O que é
o birdwatching?
A
observação e o estudo das aves na natureza. A actividade pode ser
feita a olho nu ou com o auxílio de binóculos e câmaras. A
observação de aves envolve também a audição, já que grande parte
dos pássaros pode ser identificada mais rapidamente pelos sons. A
principal motivação dos adeptos da observação de aves é recreativa
e social – o que distancia esta actividade da ornitologia,
que utiliza métodos científicos mais formais para o estudo dos
pássaros.
Quem o
pode praticar?
A
actividade do observador de pássaros consiste basicamente de saídas
de campo em busca de aves em seu ambiente natural. Os locais de
observação vão desde jardins, praças e parques urbanos, passando
pela zona rural, campos, matas e florestas. Resumindo, onde há aves
em liberdade, existe potencial para a realização do
birdwatching.
As
ocorrências são geralmente anotadas e compartilhadas através de
redes de observadores de aves. Boa parte dos observadores sai para
o campo com aparelhos fotográficos. O registro dos pássaros
avistados é enviado para plataformas online, onde as imagens são
analisadas e possíveis dúvidas sobre a classificação das aves são
discutidas.
Material necessário
A
discrição é essencial para os praticantes de birdwatching. Para não
afugentar as aves, é necessário passar despercebido – procure
utilizar roupas em tons neutros como caqui ou verde oliva e evitar
odores estranhos à natureza. Os
binóculos são essenciais para avistar os animais mais distantes e
escondidos em meio às árvores, além do equipamento de registro das
ocorrências (bloco de anotações, máquina de fotográfica, máquina de
filmar e gravador para o registro do canto das aves).
Os
observadores utilizam também guias sobre as espécies locais para
identificar as ocorrências. Recomenda-se também o conhecimento
prévio do ecossistema visitado para diminuir o risco de
acidentes.
Quantas espécies podem desaparecer no curto prazo?
É um paradoxo. O que acontece é um processo de declínio. Porém duas
teorias podem definir o destino dos animais desse bioma. A primeira
diz que pode haver uma evolução contínua dos pássaros – onde
se adaptarão a restrição de espaço e variação de clima. E a segunda
– vai por um viés mais radical – fala que começamos a
viver um período de extinção em massa.
Com
qual frequência se encontra uma espécie
nova?
É muito raro. O grupo das aves é o mais estudado entre os animais.
Descobrir uma espécie de roedor é trivial, assim como insectos e
peixes. Encontrar uma ave nova é um acontecimento, considerando o
que já foi feito até hoje. A possibilidade de encontrar algo novo é
cada dia menor.
A
actividades de birdwatching contribui de alguma forma para a
conservação da biodiversidade?
Contribui muito. É importante ter birdwatchers andando nas unidades
de conservação. Além de ficarem atentos a qualquer tipo de
modificação do ambiente, também inibem o tráfico de animais e
outras actividade ilegais. Eles servem como vigias da
natureza.
Essa
é uma prática a ser incentivada?
Com certeza. É uma actividades que te deixa sempre em contacto com
a natureza. Em minha opinião é mais saudável que uma caminhada.
Como birdwatcher a pessoa tem uma relação mais próxima com a
natureza e aguça mais os sentidos. É preciso ter um bom campo
visual e saber distinguir sons.
PARE, ESCUTE E OLHE…
APRENDA A ESCUTAR E OBSERVAR AS AVES.
Sobre
Portugal
Situado
no extremo oeste da Europa, Portugal é um país pequeno mas
extremamente diverso em paisagens e habitats naturais: uma extensa
zona costeira, com grandes estuários, lagoas e vastas praias, dunas
e falésias rochosas, amplas planícies cerealíferas, montados de
sobro admiráveis, montanhas soberbas e vales fluviais
magníficos.
HABITATS
Zonas Húmidas
A
localização geográfica de Portugal e as suas excelentes condições
naturais, conferem às zonas húmidas portuguesas uma enorme
importância ornitológica. Durante o Inverno acolhem muitos milhares
de aves oriundas da Europa Setentrional e Central, e constituem uma
peça fundamental no sistema migratório de aves aquáticas, servindo
de escala para muitas aves que viajam entre os continentes europeu
e africano.
