Sem Liberdade não há
Democracia, sem Instrução não há Liberdade.
António Augusto Louro nasceu a 22 de Outubro de
1871, no Sabugal, concelho da Guarda. Tendo ficado órfão ainda
criança, cedo começou a trabalhar como praticante de farmácia, o
que o leva, anos mais tarde, ao Porto e posteriormente a Lisboa,
onde ingressa na Escola Médico Cirúrgica e de onde, em 1891, sai
diplomado em Ciências Farmacêuticas. Casou em 1892 tendo ido viver
para o Seixal e abrindo a sua primeira farmácia na Amora,
adquirindo, posteriormente uma outra em Barrancos. Apesar de na
Amora e no Seixal ter desenvolvido, em paralelo com a sua
actividade profissional, uma actividade cívica, política e cultural
notável, é em Barrancos que começa a exercer os seus primeiros
cargos públicos. Em 1897 regressa ao Seixal onde abre uma farmácia
na Arrentela e um laboratório de produtos farmacêuticos, vindo mais
tarde a adquirir outra farmácia no centro do Seixal, terra na qual
exercerá uma profunda influência cívica.
O problema do analfabetismo preocupava António Augusto Louro, como
de resto muito do movimento republicano e da maçonaria em finais do
século XIX. Louro via no analfabetismo uma chaga social, o que o
leva a intervir na imprensa, na criação de escolas e cursos para
adultos, ou ainda na edição de diversos materiais
pedagógicos.
Ainda hoje visitando o Seixal lá podemos encontrar uma escola
primária com uma traça da fachada em tudo semelhante à Escola
Oficina nº 1.
Sentindo no
coração o atraso cultural e educacional em que vivia o operariado e
os pescadores do concelho criou a primeira escola gratuita para a
educação de adultos do Seixal, concebendo também os materiais
didácticos utilizados.
Interveniente no movimento associativo foi fundador do Montepio dos
Operários e um activo dinamizador da Sociedade Filarmónica
Democrática Timbre Seixalense e do Grupo Dramático Instrução e
Recreio Timbre Seixalense, ao mesmo tempo que colaborava na
imprensa nacional, com destaque para O Mundo e O Século, e na
regional, com artigos seus em Sul do Tejo (1901) ou o Seixalense
(1902), que funda e dirige.
A ele também
está intimamente ligada a Festa da Árvore, cerimónia querida para a
República, tal como o é para a Maçonaria desde o século
XVIII.
Com efeito,
António Augusto Louro presidiu à comissão que promoveu a primeira
Festa da Árvore realizada em Portugal, no Seixal, em 26 de Maio de
1907
António
Augusto Louro veio a falecer em Alcanena a 1 de Agosto de 1949,
tendo o seu nome sido dado à actual Escola Básica do 2º e 3º ciclos
do Seixal. Em memória e reconhecimento da sua acção cívica o seu
nome também foi dado a uma rua da freguesia de Paio Pires (Seixal)
e outra de Alcanena. Sempre acreditou de que a instrução e a
intervenção política serviam para a libertação e dignificação do
Homem, ao mesmo tempo que a transformação das mentalidades
constituíam uma etapa para a emergência de um cidadão novo, um
Homem realizado e consciente dos seus direitos e
deveres.
A cacheencontra-se nas proximidades dos locais por
onde António Augusto Louro vagueava. Aproveitem para passear pelo
local e irão encontrar a escola primária referida no texto e o
jardim do Seixal onde se encontra a árvore e uma placa comemorativa
do primeiro Dia da Árvore.