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No alto das Escombreiras * Cabeço do Pião Traditional Geocache

Hidden : 4/20/2013
Difficulty:
1.5 out of 5
Terrain:
4 out of 5

Size: Size:   small (small)

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Geocache Description:

No alto das Escombreiras * Cabeço do Pião


Em cabeço do Pião existe um complexo mineiro onde se fazia a lavagem das areias retiradas das Minas da Panasqueira á procura de minérios que teriam ficado por estre as areias.

 

A escombreira do Cabeço do Pião, na freguesia de Silvares – Fundão, foi construída logo no início da actividade mineira extractiva, no complexo mineiro da Panasqueira, em 1927. As primeiras áreas exploradas foram o Vale das Freiras, Vale da Ermida e Panasqueira sendo construídas escombreiras entre 1890 até 1927. Desde 1996 que aqui deixaram de ser depositados estéreis da preparação de minérios. A sua proximidade ao rio Zêzere sempre constituiu um desafio em relação à gestão ambiental na região devido às suas dimensões e importância histórica na exploração mineira Portuguesa.

 

Cabeço do Pião
 
 

 

 

Do topo, no sítio chamado Guincho, surge a inclinação das areias das escombreiras para o tanco de lamas, no Cabeço do Pião. O pinhal, o rio Zêzere e a Barroca do Zêzere, em plano de fundo.

 

At the top of a hill called Guincho, we can see the inclination of the deposit sands from the Wolfram/Tungsten mines, down to the sludge container field, in Cabeço do Pião, an old mine place, in Silvares. Ahead, the pine tree forest, the Zêzere river and Barroca do Zêzere small village.
 

 

