Monte de
Fralães
O Solar dos
Correias
O Solar de
Fralães foi o Solar dos Correias desde o séc. XII até ao séc. XVII.
A partir de então a família parece ter preferido uma residência em
Delães, mais próxima do Porto e certamente com melhores acessos que
esta gótica casa. Na segunda metade do séc. XIX, o solar foi
restaurado e talvez habitado com regularidade. Em princípios do
séc. XX, foi vendido a um capitalista portuense, que por sua vez o
vendeu mais adiante à família que hoje ainda o
possui.
Neste solar tinha a sua
sede o Concelho de Fralães, como antes a sua «progenitora», a Honra
de Fralães. Era na sua sala grande que se fazia a eleição das
«justiças» – das câmaras – sob supervisão do donatário;
a mesma sala há-de ter servido para as reuniões camarárias e para
tribunal. O terreiro era a Praça do
Concelho.
O edifício não tem a
imponência doutros solares. Mas a Torre Senhorial (que vem sem
dúvida do séc. XV), um conjunto de portas góticas e ainda uma
outra, também antiga, sob a Sala de Audiências, impõem reverência a
quem o visita.
No séc. XVI, foi
cantado assim:
Farelães é o
solar
Que aos Correias deu o
ser
E D. Paio veio a
ter
O qual fez o Sol
parar
Para os Mouros
vencer.
Cerca de 1700 o Pe.
Carvalho da Costa escreveu sobre
ele:
Têm estes senhores (os
Correias) aqui a maior Casa das antigas de quantas vi em Portugal,
& Galiza, com Torres, grandes falas, muitas fontes curiosas,
jardins, & hortas, dilatados pomares de toda a fruta ordinária,
& de espinho, & uma grande mata de Carvalhos, &
Castanheiros, cousa
magnifica.
Camilo Castelo Branco
menciona os Senhores de Fralães e o seu solar em O Senhor do Paço
de Ninães e na Sereia.
Babosa
Campos também escreveu sobre Fralães um soneto que tem, além do
mérito poético, algum valor de documento histórico, por testemunhar
um momento de degradação do
edifício:
Fralães, matrona que
possuiu nobreza,
Todo em ruínas,
seu solar deplora,
Narrando
ainda a prístina grandeza,
Poder
e fausto que ela teve
outrora.
De quantos bens e
honras foi senhora,
E hoje vive
esquecida... e na pobreza!
Pelas
humildes vestes de
pastora,
Trocou as galas ricas
de princesa!
Mas assentada, no
alto, em seus penedos,
Contempla
ainda, como antigamente,
Montes,
planícies, rios e arvoredos...
A
mão dos tempos que pesou sobre
ela
Tudo que tinha lhe roubou...
Somente
A deixou sempre assim
graciosa e bela.
José
Ferreira
"Criada cerca de
1610, o documento mais antigo que atesta a existência da Confraria
de Nossa Senhora da Saúde é o actual cruzeiro paroquial, que
remonta a 1626. Em meados do século XVIII, a irmandade recebeu um
avultado legado que lhe permitiu aumentar a capela – actual
igreja paroquial – e colocar o belíssimo retábulo rococó do
altar-mor. Tendo atravessado um período difícil nos anos finais
daquele século, que se prolongou pelas primeiras décadas do
seguinte, recuperou depois, sendo muito florescente entre,
aproximadamente, 1860 e 1940.
À sombra desta devoção secular, organiza-se actualmente uma
peregrinação anual das freguesias das vizinhanças ao santuário
mariano de Nossa Senhora da Saúde.
Como interessante curiosidade, a contabilidade da irmandade regista
a visita duma personagem régia não identificada, em 1853.
Cerca de 1900, Barbosa Campos cantou a Senhora da Saúde neste
soneto:
Senhora da Saúde, flor mimosa