Algés, como
muitas toponímias portuguesas, é um nome de origem árabe, derivando
da palavra 'algeis'.
Com mais de oito séculos no vocabulário
luso, foi D. Afonso Henriques quem usou primeiro o seu actual nome
ao fazer constar, nos documentos do novo reino de Portugal, a
expressão Reguengo de Algés para identificar a parte que vai de
Alcântara ao Jamor.
A primeira sede de freguesia a que
pertenceu Algés foi a de Nossa Senhora dos Mártires (ao Chiado),
igreja nessa época situada fora das muralhas e a segunda, depois da
Sé, freguesia cristã. Muitos anos depois a freguesia mudou a sua
sede para a Ermida de Santa Catarina, erguida no alto de Ribamar, e
mais tarde, no século XVI, para São Romão, em
Carnaxide.
Ainda no século XVI, mais ou menos por
volta do ano de 1559, inicia-se o desenvolvimento do litoral do
reguengo para o que muito contribuiu a doação dos terrenos, pelo
fidalgo D. Francisco de Gusmão, aos Frades Arrábicos (Franciscanos
da Serra da Arrábida) que não só desenvolveram a agricultura, as
vias de comunicação e a vida religiosa, como ergueram, entre
outros, o Convento de S. José de Ribamar.
No ano de 1605 segundo inscrição em
latim que ostenta, foi erguido algures na zona de Algés um Cruzeiro
de mármore, por ventura com o objectivo de servir de marco às
embarcações para ficarem de quarentena como medida de protecção a
Lisboa contra a peste trazida de outros locais. Deslocado do seu
primitivo lugar, conforme outra inscrição ('Mudou-se em 1727'),
este Cruzeiro encontra-se hoje colocado junto ao Palácio de Ribamar
e constitui uma das principais referências históricas de Algés,
tendo sido, mesmo, incluído no Brazão da
Freguesia.
Em 1728 numa propriedade, que descia a
encosta de Ribamar, mandou o Conde de Vimioso construir o Palácio
de Ribamar para residência familiar e centro de uma pequena Corte.
Foi ainda neste período áureo que um devoto, Luís Tomé, mandou
construir em meados do séc. XVIII, em Algés de Cima, a Capela de Nª
Srª do Cabo, que ainda hoje existe, constituída por uma só nave,
com coro e onde se destaca o altar com a imagem de Nª Srª do
Cabo.
Contudo, por volta do século XVIII e
princípios do século XIX todo este belo cenário se degradou devido
ao desvio das águas e ao confisco dos bens das ordens religiosas em
proveito da fazenda pública o que motivou a saída dos frades tendo
o Convento e as suas terras sido vendidas em
1837.
Depois de diversos proprietários, o
Conde de Cabral, em 1872, comprou tudo o que restava e fez a
muralha e a bela construção dum palacete de airosas linhas, que
ficou a chamar-se o Palácio Foz, que ainda hoje se pode contemplar
na dianteira da encosta de Ribamar.
No fim do século XIX foi edificado por
Policarpo Anjos, para sua residência particular, nuns terrenos
comprados aos senhores Condes de Cabral o Palácio Anjos,
recentemente objecto de obras de reabilitação, manteve o seu
carácter histórico, tornando-se num novo espaço de cultura, tendo
dado lugar ao Centro de Arte Manuel de Brito, materializada na sua
colecção particular, prevendo-se ainda desenvolver exposições
temporárias e a promoção de actividades de natureza
transdisciplinar no contexto artístico
contemporâneo.
Veio depois a linha do caminho de ferro
(1889) e a do eléctrico (1901) e Algés passou a crescer rapidamente
deixando de ser uma aldeia saloia para se tomar num arrabalde em
franco crescimento. No entanto, só em 1991 Algés é elevada a Vila e
em 1993 a Freguesia do concelho de Oeiras, sendo hoje, como diz
Levy N. Gomes, no seu livro 'Algés ao longo dos tempos', '...uma
das Vilas do Município que reúne melhores condições para se
afirmar, cada vez mais, num dos pólos de desenvolvimento do
Concelho...'.
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