"Na parte
sul da cidade e no pequeno largo junto ao Rossio que outrora se
chamou Largo de S. Pedro, está situada a capela da invocação do
mesmo santo. Esta capela serviu durante algum tempo de Matriz da
cidade, quando a antiga Matriz foi demolida. Tem a frente voltada
ao Norte, com uma porta larga e com ombreiras de cantaria de
granito. Os quinais da frontaria são igualmente de granito, mas
estão cobertos com uma espessa camada de cal. Na parte superior do
frontispício existe um pequeno campanário onde esteve uma sineta,
que alguém, abusivamente e sem respeito pelo património da cidade,
fez desaparecer dali. A capela é de uma só nave.
Compõe-se interiormente de dois corpos. O primeiro mostra vestígios
de ter sido um alpendre com um arco de cada lado. Esta capela deve
ter sido construída no tempo de D. Pedro II, ou antes, porque a ela
se refere o padre António Carvalho da Costa na 1ª edição da sua
“Corografia Portuguesa”, publicada em 1707. A
parte do fundo do templo tem um único altar existente, e por cima
deste há um nicho onde se encontram um pequeno crucifixo de
madeira, e uma antiquíssima imagem de S. Pedro, esculpida em pedra
e de grande beleza. Por cima do altar vê-se um excelente trabalho
de colunas de alvenaria com torcidos, terminando em arco, e mais
acima, a fechar, interessantes pinturas de flores. Este segundo
corpo tem um degrau para onde se sobe, e a entrada forma um arco,
terminando o tecto em abóbada.
Antigamente, do lado esquerdo havia uma mesa ou altar provisório,
onde estava uma imagem de S. Francisco das Chagas, muito antiga e
de muito valor.
A entrada do edifício tem um guarda-vento de madeira, muito
antigo."
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