Freguesia do noroeste do concelho, S. Veríssimo de Lagares é delimitada por Pombeiro de Ribavizela a norte, Torrados a sul, Penacova a ocidente e Margaride (Santa Eulália) a leste. Situa-se na margem esquerda do rio Vizela, Lagares regista uma antiguidade digna de referência. O próprio topónimo é elucidativo, já que o seu sentido arqueológico é óbvio. Refere-se a cavidades em forma de túmulos, utilizadas pelos povos pré-Romanos para sepultar o seus mortos. Essas cavidades, que decerto terão existido por aqui, fariam parte de um grande povoado pré-histórico, posteriormente romanizado, notável por muitos achados arqueológicos. A maior parte deles está hoje conservada no Museu Martins Sarmento, em Guimarães. Já no período germânico, o Senhor dos Perdidos foi um dos lugares sacralizados pelos suevos, convertidos recentemente ao catolicismo. Uma acção profunda e definitiva, porque nasceu aí a sociedade medieval portuguesa, embora a invasão muçulmana tenha interrompido, mais a sul do que a norte, todo este processo. Não se sabe desde quando a justiça da Terra de Sousa foi administrada no actual concelho de Felgueiras, mas a existência de vários documentos coevos demonstra uma antiguidade digna de realçar. Um documento datado do ano de 999, por exemplo, revela-nos que, nesse ano, funcionou no lugar de Gosende (topónimo germânico) uma Assembleia dos Homens-Bons. Lagares pertencia então ao «mandamento» de Pombeiro. Nessa reunião, estiveram presentes vários juízes e o filho da grande proprietária Mumadona, o conde D. Mem Gonçalves. Esse Concillium, a primeira Assembleia Municipal de que há notícia na região, iria repetir-se em 1050 e em 1071. De resto, grande parte da história da freguesia, na Idade Média, está ligada ao Mosteiro de Pombeiro. Num documento dos inícios do século XII (10 de Fevereiro de 1102), aparece uma referência a uma «quintanaa de São Veríssimo de Sousa», que em princípio pertenceria ao actual território da freguesia. Essa quintana era uma daquelas com que D. Gomes Eichiguíz dotou o Mosteiro, entre muitas outras que esse documento também refere. A paróquia de Lagares foi uma reitoria da apresentação do Conde de Pombeiro e uma comenda da Ordem de Cristo. Em termos administrativos, pertenceu sempre às terras de Felgueiras, mas em termos judiciais, passou pelas comarcas de Amarante e de Lousada antes de se fixar – 1878 – na de Felgueiras. Como património edificado, temos a Igreja Matriz - pequeno templo com sineira adossada ao lado esquerdo da frontaria, e à qual se chega por escadaria em pedra. Apesar de muito industrializada, a freguesia de Lagares é ainda um meio fortemente ruralizado. Os sectores do calçado e da metalomecânica são os maiores empregadores da sua população activa.
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