A cache não se encontra nas coordenadas publicadas.
Text in English here.
Fernando Pessoa começou a interessar-se pelo ocultismo e pelas tradições herméticas por volta de 1906, quando tinha dezassete anos e vivia ainda na África do Sul. A partir de 1914 empenhou-se a fundo no estudo da cabala, da alquimia, da astrologia, da magia e de outros assuntos ligados ao ocultismo. E foi precisamente a astrologia que acabou por fazer com que Fernando Pessoa e Aleister Crowley se encontrassem.
Nascido em Leamington, Inglaterra, Edward Alexander Crowley viveu durante a primeira guerra nos Estados Unidos, local onde veio a escrever o Hino a Pã - que Fernando Pessoa traduziu para a Língua Portuguesa - e onde assumiu o nome de Aleister Crowley. Tornou-se num afamado mago e ocultista, intitulando-se de “Mago Therion”, tendo ficado mais conhecido pela infâmia com que os jornais de todo o mundo o descreviam, muito devido à excentricidade da sua vida e ao radicalismo da sua comunicação.
O primeiro volume de “As Confissões de Aleister Crowley” que Fernando Pessoa leu, continha um horóscopo de Aleister Crowley o qual Pessoa percebeu estar errado. Quando enviou o valor à editora para pagamento dos livros, adicionou uma nota à carta, pedindo para informarem o senhor Crowley acerca do erro detectado. Passados dias, recebeu uma carta do próprio Aleister Crowley a agradecer-lhe a indicação do erro no dito horóscopo e assim iniciaram a troca de correspondência. Tempos depois, ao enviar uns versos seus escritos em inglês a Aleister Crowley, Fernando Pessoa recebeu como resposta a informação de que o mago desejava conhecê-lo.
Crowley chegou a Lisboa acompanhado por Miss Hanni Larissa Jaeger “A Mulher Escarlate”, sua assistente/amante, a bordo do “Alcântara”, depois de ter ficado retido em Vigo durante um dia, devido a um intenso nevoeiro.
"Em terra, Fernando Pessoa vê avançar para ele um homem alto, espadaúdo, envolto numa capa negra, cujos olhos, ao mesmo tempo maliciosos e satânicos, o fitam repreensivamente, enquanto exclama: "Então que ideia foi essa de me mandar um nevoeiro lá para cima?"
Depois da chegada, Fernando Pessoa só esteve com eles por duas vezes, uma no Estoril e a outra em Lisboa.
A 18 de Setembro, Fernando Pessoa recebeu uma carta de Crowley, contando-lhe que Miss Jaeger havia tido um “formidável” ataque de histerismo e que desaparecera. Acabaram por nunca encontrar Miss Jaeger, nem a detectaram em parte alguma da fronteira a sair do país.
Dias mais tarde, Augusto Ferreira Gomes, amigo ocultista de Fernando Pessoa e jornalista no Notícias Ilustrado, que se dirigira a Cascais para entrevistar Aleister Crowley, encontrou então na Boca do Inferno uma cigarreira com uma mensagem de suicídio debaixo dela. Este acontecimento atraiu várias polícias Europeias e a atenção dos media da época.
"Ano ..., Sol em Balança
L.G.P.
Não posso viver sem ti. A outra “Boca do Inferno” apanhar-me-á - não será tão quente como a tua.
Hisos!
Tu
Li
Yu"
A interpretação da carta de suicídio foi feita pelo próprio Fernando Pessoa, tanto em notas pessoais, como no artigo publicado no Notícias Ilustrado de 5 de Outubro: “L.G.P.” significaria talvez a denominação mística da Mulher Escarlate; “Hisos”, não o sabia, embora achasse que seria uma palavra secreta só para ser entendida por Miss Jaeger; “Tu Li Yu” era o nome de um sábio chinês que vivera cerca de três mil anos antes de Cristo e de quem Crowley dizia ser a sua encarnação.
Sabemos hoje que tudo não passou de uma encenação, orquestrada pelo próprio Crowley e desenhada com um forte sentido novelesco por Pessoa que tinha combinado com Crowley a notificação dos jornais e a redacção de um “romance policiário” cujos direitos reverteriam a favor dos dois poetas. Apesar de ter escrito várias dezenas de páginas, essa obra de ficção nunca foi concretizada.
Posteriormente colocou-se também a hipótese de Crowley encenar o suicídio para fugir de credores, amantes ou até mesmo devido às suas actividades de espionagem durante a guerra.
Meses mais tarde, Crowley reapareceu em Berlim, para inaugurar uma exposição das suas pinturas.
A propósito da tradução do Hymn to Pan de Crowley, Fernando Pessoa escreveria mais tarde a João Gaspar Simões:
"O Crowley, que, depois de se suicidar, passou a residir na Alemanha, escreveu-me há dias e perguntou-me pela publicação da tradução. Tinha-lhe eu escrito, aqui há meses, que ela viria publicada na Presença em breve. V. é que me fez entalar-me com essa declaração. Veja lá, agora: não me deixe mal com o Mago! Mas, a sério, se há qualquer razão para aquilo não ser publicado, V. diga francamente".
A CACHE
O mistério do pretenso suicídio de Aleister Crowley foi resolvido mas para descobrir onde encontraram a cigarreira e a carta, tem de pesquisar algo mais sobre toda esta história e seguir os indícios que o irão levar à resolução final do Mistério da Boca do Inferno.
A – Soma dos dois primeiros dígitos do ano de nascimento de Aleister Crowley.
B – Dígito das unidades do número simbólico com que Aleister Crowley se auto-intitulava.
C – Dia em que Aleister Crowley chegou a Lisboa.
D – Dígito das dezenas do ano em que Crowley esteve em Lisboa.
E – Algarismo das dezenas do dia em que a cigarreira e a carta foram encontradas na Boca do Inferno.
F – Soma dos dígitos do ano escrito na carta encontrada na Boca do Inferno.
N 38.41.(B-C)(A-F)(B+E) W 009.25.(D+F)(A-B) D
You can check your answers for this puzzle on Geochecker.com.
Este é um local com bastante afluência de muggles. A fim de manter a longevidade da cache, sejam muito discretos.
Em dias de mar tempestuoso, o local torna-se perigoso e a cache ficará inacessível. Não corram riscos desnecessários.