História de Tavarede
O povoamento
do território desta Freguesia fez-se antes do séc. XII.
Não longe ficava o notável castelo medieval de Santa Eulália (ou
Santa Ovaia), que assentava sobre um fortíssimo castro da Idade do
Ferro. A este castelo, ainda no séc. XII para o XIII, se chamava
“civitas”, da qual foi domínio, sem dúvida, toda esta
zona litoral onde se compreende Tavarede.
Em todo o caso, a população não existiu aqui sem interrupções, como
leva a supor o estado local da actual Cidade da Figueira da Foz, na
segunda metade do séc. XI, local esse que então parece ser um
“logo” ou apêndice da própria “villa”
alti-medieva de Tavarede.
O despovoamento, evidentemente, deve-se à acção dos mouros, visto
que se deu no local da actual Figueira, tão junto de Tavarede, como
se sabe de afirmações documentais sobre ruína, por eles provocada,
da Igreja de S. Julião da Foz do Mondego, e, depois, confiada, para
restauração e repovoamento ao Abade Pedro, que viera da terra dos
sarracenos e que era um moçárabe, como o conde D. Sisnando.
Se o abade Pedro, como ele mesmo diz, estendeu a sua acção de
presúria e povoação ao sul do rio, até à actual Lavos, não
surpreenderia que igualmente fizesse para o norte do
“logo” da Igreja de S. Julião, isto é, em Tavarede, por
ser muito perto.
Em 1092 D. Elvira e o seu marido, o governador do território de
Coimbra, D. Martim Moniz, fazem doação “ de loco sancti
Martini in villa Tavaredi” ao prócer D. João Gosendes,
opulento senhor que era especialmente herdado na Beira Alta (actual
Concelho de S. Pedro do Sul). Dos limites consignados no diploma
vê-se que a doação abrangia pelo menos a actual Freguesia de
Tavarede, com sua Igreja:”ao
Oriente a Villa Várzea, que limita com Tavarede pela pena de
Azambujeiro, e daí chega ao sovereiro curvo seguindo na direcção da
mamoa; ao ocidente, a Villa Alamede; ao sul, é o local das salinas
junto ao rio Mondego; ao norte a Villa de Quiaios”.
Em 1406, D. Marinha Afonso, com o consentimento de seu marido, fez
doação ao Mosteiro de Seiça dos seus bens móveis e de raiz em
Tavarede e outros lugares, para ser “familiaira” do
convento, ser participe das orações e boas obras deste e ser
sepultada, se o viesse a requerer, no mosteiro.
Desde muito cedo foi Tavarede um couto e Concelho, a que D. Manuel
I deu foral, em Lisboa, em 9 de Maio de 1516.
Por essa altura foi fundada por António Fernandes de Quadros
a “Casa de Tavarede”, que seria titulada pela família
Quadros até ao terceiro conde de Tavarede, extinguindo-se o título
com o falecimento deste último em 1903.
No séc. XVIII havia aqui três ermidas do senhor do Areeiro, do
senhor da Chã e de Santo Aleixo (esta, da Universidade), todas bem
dotadas de rendas, por doações, mas das quais só havia ruínas nos
fins do séc. passado, bem como do mosteiro de monjas Franciscanas
de Santo António, de Nossa Senhora da Esperança, fundado em 1527,
com protecção de D. João III.
O concelho de Tavarede acabou em 1834, extinto pelo Liberalismo. Já
desde o decreto pombalino de 12 de Março de 1771, que criara a
Comarca da Figueira da Foz, pertencia a esta, contrariamente ao
privilégio antigo do couto.
A “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira”
registava para a freguesia de Tavarede os seguintes lugares:
Azenhas, Caceira de Baixo, Carritos, Casal da Areia, Casal da
Quinta e Casal da Robala, Chã, Condados, Esperança, Ferrugenta,
Matioa, Peso, Saltadouro, Senhor da Areeira, Tavarede e
Várzea.
A freguesia de Tavarede dista três quilómetros da Foz do Mondego e
juntamente com São Julião, Buarcos, Vila Verde e São Pedro, está
incluída na área urbana do concelho da Figueira da Foz.
Tavarede é também conhecida pela “Terra do Limonete”,
termo originado numa lenda que tem como protagonistas uma moura
encantada e um cavaleiro cristão.
A cache :
Mostra uma das Quintas mais conhecidas da Freguesia (diria, do
conselho da Figueira da Foz).