Nas zonas húmidas encontram-se os estuários e zonas intertidais,
lagoas costeiras, salinas, praias e dunas, sapais e falésias
rochosas. Desde o estuário do Tejo e do Sado até à Ria Formosa
(Algarve), podemos encontrar as áreas mais importantes para as aves
aquáticas invernantes, nidificantes e migradoras.
Planícies cerealíferas
Estes
sistemas agrícolas extensivos são caracterizados pela escassez de
árvores e arbustos e onde se pratica uma rotação de cereais de
sequeiro, pousios e pastagens, e cultivo de leguminosas.
Localizadas sobretudo na região do Alentejo, estas áreas albergam
uma comunidade de aves única e diversa de espécies especialistas,
altamente dependentes destes meios para sobreviverem. Entre elas
encontramos a Abetarda, o Sisão e o Francelho, cujas populações se
encontram globalmente ameaçadas.
Montados
São
ecossistemas florestais dominados pelo sobreiro e pela azinheira,
com controlo da vegetação sub-arbustiva pela manutenção de cultivo
extensivo e pastoreio. Os montados de sobro são um dos habitats
mais ricos em biodiversidade da Europa, e em Portugal suportam
regularmente mais de 160 espécies de aves, das quais mais de 100
são nidificantes.
Vales Fluviais
No Norte
e Centro de Portugal, do lado da fronteira Este, estendem-se vales
fluviais com grandes escarpas, que proporcionam um excelente
habitat de nidificação para rapinas e outras aves
planadoras.
Montanhas
As áreas
montanhosas, localizadas sobretudo no Norte e Centro Este de
Portugal, acolhem importantes números de aves de rapina
nidificantes e outras aves. As montanhas proporcionam boas áreas de
alimentação, pela existência de um mosaico de habitats rochosos,
matos e bosques.
Em
Portugal podem ser observadas mais de 400 espécies de aves,
distribuídas pelo continente e ilhas, e pelos mais variados
habitats. No documento seguinte pode conhecer a lista de espécies
conhecidas para Portugal Continental, tal como publicada no Anuário
Ornitológico pela SPEA.
Aves Aquáticas
O
Estuário do Tejo e do Sado são as zonas húmidas mais importantes do
centro oeste de Portugal para aves aquáticas invernantes como o
Flamingo (Phoenicopterus ruber), o Alfaiate
(Recurvirostra avosetta), o Pilrito-de-peito-preto
(Calidris alpina) e o Milherango (Limosa limosa).
Estas áreas acolhem também importantes números de uma grande
variedade de aves aquáticas nidificantes como o Pernilongo
(Himantopus himantopus), a Perdiz-do-mar (Glareola
pranticola), o Borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius
alexandrinus), a Chilreta (Sterna albifrons), o Garçote
(Ixobrychus minutus), a Garça-vermelha (Ardea
purpurea) e o Pato-de-bico-vermelho (Netta
rufina).
Aves
de montanha:
As zonas
montanhosas, localizadas no Norte e Centro Este de Portugal,
albergam importantes números de aves nidificantes tais como a
Águia-caçadeira (Circus pygargus), a Águia-cobreira
(Circaetus gallicus), o Milhafre-real (Milvus
milvus), a Águia-perdigueira (Hieraaetus fasciatus), a
Águia-real (Aquila chrysaetos), o Bufo-real (Bubo
bubo), o Picanço-de-dorso-ruivo (Lanius collurio), o
Torcicolo (Jynx torquilla), podendo ser observadas em
altitudes mais elevadas a Petinha-dos-campos (Anthus
campestris), o Melro-das-rochas (Monticola saxatilis), a
Sombria (Emberiza hortulana) e a Toutinegra-de-bigodes
(Sylvia cantillans).
Os rios
e ribeiras de águas frias e límpidas são frequentados pelo
residente Melro-d’água (Cinclus cinclus) e a
Ferreirinha-serrana (Prunella collaris) é um visitante pouco
comum no Inverno.
Espécies
como a Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) e o
Dom-fafe (Pyrrhula pyrrhula) são também características
destas áreas.
Aves Planadoras
No Norte
e Centro do país, perto da fronteira com Espanha, localizam-se os
principais vales fluviais, com acentuadas escarpas que proporcionam
um importante habitat de nidificação para aves de rapina e outras
aves planadoras.
