Skip to content

O Poema da Martinela Traditional Geocache

This cache has been archived.

pedro.carreira: Arquivada

More
Hidden : 7/8/2011
Difficulty:
2 out of 5
Terrain:
1.5 out of 5

Size: Size:   micro (micro)

Join now to view geocache location details. It's free!

Watch

How Geocaching Works

Please note Use of geocaching.com services is subject to the terms and conditions in our disclaimer.

Geocache Description:

Esta cache visa dar a conhecer a localidade da Martinela, em particular a sua Capela, e prestar homenagem a uma figura marcante da aldeia!

NO MOMENTO DO LOG, ANOTE O NÚMERO QUE ESTÁ NO INTERIOR DA TAMPA DO CONTAINER!

CAPELA:

A capela da Martinela data de 1563. A padroeira é Stª Luzia, imagem do século XVI de pedra policromada. No seu interior tem também as imagens de Nossa Senhora das Graças, Sagrado Coração de Jesus, S. José, Stº António e um belo S. Francisco, quer em altares de pedra colaterais, quer em mísulas.

FIGURA MARCANTE:

CELESTE DO ROSÁRIO BRITES SOARES PINTO nasceu na Martinela no dia 29 de Outubro de 1925, do matrimónio de José Pinto e Augusta Brites.

A sua querida mãe foi quem a criou. Tem o curso do Magistério Primário que, por falta de meios, só pôde concluir aos 38 anos. Quando terminou o curso, tinha quatro filhos pequenos, o mais novo nascido poucos dias antes do exame final.

Viuvou, pela primeira vez, aos 19 anos e, então, leu a Bíblia; depois, quando estudou, leu os Lusíadas.

Escreveu os livros "Recreios da Minha Alma", "Canção da Bíblia Volume I", "Canção da Bíblia Volume II" e o POEMA...

"SETENTA ANOS"

Há já setenta anos, mães queridas,
Nestas lindas aldeias do Arrabal,
Em humildes paninhos de enxoval
Nos deitavam, cantando enternecidas.

Em alcofas, mantinhos ou poceiras,
Vigiados por mães, avós e irmãos,
Dormimos nossos sonos, puros, sãos,
Muitas vezes á sombra das parreiras.

Entre orquestras de cabras e de ovelhas,
Cigarras, grilos, rãs, cães a ladrar,
Vimos o sol nascer e esbrasear,
A lua alumiar campos e telhas.

Brincámos com bugalhos e pedrinhas,
Com rodeiros de canas, com piões,
Com bexigas de porco, tais balões,
Com bonecas de trapos, pobrezinhas.

Com sacas de retalhos variados,
Levando dentro a lousa e um ponteiro
E o livro Maternal, nosso primeiro
Fomos, alguns, á escola apresentados.

Inesquecíveis dias lá passámos
Sentados sobre bancos pesadões,
A tentar aprender nossas lições,
Pois sempre a vara e a régua respeitámos.

Saímos a correr para o recreio,
Comemos a brincar, no intervalo,
Sardinha, queijo ou ovo, com regalo,
Num naco de broa aberto ao meio.

Fomos à catequese e decorámos
a doutrina sagrada do Senhor;
Comungámos de branco e com fervor,
Até horas da tarde, jejuámos.

Crescendo e trabalhando, árduamente,
Fomos chegando à nossa mocidade,
Crendo ser o trabalho e a lealdade
Que davam pão e paz à nossa gente.

Descalças na lagoa ou no ribeiro,
Lavámos nossa roupa e em vida avessa,
De cântaro no ombro ou na cabeça,
Fomos às fontes de águas num carreiro.

Pastoreámos gados nos baldios,
Fomos à lenha, às pinhas e à caruma,
E apanhámos as vides uma a uma,
Para cozer o pão, livrar dos frios.

Fugindo às quentes horas estivais,
Vimos a lua a ir-se em madrugadas
A ceifar trigo e aveia ou em sachadas
Dos bastos milheirais e feijoais.

Para dar água às hortas, em secura
Com o suor correndo, junto à gola,
Puxando um balde preso e uma varola,
Passámos longas horas de amargura.

Transportámos poceiros, por encostas,
Cheios de cachos de uvas vindimadas;
Cavámos fundo a terra em roteadas,
Pelas vinhas, curvámos nossas costas.

Ao frio, ao vento e às chuvas outonais,
Uns, varejando, forte, as oliveiras,
Outras, de mãos no chão, sempre ligeiras,
Colhemos a azeitona de ollivais.

Na falta de trabalho ou invernias
roçávamos talhões de matagais,
Para a cama das plantas e animais,
Gastando, com proveito, os tristes dias.

Carregámos com cochos de argamassa;
Sob uma falca a serra endireitámos;
Para aprender ofício, executámos
trabalho explorado e até de graça.

Nos tempos que durou a Grande Guerra,
Vimos o sol nascer nas padarias,
Pois não chegava o pão, naqueles dias,
E a fome sobejava em nossa terra.

Mas nem tudo era mau; também havia
Uma conformidade majestosa,
E uma serenidade graciosa,
Que aos olhos nos traziam alegria.

Éramos mais unidos, mais parentes,
Mais confiantes, mais respeitadores
Mais seguros na fé e nos amores
Mais humildes, mais francos, mais valentes.

Sem grande alteração, uns cinquenta anos,
Assim fomos vivendo e os nossos pais,
Até que as subversões nacionais
Mudaram os costumes e os enganos.

Hoje, foram-se os pais e a amiga gente,
Foi-se o esposo ou a esposa de algum de nós,
Foram-se à vida os filhos e já sós
Nos achamos, num mundo diferente.

Porém, uma certeza nos ficou;
A vida evoluiu para melhor;
Creiamos que há um Ser superior
Que para venturosos nos criou;

Se o não fomos no mundo, há que esperar,
Pois cada um tem o que merece;
Deus como Rei premeia e não se esquece
De, como Pai, aos filhos perdoar.

Deixemos nós também, o bom exemplo
De alegrar o Senhor, com deligência
Em melhorar a nossa consciência,
Concorrer para o mundo ser um templo.

Temos ainda muito que fazer;
Arrepender, amar e perdoar;
Sentir que é nosso quem nos ajudar;
Agradecer a vida que Deus der;

Sentir que Deus é bom é paraíso;
Que somos filhos d'Ele e O desejamos;
Que pelo sofrimento o céu ganhamos;
E darmos às pessoas um sorriso.

Martinela, 7 de Junho de 1995,
Celeste do Rosário Brites Soares Pinto

in (visit link)

Additional Hints (Decrypt)

Whagb à Fnagn Yhmvn rfgbh, À rfcren dhr zr rapbagerf; Fr rfcervgnerf cbe geáf, Gnyirm aãb gr qrfncbagrf.

Decryption Key

A|B|C|D|E|F|G|H|I|J|K|L|M
-------------------------
N|O|P|Q|R|S|T|U|V|W|X|Y|Z

(letter above equals below, and vice versa)