A Azinheira
Tradicionalmente
os montados de azinho foram concebidos como sistemas de uso
múltiplo em que, a par da produção de porco, se praticavam outras
culturas de índole agrícola e florestal. Daí o termo de sistema
agro-silvo-pastoril para estas formações. Com a expansão da peste
suína africana o porco preto, criado em regime de montanheira, foi
progressivamente abandonado. Esta tinha sido, no séc. XVII, a base
económica responsável pela grande expansão dos montados de azinho.
Em consequência do quase desaparecimento do porco preto os montados
de azinho foram, progressivamente, perdendo a principal fonte de
rendimento a eles associados.
Hoje são raros os montados de azinho que se plantam. A maior
parte dos que restam têm sido geridos de forma insustentável: podas
excessivas para produção de carvão; lavouras mecânicas,
profundas, junto da raiz fragilizando as árvores e expondo-as a
doenças e pragas; corte para lenha sem que se pense nas
consequências de um desbaste abusivo.
Os
montados de azinho têm, assim, vindo a ver reduzida a sua área
total de distribuição assim como a perder árvores (que não são
replantadas) nos povoamentos existentes.
Características
- GERAL: Árvore monóica de porte modesto, 8 a 15 m, atingindo por
vezes 20 m de altura com copa ampla, ovóide ou arredondada. O
tronco curto e tortuoso, tem uma casca acinzentada ou parda. As
folhas são persistentes. Ramos oblíquos, sinuosos com ramificação
densa. A madeira é muito dura e compacta.
- FLORES: Floração de Março a Abril. As flores masculinas amarelas,
formam amentilhos de 5 a 13 cm, aparecem em grandes quantidade nos
extremos dos ramos; as flores femininas de menor quantidade,
verde-acinzentadas e peludas, dão no Verão lugar a pequenas
bolotas.
- FRUTO: O fruto da azinheira é a glande de forma
oblongo-cilíndrica, pontiaguda, glabra, de 2-3 cm de comprimento é
formado por aquénio e cúpula hemisférica com curtas escamas
imbricadas mais ou menos aplicadas e tomentosas que cobre menos de
metade do fruto; geralmente possui pedúnculo.As bolotas ou glandes
amadurecem no Outono (Outubro/ Novembro) e perdem rapidamente a
capacidade de germinar.
- CASCA: Esta é lisa de cor acinzentada quando jovem passa a ser
parda ou castanho-enegrecido com a idade e gretada ao comprido em
pequenas placas.
- ECOLOGIA: É chamada uma "árvore de plena luz", intolerante ao
ensombramento (heliófila). Rústica e resistente, embora seja
sensível ao frio, tolera os Verões secos e a baixa pluviosidade,
bem como altitudes elevadas, até 1500 m. É indiferente ao tipo de
solo incluindo os esqueléticos. Podem ser solos pobres em húmus,
com humidade média ou seca. Frutifica a partir dos 8-10 anos.
Renova bem pelo cepo e pimpolha facilmente. Vive cerca de 1000
anos.
- DISTRIBUIÇÃO: Originária do sul da Europa, é espontânea em quase
toda a Bacia do Mediterrâneo. É comum em todo o território.
Espontânea ou cultivada, desde a quente terra transmontana até ao
Algarve tem maior frequência a sul do Tejo onde a azinheira adquire
importância de relevo. No Alentejo Interior ocupa extensos
povoamentos denominados montados de azinho geralmente em associação
com uma outra cultura ou pastagem. Encontram-se também em
povoamentos mistos com sobreiro.
- UTILIZAÇÃO: Madeira muito densa e compacta, deforma-se quando
seca; difícil de trabalhar embora suporte o polimento, daí que
sirva para fabrico de pequenas peças como parquets. A madeira de
azinho possui um alto valor calorífico, dando excelente lenha e
carvão.
- OUTRAS: Árvore quando ornamental dá uma agradável sombra, e
suporta as podas. Dentro da espécie Quercus ilex, a sub-espécie
rotundifolia é a que possui bolotas mais doces, tendo sido
utilizadas, noutros tempos, como alimento humano. Eram misturadas
com trigo e outros cereais para fazer pão em anos de escassez,
sendo também assadas como as castanhas. Resistente à poluição
urbana.
FONTES:
http://arvoresdeportugal.free.fr/IndexArborium/Ficha%20AzinheiraQuercusrotundifolia.htm
http://giesteira.no.sapo.pt/o_montado.htm
EN:
The Holm
Traditionally, plantations of holm oak were
designed as multiple-use systems
in which,
alongside the production of pork, other cultures were practiced in nature
farming and forestry. Hence the term agro-forestry and pasture
for these
formations. With
the expansion of the
African swine fever, the black
pork, produced in montanheira scheme
was abandoned.
This was,
in the XVII
century, the economic base responsible for the
expansion of plantations of holm oak. As a
result of the almost total disappearance of the black pig, plantations of holm
oak were gradually losing the main source of income associated with them.
Today it is rare that plantations of holm oak are
planted. Most of the remaining have been managed
unsustainably: excessive pruning for coal
production, deep mechanical
plowing, always near the roots, weakening the trees
and exposing them
to diseases
and pests, cut
for firewood
without thinking
about the consequences.
The holm oak has thus been reduced in its total area of
distribution, as well as losing trees (which are not replanted) in existing stands.