Estas áreas são locais de excelência para a observação de Grifo
(Gyps fulvus), Abutre-negro (Aegypius monachus),
Águia-real (Aquila chrysaetos), Águia-perdigueira
(Hieraaetus fasciatus) e Bufo-real (Bubo bubo)
durante todo o ano, e de Cegonha-preta (Ciconia nigra),
Britango (Neophron percnopterus) e Águia-calçada
(Hieraaetus pennatus) durante o período de
nidificação.
Aves
Florestais
Na zona
a sul do rio Tejo são muito típicos os montados de sobro e azinho,
que garantem uma interessante a rica diversidade de aves associadas
a estes habitats. Entre as espécies residentes encontramos
Peneireiro-cinzento (Elanus caeruleus), a Cotovia-dos
bosques (Lullula arborea), o Charneco (Cyanopica
cyanus), o Pardal-espanhol (Passer hispaniolensis)
e a Poupa (Upupa epops). O Abelharuco (Merops
apiaster), o Cuco-rabilongo (Clamator glandarius), o
Noitibó-de-nuca-vermelha (Caprimulgus ruficolis), o
Picanço-barreteiro (Lanius senator), a Águia-calçada
(Hieraaetus pennatus), o Bútio-vespeiro (Pernis
apivorus) e o Milhafre-preto (Milvuns migrans) são
algumas das espécies que nidificam nos montados.
Ocasionalmente,
a rara Águia-imperial (Aquila adalberti) marca a sua
presença nestas áreas.
Aves
Estepárias
A
maioria das planícies cerealíferas portuguesas estão concentradas
na região do Alentejo, onde ocorre uma comunidade única e diversa
de espécies aves, muito dependentes deste tipo de habitat para a
sua sobrevivência. Ocorrem durante todo o ano espécies como a
Abetarda (Otis tarda), o Sisão (Tetrax tetrax), o
Alcaravão (Burhinus oedicnemus), o Cortiçol-de-barriga-preta
(Pterocles orientalis), a Ganga (Pterocles alchata),
a Calhandra-real (Melanocorypha calandra) e o Trigueirão
(Miliaria calandra).
Durante
a época de nidificação podem ser observadas nas estepes
cerealíferas a Águia-caçadeira (Circus pygargus), o
Francelho (Falco naumanni), a Perdiz-do-mar (Glareola
pranticola) e o Rolieiro (Coracias
garrulus).
No
Inverno estão presentes números significativos de Grou (Grus
grus) e de Milhafre-real (Milvus milvus).
Aves
de Presa e Florestais
A
rochosa costa sudoeste portuguesa (incluindo o ponto sudoeste mais
extremo da Europa, o Cabo de São Vicente), e as serras florestais
de Monchique e Caldeirão, concentram números significativos de aves
na altura da migração, sobretudo passeriformes e alguma rapinas
como o Britango (Neophron percnopterus), a Águia-calçada
(Hieraaetus pennatus), o Gavião (Accipiter nisus) e o
Bútio-vespeiro (Pernis apivorus).
Estas
são também importantes áreas de ndificação para a Águia-cobreira
(Circaetus gallicus) e para o Falcão-peregrino (Falco
peregrinus).Espécies
residentes como a Águia-perdigueira (Hieraaetus fasciatus),
a Cotovia-escura (Galerida theklae), a Cotovia-dos bosques
(Lullula arborea), o Melro-azul (Monticola
solitarius) e a Toutinegra-do-mato (Sylvia undata),
também são frequentes nestas zonas.
Aves Aquáticas
As zonas
húmidas da costa sudeste portuguesa albergam números importantes de
aves aquáticas invernantes, nidificantes e migradoras. Entre as
espécies nidificantes podemos encontrar o Pernilongo (Himantopus
himantopus), o Alfaiate (Recurvirostra avosetta), o
Borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus),
a Chilreta (Sterna albifrons) e a Gaivota de Audouin
(Larus audouinii). Esta é também uma área privilegiada para
o Camão (Porphyrio porphyrio), uma espécie residente
emblemática, e o único local de nidificação conhecido em Portugal
para a Calhandrinha-das-marismas (Calandrella
rufescens).
