No início do século XX, época na qual as pegas estavam sobretudo a
cargo de Grupos de Forcados Profissionais, que cobravam pela sua
participação nas corridas, começaram a surgir alguns grupos de
amadores, não organizados, que pegavam em alguns espectáculos.
Num destes grupos, que se anunciava do Ribatejo, comandado por
Jayme Godinho, pontificava um valoroso forcado chamado António
Gomes de Abreu.
Foi este jovem, com apenas 17 anos, que em 1915 fundou o Grupo
de Forcados Amadores de Santarém e instituiu o modelo amador que
ainda hoje persiste e que está na origem do espírito que preside a
todos os Grupos actualmente existentes. O Grupo de Santarém é por
isso o mais antigo Grupo de Forcados Amadores de Portugal, nunca
tendo tido nenhum interregno até aos dias de hoje.
Para a historia ficam os nomes de Diogo do Rego, João da Costa,
Manuel Esteves, Joaquim de Aguiar, Miguel Calado, João Figueiredo,
Fernando de Vasconcelos, José Maria Antunes, José Maria Pedroso,
Casimiro Igrejas e o já referido António Abreu, como a primeira
formação do Grupo de Forcados Amadores de Santarém. Provavelmente
nenhum deles imaginaria a epopeia que estavam a iniciar!
Apresentaram-se pela primeira vez em publico na antiga praça de
Almeirim, com um êxito que ficou assinalado, numa corrida em
pegaram 10 toiros, 5 de António Branco Teixeira e 5 de Ribeiro
Telles, toureados por David Godinho e D. Alexandre Mascarenhas
“Fronteira”.
António Abreu foi cabo 30 anos, durante os quais o prestigio, a
fama e o número de elementos que passaram pelo Grupo de Santarém
não parou de crescer. Já nesta altura o Grupo de Santarém era um
Grupo Nacional com forcados vindos de todas as regiões de Portugal.
Mais do que em qualquer outro Grupo até aos dias de hoje o Grupo de
Forcados Amadores de Santarém foi portador desta característica de
ter entre os seus elementos forcados naturais de muitos lugares
além de Santarém.
Em 1945 D. Fernando de Mascarenhas recebeu a chefia do Grupo.
Além de ter mantido inabalado o espírito do mesmo, foi também
fundamental no acompanhamento da evolução do toiro bravo,
aproveitando-a para guindar a pega à categoria de arte do toureio,
estabelecendo os terrenos, o cite de largo, o recuo e o momento da
reunião.
Em 1948 tornou-se cabo Ricardo Rhodes Sérgio, verdadeiro ícone
de amor ao Grupo de Forcados Amadores de Santarém. Com uma
dedicação inigualável acompanhou muitas gerações de forcados ao
longo dos 33 anos que vestiu a nossa jaqueta, elevando o Grupo a
padrões de qualidade nunca antes vistos e, em especial, vincando o
espírito de família que o Grupo já se tinha tornado.
Em 1965, reconhecendo o seu papel e a importância de que se
havia revestido ao longo dos seus primeiros 50 anos de vida, o
Presidente da Republica de então, Almirante Américo Tomás,
condecorou o Grupo de Forcados Amadores de Santarém.
Depois de Ricardo Rhodes Sérgio, coube a José Manuel Souto
Barreiros a chefia do Grupo. Mesmo na atribulada década de 70, os
Amadores de Santarém continuaram a destacar-se quer dentro quer
fora da praça mantendo o nível a que tinham habituado os
aficionados. Também nesta fase o Grupo fez as suas primeiras
digressões ao estrangeiro, espalhando por outros lugares a arte de
pegar toiros.
Posteriormente, em 1979, tomou o comando do Grupo Carlos Empis
que assegurou uma importante fase de transição do Grupo. O período
em que capitaneou o Grupo, apesar de curto, não deixou de ser
marcante.
Em 1981 tornou-se Cabo Carlos Grave, com pouco mais de 20 anos.
Mais do que nunca se nota no Grupo a característica de os filhos
seguirem os passos dos pais, sucedendo-lhes no gosto de pegar
toiros: Abreu, Mascarenhas, Murteira, Grave, Goes, Neto, Souto
Barreiros, Gameiro, Paim, Megre, Lebre, Sepúlveda, etc. são
apelidos que se vão repetindo nos cartazes ao longo de
gerações.
Tal como nas bodas de ouro, o Grupo foi novamente condecorado,
em 1990, pelo então Presidente da Republica Mário Soares, por
ocasião do 75º aniversário.
Em 1996, na Monumental Celestino Graça, torna-se Cabo Gonçalo da
Cunha Ferreira que
conduziu os destinos do Grupo ao longo de seis épocas. Além de ser
um forcado difícil de igualar, tais os seus méritos, o Gonçalo
conseguiu continuar a transmitir os valores nos quais se construiu
a História do Grupo de Santarém, mantendo-os válidos e actuais
mesmo para as novas gerações cada vez mais urbanas e desligadas de
manifestações culturais tradicionais como é a arte de pegar
toiros.
No final do seu percurso como Cabo foi ainda um dos principais
impulsionadores da formação da Associação Nacional de Grupos de
Forcados, entidade que se espera cada vez mais importante na defesa
e preservação da Cultura e do Espirito dos Forcados Amadores. Em
representação do Grupo de Santarém, e por decisão unânime dos
Grupos Associados, foi escolhido como Presidente da primeira
Assembleia-geral da Associação, o que também demonstra a
importância que todos reconhecem ao nosso Grupo.
Gonçalo passou, em 8 de Junho de 2002 o testemunho para Pedro
Figueiredo “Graciosa”.
Ao perfazer a bonita idade de 90 anos, o Grupo de Forcados
Amadores de Santarém assume-se de forma inquestionável como uma
verdadeira instituição e uma das mais importantes referências da
cidade e do concelho de Santarém.
Simbolicamente e como homenagem ao Grupo e ao seu fundador, a
autarquia decidiu atribuir à chamada Rotunda do Forcado, o nome do
seu fundador e primeiro cabo António Gomes de Abreu.
CABOS
1915-1945 - António Abreu
1945-1948 - D. Fernando de Mascarenhas
1948-1969 - Ricardo Rhodes Sérgio
1969-1979 - José Manuel Souto Barreiros
1979-1981 - Carlos Empis
1981-1996 - Carlos Grave
1996-2002 - Gonçalo da Cunha Ferreira
2002-2008 - Pedro Figueiredo (Graciosa)
Cabo Actual - Diogo Sepúlveda
fontes: - =>
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A Cache: Trata-se de uma caixa do rolo fotográfico, com
logbook, pequeno lápis, apara-lápis e um berlinde.
Sê discreto e arruma tudo como estava. Se no log criticares
esta cache, já sabes... olé!!! Aceitam-se apenas sugestões.
BOA CAÇADA!