer e dar a conhecer permite que Bento de Jesus, apesar de doente, continue a escrever incessantemente e a participar na vida política e científica portuguesa. Vai ao estrangeiro como delegado da Sociedade Portuguesa de Matemática que fundara com outros companheiros matemáticos. Primavera de 48. Bento de Jesus procura reagir à doença que se agrava, mas não pode continuar, cai à cama. No dia 25 de Junho à tarde morre Bento de Jesus Caraça.