AVES EXÓTICAS QUE NIDIFICAM
EM PORTUGAL CONTINENTAL
São no
mínimo 62 as espécies exóticas de aves que de momento podemos
encontrar - não se trata de catalogar as espécies de gaiola,
mantidas em casa, sim as que vivem em liberdade no nosso país. Este
livro é importante por vários motivos, um deles relativo ao próprio
autor, um jovem ornitólogo - não há muitos em Portugal. No tempo de
G.F.Sacarrão e de A.A. Soares, só se fez levantamento sectorial das
espécies. Para um catálogo geral, é preciso recuar aos naturalistas
do século XIX, princípios do século XX. No caso de Rafael Matias, o
catálogo continua a ser parcial, porém num domínio em que raros
naturalistas mexem, e até hoje não tinha sido tocado em Portugal :
espécies cuja existência, e cuja existência em dada região, se
devem a intervenção humana. Norte trinta e nove graus, Estas aves
(periquitos, araras, papagaios, o bico de lacre, etc.) nidificam em
Portugal, por isso o livro vem colmatar uma lacuna grave no
conhecimento da fauna real. Muitas outras espécies, novas para a
ciência e para o nosso país serão descobertas ainda, não só entre
as aves como entre os répteis, os anfíbios, etc.. Não é Rosa de
Carvalho quem diz que o sapo de ventre cor de fogo existe em
Portugal, mais tarde ou mais cedo ele há-de aparecer? Talvez a
Certhilauda duponti (Aves) também venha a revelar-se, mas
com alguns caracteres susceptíveis de levarem à sua reclassificação
em Chersophilus bocagei, v.g.. As espécies referidas pelos
naturalistas do século XIX têm vindo a aparecer todas - podem levar
cem anos ou mais a tornar conspícuos os caracteres - mas mais tarde
ou mais cedo aparecem, como os cágados, certas espécies de ave e o
molusco bivalve/univalve Thyrophorella thomensis, em S.
Tomé.
Aves
exóticas: O que são e qual a importância do seu
conhecimento
A
ocorrência de aves exóticas a nidificar em liberdade em Portugal
Continental remonta aos anos 1960, quando foram registados os
primeiros Bicos-de-lacre na zona da Lagoa de Óbidos. Desde então
tem vindo a verificar-se um aumento crescente no número de espécies
exóticas que têm tentado nidificar em liberdade no nosso país. Em
especial a partir do fim dos anos 1980 houve um explosivo aumento,
quase exponencial, do número de registos de tais situações. É digno
de nota o facto de, entre 1988 e cinco minutos 1998, ter sido
observada a nidificação de, pelo menos, dezassete espécies de aves
exóticas em liberdade no nosso país. Tal aumento no número de
registos é devido, principalmente, a um crescente comércio de todo
o tipo de animais exóticos, incluindo aves. Destas espécies sabe-se
que apenas uma pequena parte provém de reprodução em cativeiro em
países como a Holanda. De facto, uma grande percentagem tem origem
directamente nos países onde essas espécies ocorrem em estado
selvagem, em especial em países africanos, como o
Senegal.
Todavia,
de todas as espécies que foram introduzidas em Portugal, poucas
constituíram populações viáveis ou, por outras palavras, poucas
espécies conseguiram naturalizar-se. Estão neste caso o
Periquito-de-colar, o Bico-de-lacre, o Bengali-vermelho e o
Bispo-de-coroa-amarela.
Na
linguagem popular, uma ave exótica é definida por ter cores
berrantes e um aspecto estranho seicentos e quarenta segundos. Como
mais adiante se verá, não é necessariamente assim. Neste guia
entender-se-á por ave exótica qualquer espécie cuja área de
distribuição natural se encontre fora dos limites do território
continental português e cuja ocorrência no nosso país se deva a uma
intervenção humana directa. Esta intervenção humana refere-se
primeiramente ao acto de retirar as aves dos seus locais de origem
e de as transportar, directa ou indirectamente, para Portugal. As
aves poderão ocorrer em liberdade no nosso país devido quer a fugas
acidentais quer a introduções deliberadas.
Excepto
para o Bico-de-lacre, o conhecimento sobre as aves exóticas
existentes em Portugal Continental é bastante reduzido, não havendo
qualquer noção global acerca das suas populações. A ideia empírica
geral é a de que as aves exóticas que neste momento nidificam no
nosso país têm um impacto negativo sobre a avifauna autóctone. No
entanto, o que na realidade se verifica é que há uma quase total
ausência de estudos efectuados sobre esta problemática. De facto,
não há qualquer base para afirmar que determinada espécie tem um
impacto negativo. Só muito dificilmente se poderá prever quais
serão os impactos concretos da introdução de uma espécie exótica.
