A história da Santa Eufémia
Eufémia nasceu por volta do ano 288, na cidade de Calcedónia, na actual Turquia, era filha do senador Filofrónio e da sua esposa Teodora, desde muito jovem se impôs nos ambientes da sua terra pela beleza, modéstia e sensatez, tendo sido educada desde criança na fé cristã. Viveu no tempo do Imperador Romano Diocleciano (284-305), que moveu talvez a maior perseguição contra os cristãos na Igreja primitiva.
Assim a jovem Eufémia, vendo como os cristãos eram cruelmente perseguidos e torturados decidiu apresentar-se perante Prisco, o juiz da sua cidade, comunicando-lhe que também acreditava em Cristo e que era baptizada. Não foi por acaso que Eufémia escolheu apresentar-se a este magistrado, escolheu-o porque era sabido de todos que Prisco era muito cruel.
E nas mãos deste juiz sofre os mais cruéis tormentos, nunca negando a sua fé em Cristo e guardando a sua virgindade apesar das várias tentativas que sofreu para ser violada.
Não conseguindo possuir a jovem, apesar das torturas a que a submeteu, nem move-la a negar a sua fé, cheio de vergonha e de ódio por se sentir vencido por uma tão doce donzela, o juiz Prisco manda-a por fim lançar num fosso onde viviam leões. No entanto, quando Eufémia foi atirada para o fosso, os leões aproximaram-se dela mansamente estendendo e entrelaçando as suas caudas para formar uma espécie de trono para que a virgem ficasse nele comodamente sentada.
Prisco que espreitava lá de cima do alto do fosso, ao ver isto ficou estupefacto, até que o carrasco da prefeitura, ao ver o juiz doido de raiva, pegou na espada esticou o braço e, com a ponta da arma atravessou o coração de Eufémia que assim se tornou finalmente numa mártir no dia 16 de Setembro do ano de 303.
Ao corpo da mártir, os cristãos da cidade de Calcedónia recolheram-no e deram-lhe sepultura, num local onde mais tarde lhe construíram uma igreja.
O culto à virgem mártir santa Eufémia estendeu-se rapidamente, por toda a cristandade, sendo na igreja onde o seu corpo estava sepultado em Calcedónia, que se realizou o IV Concílio Ecuménico de 8 de Outubro a 1 de Novembro do ano de 451. Este Concilio que decorreu durante o papado de São Leão Magno condenou a doutrina do monofisismo e proclamou a grandeza de Cristo como verdadeiro Deus e verdadeiro homem, confirmando as duas naturezas; humana e divina numa única pessoa do Verbo.
A doutrina do monofisismo, que surgiu no seio da igreja de Antioquia foi elaborada pelo monge Eutiques, e afirmava a união quase completa das duas naturezas em Cristo, praticamente negando o carácter humano do Filho e, portanto, vendo-o como uma só natureza, a divina.
Duramente o Concílio, após longos debates não se chegou a nenhum consenso, até que o santo Patriarca de Constantinopla, Anatólio, propôs, que se recorresse à intercessão da virgem mártir, cujas relíquias ali estavam. Cada grupo escreveu sua confissão de fé e, aberto o túmulo de Santa Eufémia, depositaram-nas sobre os restos mortais da santa, que foi lacrado e guardado por ordem do imperador Marciano, e durante três dias todos se dedicaram à oração e ao jejum.
Findo esse período de tempo o túmulo foi reaberto na presença do Patriarca e do Imperador e de membros do seu Conselho, e encontraram o texto com a profissão de fé ortodoxa (das duas naturezas) dos Padres do Concílio na mão direita de santa Eufémia, e o outro texto (que sustentava a heresia monofisita) estava aos seus pés. Após este milagre foi afirmada a dupla natureza de Cristo, e os que permaneceram na heresia monofisita foram excomungados.
Por isso é que muitas vezes, a figura da mártir santa Eufémia é apresentada com um livro na mão, representando o livro da verdadeira fé. Lenda ou não, a verdade é que o livro aparece quase sempre na sua efígie.
No ano de 620, quando a cidade de Calcedónia foi invadida e conquistada pelos Persas, os cristãos com medo de perderem o seu corpo, mudaram-no para a cidade de Constantinopla, tendo sido depositado numa Igreja mandada construir pelo Imperador Constantino, em sua honra.
No ano 800, com a tomada do poder de Constantinopla pelo Imperador Nicéforo, que era contra símbolos religiosos, os cristãos ficaram com medo que ele removesse o corpo de santa Eufémia e voltaram a fazer nova mudança do seu corpo para um lugar incerto.
Conta uma lenda, que numa noite de violenta tempestade o sarcófago de santa Eufémia, que era feito de mármore desapareceu da cidade. Possivelmente, pescadores cristãos carregaram-no nos seus barcos, com a esperança de a transportar para um lugar seguro.
Em Julho, do ano 800, um grupo de pessoas da cidade de Rovinj, nas costas do mar Adriático na actual Croácia, viram dar à costa, ondulando gentilmente nas águas, um sarcófago. Os sinos foram repicados e uma multidão de pessoas juntou-se na praia, para o tentar retirar da água, mas os seus esforços foram todos inúteis, até que apareceu uma criança com dois fracos bezerros e que para espanto de todos conseguiu remover o pesado sarcófago da água levando-o para a igreja local da cidade.
Quando o sarcófago foi aberto, viram o corpo de uma moça muito bonita e que vestia um luxuoso vestido e junto dela, estava um pergaminho que dizia HOC EST CORPUS EUFEMIAE SANCTAE… (este é o corpo de Santa Eufémia, virgem mártir da Calcedónia, filha de um nobre senador, nascida para o céu em 16 de Setembro do ano 303 D.C….).
O seu corpo continua hoje intacto e preservado e está à veneração dos fiéis na cadetral da cidade de Rovinj, a qual atrai anualmente milhares de peregrinos e turistas que junto dela vêm pedir-lhe graças e agradecer-lhe as já conseguidas.
A virgem mártir santa Eufémia é considerada protectora da pele, sendo invocada pelos cristãos como auxílio para as doenças dermatológicas, principalmente a dos cravos, embora a ela recorram com os mais diversos pedidos nas horas de aflição sendo por ela atendidos, especialmente doenças cancerosas e de queda de cabelo.
A capela:
A capela em homengem a Santa Eufémia foi inicialmente erigida no século XIII, sendo restaurada posteriormente, possivelmente no século XIX. dentro da capela encontram-se quatro pinturas raras do século XVII que retratam a vida de Jesus Cristo.
A Cache:
A cache contém logbook. Será necessário material de escrita.
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