Templo rural manuelino que preserva, ainda hoje, marcas do predomínio do estilo gótico, como é o exemplo do portal principal e da janela de iluminação do coro alto (ambos em arco quebrado desprovido de decoração).
O interior da discreta igreja de S. Domingos, esconde-se hoje um dos mais belos e completos painéis de talha do concelho, exemplar daqueles que foram realizados na segunda metade do século XVIII, ao espírito da exagerada arte rococó. O destaque vai para as inúmeras imagens dos séculos XVII e XVIII, a pia manuelina de água benta, os altares laterais do período setecentista, os relevos rococós da caixa de madeira do púlpito e o interessante retábulo da capela-mor.
A última fiada do painel revelou-se a parte mais imponente e movimentada de toda a composição, visto que a decoração do seu ático deu lugar a um ritmo assimétrico e alucinante, com que à manipulação das formas da natureza, ao qual a nossa visão não consegue ficar alheia. Assim, e de forma muito rápida, às cartelas retortas de concheados, às representações de algas marinhas afirmaram-se floridas grinaldas, às sobrecarregadas consolas depararam-se asas de morcego, à cartela principal, qual molusco marinho, sobrepuseram-se os ritmos dos cadilhos da sanefa colocada em majestade.
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