A Boga-portuguesa, nome científico Chondrostoma lusitanicu, é uma das duas únicas espécies de vertebrados endémicos nacionais, ou seja, apenas existem no nosso país. Mesmo no território nacional a sua distribuição é restrita, estando confinada à zona centro-oeste. Esta espécie foi pela primeira vez identificada em 1980 por Collares-Pereira e apesar de existirem vários e abundantes tipos de Bogas na Península Ibérica, como é o caso da Boga-dos-rios, a Boga-do-sudoeste ou a Boga-do-mar, entre outras, a Boga-portuguesa é relativamente rara e o seu estatuto de conservação é classificado como crítico.
As Bogas-portuguesas vivem cerca de 4 anos, atingindo na fase adulta até 13 cm. As características morfológicas desta espécie são o corpo alongado moderadamente achatado, com um perfil ligeiramente convexo na região anterior. A boca é arqueada inferior não apresentando barbilhos. É bem visível no dorso uma linha lateral completa. As barbatanas anal e dorsal são semelhantes e pequenas.
As populações de bogas-portuguesa têm sofrido nos últimos anos um acentuado decréscimo, causado pela fragmentação das populações, construção de açudes e barragens, poluição e introdução de espécies exóticas nas ribeiras. O facto desta espécie ter como habitat ribeiras de reduzido caudal, sujeitas a longos períodos de seca, durante a época estival, também contribui para a elevada mortalidade destes espécimes. A destruição da vegetação ribeirinha, associada a acções de limpeza dos cursos de água, contribui para a redução do ensombramento, provocando maiores taxas de evaporação, aumento do nível da temperatura, redução da oxigenação da água. A destruição da vegetação ribeirinha provoca ainda a redução dos locais de abrigo e alimentação dos peixes.
A Ribeira da Samarra é referenciada na literatura como um dos locais onde se verifica maior abundância desta espécie, e neste sentido o ICNB – Parque Natural de Sintra Cascais, tem desenvolvido trabalho de requalificação da ribeira, que passa pela melhoria da qualidade da água, interdição da extracção de inertes e recuperação da vegetação ribeirinha autóctone.
A divulgação desta espécie e do seu estatuto crítico de conservação contribui para alertar as populações para a importância da sua conservação. Esta cache contribui precisamente para isso, para que todos os geocachers fiquem a conhecer a Boga.
A Cache:
A cache encontra-se na zona de confluência da Ribeira da Samarra e da Ribeira de Bolelas, num local que foi intervencionado pelo ICNB, juntamente com os alunos da EB 23 de Colares. Nesta intervenção procedeu-se à remoção das canas, que são uma espécie invasora, com elevado consumo de água e que não contribuem para o ensombramento da água, e à repovoação com Salgueiros e Ulmeiros, espécies autóctones. Essa intervenção insere-se no projecto Biodiversidade Actuar Para Preservar, desenvolvido pela EB 23 de Colares e ICNB e que foi o vencedor distrital da 2ª edição do concurso Rock In Rio Escola Solar. Mais info.
O local onde a cache se encontra está acessível todo o ano mas é consideravelmente mais belo após as primeiras chuvadas, uma vez que no verão a ribeira seca.
Fontes:
http://portal.icnb.pt/NR/rdonlyres/400000AF-1FED-4949-90E0-46F6990571B0/0/Chondrostoma_lusitanicum.pdf
http://www.cartapiscicola.org/dgf/species.cfm?codspecies=clus