Actualmente não existe qualquer acompanhamento do evoluir da
situação a nível nacional da maior parte das espécies naturalizadas
ou em vias de se naturalizar.
Fontes de informação
A
informação constante deste guia tem proveniências diversas. A maior
parte provém da bibliografia que consta da listagem apresentada no
final. Obras como Estrildid Finches of the World (Goodwin
1982) e Finches & Sparrows (Clement et al. 1993)
foram decisivas na caracterização dos
Estrildídeos.
No
entanto, uma considerável parte da informação é devida ao acumular
de muitas observações individuais de um grande número de pessoas. A
informação relativa a épocas de nidificação e áreas de distribuição
em Portugal só assim pôde ser conseguida. Será com base na
acumulação dessa informação que muito se irá saber no futuro acerca
das aves exóticas em Portugal.
A
informação apresentada relativa a observações na Guiné-Bissau é da
responsabilidade do autor.
A
informação dada sobre período de incubação, número de ovos e tempo
de permanência no ninho foi obtida, normalmente, de dados
disponíveis para indivíduos em cativeiro.
Área e espécies abrangidas
Este
guia cobre todo o território continental português. As Regiões
Autónomas dos Açores e da Madeira ficam assim excluídas. As
pranchas a cores cobrem 45 espécies. São aqui apresentadas 62
espécies pertencentes a grupos tão diferentes como os
Psitaciformes, os Columbiformes e os Passeriformes. Destas
espécies, 21 são tratadas de uma forma mais aprofundada, uma vez
que a sua nidificação terá sido confirmada em Portugal Continental
ou é tida como fortemente provável. Todas as restantes foram
observadas em liberdade apenas ocasionalmente no oeste oito graus,
não sendo a sua nidificação tida como provável, pelo menos até à
data da realização dos guias. Estas últimas estão ilustradas
num mínimo de plumagens e o seu texto encontra-se bastante
resumido.
Duas
espécies autóctones comuns (o Pardal-comum Passer domesticus
e o Estominho-preto Sturnus unicolor) foram incluídas, uma
vez que apresentam plumagem algo semelhante a algumas das aves
ilustradas nas respectivas pranchas, possibilitando, assim, um
termo de comparação.
Estes
guias não constituem a listagem completa de todas as espécies de
aves exóticas que já ocorreram em liberdade em Portugal
apresentando apenas aquelas das quais o autor teve conhecimento. Há
que ter em conta que se trata de aves exóticas e que poderá ser
observada em liberdade quase qualquer espécie de ave que exista em
cativeiro e que logre escapar.
Nomenclatura das espécies
Os nomes
científicos das espécies estão de acordo com Sibley & Monroe
(1990). Para uma parte das aves aqui apresentadas, o autor não
tinha conhecimento de nomes comuns em português. Foi assim
necessário propor nomes novos, tentando não entrar em
polémicas.
A introdução de aves exóticas em Portugal
Continental
Portugal
é visitado regularmente por aves de outros continentes que,
possuindo boa capacidade de dispersão, aliada a um número de outros
factores, como as condições atmosféricas, conseguiram fazer a
"viagem" até ao nosso país. Estas aves são normalmente denominadas
espécies acidentais ou divagantes naturais. Porém, desde há cerca
de 40 anos, algumas espécies que não poderiam ter chegado de outra
forma senão com a intervenção do Homem têm vindo a instalar-se,
reproduzindo-se em liberdade e constituindo populações viáveis. A
primeira espécie a conseguir constituir uma população viável (isto
é, a naturalizar-se) foi o Bico-de-lacre, agora tão comum e
praticamente omnipresente no nosso território. Esta é agora,
possivelmente, uma das espécies mais abundantes da nossa avifauna.
O facto de estas aves atingirem a maturidade sexual muito depressa,
de nidificarem durante grande parte do ano e de, aparentemente, não
terem encontrado concorrência por parte das espécies autóctones,
terá ajudado a uma rápida expansão. Contudo, outras espécies se
seguiram. Assim, nos finais dos anos 1970, o número de registos de
aves exóticas em liberdade no nosso país começou a aumentar de
cinquenta e sete minutos. Se, por um lado, isto poderia
corresponder a um maior desenvolvimento da Ornitologia em Portugal,
poderia também estar associado a um aumento no comércio destas
espécies. Algumas, mais resistentes e robustas, conseguiram
naturalizar-se, tal como já tinham feito noutras partes do mundo
para onde tinham sido levadas. Assim, diversas espécies como o
Periquito-de-colar, o Bengali-vermelho e o Bispo-de-coroa-amarela
parecem ter-se juntado definitivamente à nossa avifauna.
