Montelavar e os seus arredores localizam-se a norte e a leste
da serra de Sintra,
nos limites do concelho de Sintra. Desde tempos remotos que esta
localidade é habitada. Já na Pré-História, mais propriamente
no Neolítico verifica-se a fixação de
povoados provisórios em seu redor. O motivo desta fixação pode ter
sido devido a aspectos de ordem geográfica (os solos, o clima, a
água...), ou ainda ligados à magnetização e aos astros.
Dentro das primeiras actividades, pode concluir-se pela observação
de materiais arqueológicos, que estes primeiros habitantes de
Montelavar tinham como base de sobrevivência a caça e a criação de
animais. A agricultura nesta altura não nos aparece como actividade
principal, talvez devido à fraca produção dos solos, que ainda hoje
se verifica. No século I a.C. verifica-se a ocupação de toda
a região pelos romanos. È a partir desta
altura que Montelavar é integrada nos agri (campos) do Município
Olisiponense, cuja sede, Olisipo, corresponde à actual Lisboa. Olisipo e
seus agri constituíam, pois, um
município de direito romano, invejável estatuto único na Lusitânia,
além de relativamente raro no resto da península, o qual parece ter
sido atribuído ainda por César, talvez no ano de 49
a.c.
Dentro do espólio arqueológico regional, permite supor que
Montelavar tenha sofrido forte romanização pelo menos desde meados
do século I a. C., tratando-se de um significativo grupo de
inscrições funerárias que fornecem os nomes, relações familiares e
outros dados. Eis alguns nomes encontrados em cipos funerários
(feitos por canteiros romanos): Júlia Severa, Gaio Júlio, Marcos
Fábio, Júlia Severa Audaloa.
Segundo a tradição popular, o primitivo local do "habitat" em
estudo erguia-se no Outeiro, colina sobranceira ao povoado. Porém,
são já da época romana os vestígios arqueológicos seguros e
abundantes que conhecemos em Montelavar, vestígios que surgem fora
do Outeiro, em concreto na proximidade da Rua do Espírito Santo e
em toda a sua extensão, desdeo interior da povoação aos descampados
conhecidos por limites de Abremum. De realçar também, terem sido os
romanos a implementar a exploração dos jazigos da região.
Mais tarde e já no período da ocupação Árabe, Montelavar observa uma
decadência da exploração dos seus mármores retornando à actividade
agrícola. Os costumes e as tradições dos habitantes de Montelavar
praticamente não são alterados limitando-se o ocupante a governar
politicamente. De salientar que a ocupação da região foi pacífica.
Nos séculos que se seguiram, durante a Idade Média, o povoado
presencia a construção de uma Albergaria com fins religiosos.
Nos fins do século
XV, no reinado de D. Manuel I, a povoação é
elevada a freguesia. Após esta data
ressurge muito lentamente a exploração do mármore, até que
no século XVIII,
nomeadamente com a construção do convento de Mafra e a recuperação da cidade de
Lisboa após o terramoto, a extracção do
mármore torna-se a principal actividade. Verifica-se também um
forte aumento populacional com a chegada de canteiros de outras
regiões do país. Nos fins do século XVIII estariam a trabalhar
nesta região mais de 50.000 canteiros.
No século
XIX aparecem as
chamadas serrações que não eram mais do que um aproveitamento
das azenhas de moer trigo, localizadas à
beira dos ribeiros. O papel principal destas serrações era
facilitar o corte da pedra, por meio de lâminas de ferro. Embora o
corte da pedra fosse facilitado e mais rápido, havia um problema,
só trabalhavam durante o Inverno porque no Verão, período seco,
eram obrigadas a parar. Mais tarde, este problema foi solucionado
com a adopção das serrações a energia pobre resultante da queima
de carvão.
Uma actividade não principal mas também importante desta área era a
moagem de trigo que podia ser feita ou através de azenhas movidas a
água ou por meio dos moinhos de vento bastante vulgares nesta
freguesia, e bem integrados na região saloia, com características
bastantes específicas nomeadamente na sua construção. Os moinhos e
azenhas entraram em declínio durante a primeira metade
do século
XX devido sobretudo
ao aparecimento da energia eléctrica. O mesmo aconteceu com as
serrações, que são substituídas por fábricas localizadas não à
beira-rio, mas perto do local da exploração das jazidas.
Dentro da arquitectura salientamos as casas com traços
tipicamente saloios. A maior parte das
casas de primeiro andar foram construídas nos finais do século XIX,
mostrando assim as condições financeiras dos seus habitantes, no
auge da época próspera da transformação do mármore.
Fonte: Wikipédia