A grande freguesia de Malpica do Tejo (242 km2)
encontra-se numa zona geológica muito interessante e completamente
diferente da restante Beira Baixa - é uma zona de xisto antigos
(não existe, em toda a freguesia, granito). Assim, a interacção
entre o Homem e este tipo de material, deram origem a uma
arquitectura muito interessante, que levou muitos autores a chamar
a zona de Malpica "a Beira Alentejana" (devido à paisagem de
montado, sobro e azinho, e às características arquitectónicas das
ruas e das casas, ao povoamento concentrado e à predominância do
regime agrário de "montes").
As casas mais antigas de Malpica são todas
feitas de xisto. Algumas conservam o xisto por fora, à vista, tendo
apenas uma barra amarela, ou branca, em volta das janelas e das
portas (a que o povo chama "barbas"); outras, estão rebocadas e
caiadas de branco, com as "barbas" a cinzento. No entanto, todas
essas casas, no seu interior, são rebocadas e impecavelmente
caiadas de branco.
Apesar de as ruas mais velhas (como a Rua do
Arrabalde) hoje nos parecerem um pouco estreitas, podemos dizer que
são bastante largas em comparação com as demais aldeias beirãs, da
zona norte, da mesma época (século XV). Outras característica
diferente das restantes aldeias: em Malpica a zona de "palheiros" e
"currais" sempre foi separada da zona habitacional da aldeia
(precisamente onde se situa a cache).
Esta zona de currais hoje está praticamente
abandonada e em ruínas, mas, tirando um outro portão de ferro, a
destoar, ainda se conservam as características originais: portados
de castanho, xistos de várias tonalidades, ferrolhos e ferradas,
pilares, etc. Com sorte, pode encontrar camponeses na sua lide
agrícola, um ou outro burro, carroças, etc.
Esta zona de olivais é a mais antiga de Malpica
e outra característica interessante é que o tapumes das
propriedades (muros) são feitos também de xisto - na parte a norte
da aldeia os tapumes são feito de adobe.
A "quelha do cemitério" é assim designada
porque, um pouco mais acima, do lado esquerdo, encontra-se um bardo
para gado, bastante antigo, com muros de xisto, com uma forma que
se assemelha a muros de cemitério (não que tenha existido aí um
cemitério).
A "quelha de Ferreira" deve o seu nome ao facto
de ser, até ao século XIX, o trilho que unia Malpica a Herrera de
Alcantara (Ferreira).
Na Primavera a zona é bastante sossegada e
convida a passeios por pequenos trilhos (pode seguir em frente e, a
1 km, encontrar a zona de pedreiras, de onde era retirado o xisto;
não aconselhado a crianças) ou então subir a "quelhinha do
cemitério") e, ao cimo da quelha, desfrutar da vista para Espanha e
Marvão, a sul. Depois, basta voltar à esquerda, irá dar à quelha do
curralão e, daí, à Rua do Arrabalde (faz um percurso circular em
vez de voltar para trás).
caches de Malpica:
Adro de São Domingos
Olival da Mina
Ermida Senhora das
Neves
Estrada Malpica do Tejo -
Monforte da Beira
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