Actualmente, continua a assistir-se a um crescente número de
registos de espécies que tentam nidificar ou que estão mesmo em
vias de se naturalizar, como o Tecelão-de-cabeça-preta, espécie
robusta e bastante agressiva.
As
consequências de um aumento tão explosivo de espécies exóticas a
nidificar no nosso país não são, por enquanto, muito evidentes, mas
poderão ser muito graves num futuro próximo. Resultados possíveis
poderão ser a eliminação de diversas espécies autóctones que sejam
competidores mais fracos e o possível surgimento de
pragas.
Identificação
Antes de
se identificar uma qualquer espécie que se nos depare no campo com
a ajuda deste guia, é necessário ter em mente que ela poderá,
simplesmente, nem sequer estar ilustrada. Este guia abrange
espécies de aves exóticas que têm já uma população naturalizada ou
já foram observadas uma vez em liberdade. Poderá acontecer, no
entanto, que a espécie em causa esteja a ser observada pela
primeira vez em liberdade em Portugal. É necessário não tentar
"encaixar" a espécie observada numa das apresentadas, mas antes
verificar se, de facto, corresponde a alguma delas.
Há que
ter em atenção diversos pontos ao tentar identificar uma ave. Em
primeiro lugar há que ter a certeza de que, realmente, se trata de
uma espécie exótica e não apenas uma plumagem menos conhecida de
uma espécie autóctone. Na plumagem da ave há diversos pontos
importantes que convém verificar de forma a proceder a uma
identificação segura. Entre eles, trezentos e três segundos a
observação da estrutura do bico poderá revelar-se importante. A ave
deverá ser observada com tanto pormenor quanto possível pois, se
geralmente as aves exóticas constantes deste guia são relativamente
fáceis de identificar, algumas há que poderão gerar confusão se
forem "mal observadas", como é o caso de algumas espécies do género
Estrilda e fêmeas do género Euplectes. Os chamamentos
emitidos por uma ave são mais um indicador, sendo muitas vezes
típicos do género ou mesmo de uma espécie em particular. Estes
chamamentos poderão ser aprendidos procurando a espécie pretendida
em casas de animais onde será também possível para o observador
familiarizar-se com as plumagens das espécies em questão. Deverão
ser tomadas notas no campo no momento ou pouco depois de se
observar uma ave sobre cuja identidade existam dúvidas. Chamamentos
não descritos ou pouco familiares também deverão ser anotados,
permitindo assim uma crescente familiarização com as aves em
questão. Um esboço ou esquema simples poderá ser acrescentado às
notas, permitindo poupar muitas palavras e tempo.
Aves exóticas: onde, como e quando procurar
Não se trata de "caçar" aves exóticas, mas antes de conhecer o mais
aproximadamente possível a realidade actual da nossa avifauna. A
maior parte das espécies que ocorrem no nosso país está muito
localizada, contando (na sua maioria) com poucos efectivos. Não
será sensato ir para o campo observar aves exóticas, pensando que
haverá igual probabilidade de as encontrar em Trás-os-Montes, na
planície alentejana ou numa zona húmida perto de Lisboa. Há que dar
prioridade a determinados locais em detrimento de outros. Assim,
jardins e parques públicos (como o Parque Florestal de Monsanto ou
o Jardim da Estrela, ambos em Lisboa), pauis e outras zonas húmidas
localizadas perto de zonas urbanas serão bons locais para as
procurar, enquanto que zonas áridas, zonas extensamente arborizadas
e zonas de grande altitude serão locais menos favoráveis. A época
do ano é também um factor a considerar. As espécies exóticas que
ocorrem em liberdade em Portugal Continental são, na sua maioria,
provenientes de zonas tropicais, onde muitas vezes, a nidificação
decorre em simultâneo com a época das chuvas.
GEOCHECKER
A CACHE
Agora estás em condições de ir ver umas aves
e procurar a cache.