 
Escombreiras
 

Um conto da nossa terra

 
☺ Conto de adormecer
 
“Ao menino e ao borracho põe sempre Deus a mão por baixo”…
 
Esta, a história verídica de um menino que, a não ter a mão divina a ampará-lo no momento preciso, talvez hoje não pudesse narrá-la na primeira pessoa com todo o rigor do pormenor, como narrou, porém sem grandes laivos de dramatismo. 
Há sessenta anos, os garotos não requeriam a vigilância paterna quase obsessiva de agora nas suas exteriorizações lúdicas que envolviam todo um diversificado rol de brincadeiras. Tudo era diferente porque tudo era mais puro e tranquilo. O afastamento de casa a que obrigavam o futebol com bolas que a paciência materna urdia de farrapos e meias de vidro, e o jogo secreto das escondidas, não constituía grandes preocupações e temores para quem contraía a suprema responsabilidade da progenitura. Um dia, porém, tudo correu de forma diferente, com contornos latentes de dramaticidade. Era um fim de tarde de verão. A criança que havia momentos integrava um pequeno grupo de diabretes, de rompante posto em debandada como nuvem de andorinhas que subitamente desaparece do nosso campo visual, viu-se só e, em lugar de regressar para junto da mãe, a dois passos dali, iniciou uma caminhada em direcção a casa da avó (os avós exerceram sempre nos netos enigmático fascínio de secretismos e cumplicidades…). A ingenuidade dos seus quatro anitos impediu-o, porém, da noção da lonjura, e São Martinho, concelho da Covilhã, ficava a largos quilómetros da Panasqueira. Quis aqui o destino que o instinto, essa faculdade fantástica e indecifrável da mente humana o levasse a caminhar sempre pela estrada, e isso lhe terá definitivamente preservado a vida. Se o discernimento ainda em embrião lhe conferisse já raciocínio, decerto que optaria por encurtar caminho, como faziam os mineiros que, a pé, regressavam às suas terras, todos os dias, vestidos de lama por fora e barrados de pó por dentro, após mais um turno de suor e angústias, calcando o mato áspero e a carqueja crespa da serrania. Então, aí, talvez que tudo tivesse culminado na tragédia que todos passariam a carregar, colada às suas vidas, como cão danado que fila a presa impiedosamente até à asfixia. Mas a sua determinação era tão vincada que, a dado momento, prestes a ser surpreendido na aventura, se atirou para a valeta da estrada ao aperceber-se da aproximação da camioneta dos empregados de escritório que regressavam a casa no final de mais um dia de trabalho. E seu pai viajava nela. E ele bem o sabia… O sol escondera-se já e, com os pródromos da noite, o azul do céu progredia para tonalidades plúmbeas, anunciadoras do desabar da escuridão. Mas nada pesava ainda na consciência do garoto que, apostado na conquista de S. Martinho, prosseguia a sua marcha, decidido e confiante. O lusco-fusco, entretanto, estendia já sombras intimidativas por toda a serra tomando progressivamente o pequeno caminhante de sensações estranhas, onde o desconforto de estar só o ia acordando para a realidade possível. Cada pinheiro ia ganhando formas de fantasma perfilado, oscilante e ameaçador, embalado pela brisa morna que a tarde deixara. Toda a massa telúrica se despedira já dos seus verdes e vestia agora um manto cinzento azulado lutuoso e inquietante. A Lua emergiu no horizonte e colara-se ao firmamento, mas era como se não estivesse lá. Na avareza do seu quarto minguante, nada iluminava e a ninguém protegia. Vivalma! Nenhum automóvel, nenhuma camioneta que, ao passar, pudesse suavizar a inquietação do isolamento. Como, se o trânsito rodoviário era, por esse tempo, tão escasso e espaçado?! Só o piar de um mocho, por perto, lúgubre e quase funéreo, era o único indício de vida numa natureza silenciada pelo dia moribundo que definhava. Paralisado pelo medo que lhe encurtara o limite da resistência física, o menino – esses dois palmos de gente que lhe conferiam os quatro anitos da sua existência embrionária – experimentou, então, pela primeira vez, a sensação demolidora do pânico. E como a torrente do ribeiro que vence abruptamente os escolhos amontoados, a criança rebentou num choro convulsivo que o acorrentou ao macadame poeirento que a modernidade dos anos cinquenta em breve iria cobrir de asfalto. “Para onde é que o menino vai?” O garoto estremeceu. Suspendeu a respiração e… Santo Deus! Era, junto a si, a voz de alguém que o nevoeiro denso das lágrimas impediu de ver aproximar, surgido da curva da estrada, onde um castanheiro secular embalava, dolente, ouriços prestes a parir. “Vou ter com a minha avó…” – articulou entre soluços. O mineiro, que o sobrolho carregado tornava mais velho, fixou o petiz e não demorou a entender tudo. Sem desviar o olhar daquele rostozinho aflito, ajeitou o capacete, encaixou a alça do gasómetro no ombro ainda dorido do martelo, montou a criança nas costas e seguiram ambos em silêncio, um silêncio espesso marcado apenas pelo ranger das botas enlameadas na sarrisca, rumo à Panasqueira, de onde o menino em hora má decidira partir. Largos minutos passados, o homem a quem a maldição da sua sorte designara uma vida triste e abreviada devolvia o ZEQUINHA aos pais que havia horas o procuravam por entre um esquadrão de gente a soçobrar de desânimo, descrente já no milagre do reencontro. Esse homem que, como a toupeira aprendeu a ver o dia na escuridão das galerias, autómato da picareta e da pólvora a funcionar barato, ele a quem por sorte coube uma existência com horizontes de miséria a rimar com futuros de coisa nenhuma, escondia altruísmos e generosidades que a rudeza tornava ainda mais nobres. 
Obrigado, Tonho de Cebola, pelo recado sublime que deixaste.
Ignorado foi. Esquecido, também. Não importa. As atitudes mais edificantes de que o ser humano é capaz jamais requereram ovações fúteis e efémeras… O teu recado redobrou de grandeza se tiveres em conta a insignificância aparente da tua vida sem rumo que a desgraça elefantizou e a sociedade espezinha, estratificada há séculos na desigualdade que fere e humilha.
Quantas vezes te não apeteceu, diz, pedir desculpa ao mundo pelo Zé-ninguém analfabeto e desafortunado que o destino fez de ti?!
Esta história navegou muitos anos o imaginário da infância de quem escreveu este texto, como conto de adormecer que o pai desfiou vezes sem conta arquitectando respostas engenhosas para perguntas a fervilharem de interrogações aflitivas.
«Pai, conta-me outra vez a HISTÓRIA do ZEQUINHA!». E o menino, vencido pelo sono povoado de inquietações e quimeras, adormecia…
Fernando Serra
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Additional Hints (Decrypt)

Ab cbagb znvf nygb.

Decryption Key

A|B|C|D|E|F|G|H|I|J|K|L|M
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N|O|P|Q|R|S|T|U|V|W|X|Y|Z

(letter above equals below, and vice versa)