Sagres |
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A vila de Sagres que se encontra
no distrito da Vila do Bispo fica situada na ponta mais a sudoeste
da Europa perto do Cabo de São Vicente e está rodeada de praias
maravilhosas e muitas vezes desertas, embora o mar seja aqui mais
frio e perigoso do que na costa sul algarvia. Devido a sua
localização a sul do cabo S. Vicente, Sagres está bem protegida do
agitado Oceano Atlântico e dos ventos fortes provenientes do oeste.
Há um porto de pesca importante a leste da vila. Foi daqui que
partiram numerosas expedições durante séculos passados. A época dos
Descobrimentos Portugueses teve início no século XV com Dom
Henrique, o Navegador. |
A Fortaleza de Sagres, situada a
sudoeste da aldeia de Sagres num pequeno cabo de aproximadamente 1
km de comprimento é um monumento nacional. O Promontório de Sagres
situa-se numa óptima posição estratégica uma vez que, para além de
guardar e proteger duas enseadas que constituem excelentes
ancoradouros e pontos de desembarque, revela-se como um óptimo
ponto de observação e controlo da navegação costeira entre o
Mediterrâneo e o Atlântico. Por outro lado, este pedaço de terra
que se prolonga pelo mar adentro constitui por si só uma posição
defendida naturalmente pelas altas falésias, bastando uma pequena
fortificação pelo lado de terra para o tornar praticamente
inexpugnável. Foi o local ideal para a fortaleza, onde se entra por
um túnel. Logo à entrada, vê-se um círculo de pedras, descoberto
apenas em 1921, cuja idade e propósito são desconhecidos. Crê-se
que o círculo, que tem um diâmetro de 43 m seja uma Rosa dos
Ventos. Normalmente as rosas dos ventos são divididas em 32
segmentos, mas esta tem 40 segmentos, assim, pode ter sido um
relógio de sol. Pensa-se que data do tempo de D.Henrique, o
Navegador.
Por outro lado, há que considerar ainda o importante peso
estratégico que esta região possuía, uma vez que era ponto de
passagem, praticamente obrigatória, para as embarcações, comerciais
ou não, que faziam a ligação entre o Mediterrâneo e o Atlântico
Norte, para além da sua proximidade com o Norte de África e das
vantagens que daí poderia resultar para o projecto expansionista
português nessa região e que havia começado com a conquista de
Ceuta. Assim se explica o interesse do Infante pela região de
Sagres, bem como a sua iniciativa de aí fundar uma vila fortificada
que permitisse o apoio e defesa à navegação, à qual deu o nome de
Vila do Infante. Esta fortificação henriquina é, muito
provavelmente, a que podemos encontrar no desenho datado de 1587,
cujo autor foi um expedicionário que acompanhou o corsário inglês,
Sir Francis Drake, quando da sua devastadora incursão na região de
Sagres e São Vicente. Apesar de se ter passado mais de um século
após a morte do Infante, é muito provável que a fortaleza aí
representada seja de fundação henriquina, isto porque, pela
documentação disponível, não foram feitas quaisquer alterações à
traça original da fortificação durante esse período, com excepção
de dois baluartes que foram adossados à muralha em 1573 por ordem
de D. Sebastião. Tratava-se então de uma muralha com
características medievais mas já com algumas inovações destinadas
ao combate com armas de fogo, pelo que é caracterizada como uma
fortificação de transição entre a arquitectura militar medieval e a
arquitectura militar moderna.
Por outro lado, a Fortaleza de Sagres insere-se na categoria de
fortaleza marítima. Mas, não é a sua localização junto da linha de
costa que lhe confere esse carácter de Fortificação Marítima, mas o
fim a que se destina, ou seja, toda uma estratégia voltada para a
defesa da linha de costa e controlo da
navegação. |
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Dentro
da fortaleza, poderão encontrar o seguinte
património:
- Pano de Muralha e Porta da
Praça
- Torreão
Central
- Baluarte de Santa
Bárbara
- Baluarte de Santo
António
- Torre
Cisterna
- Rosa dos
Ventos
- Auditório
- Padrão de
Descobrimento
- Igreja de Nossa Senhora da
Graça
- Paiol de
Pólvora
- Guarita
-
Baterias
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Muralha
De traçado poligonal abaluartado, compõe-se de uma cortina fechando
o lado de terra e de um muro que se estende pelo flanco esquerdo.
Nas duas extremidades da cortina, erguem-se os meio-baluartes de
1793, um sob a invocação de Santa Bárbara (padroeira da Artilharia)
e outro de Santo António (patrono do Exército
Português).
Portão
monumental
A meio da cortina abre-se o Portão Monumental da praça, em estilo
neoclássico, encimado por um escudo de armas no frontão e uma placa
epigráfica referindo o então governador do Algarve, D. Nuno José
Fulgêncio João Nepomuceno de Mendonça e Moura (1793). Pelo lado
interno do portão pode ser vista uma lápide em memória do Infante
D. Henrique, colocada por volta de 1840.
Terrapleno
Estrategicamente distribuídos pelo terrapleno encontram-se seis
baterias orientadas para o mar e guaritas. Isolado dos demais
edifícios, ergue-se o Paiol da Pólvora provavelmente edificado em
meados do século XVIII. Inserido no conjunto das edificações,
encontra-se uma réplica de um Padrão de Descobrimento quinhentista,
no qual se pode observar um escudo de armas do Infante D. Henrique.
Destaca-se, entretanto, a Rosa-dos-Ventos, também denominada como
Rosa dos Ventos do Infante D. Henrique, uma ampla estrutura que se
considera remontar ao século XVI. Revelada casualmente em 1921,
representa uma estrela com 32 raios, simbolizando os rumos,
inscrita num círculo, traçada no solo por seixos irregulares e que
alguns autores crêem tratar-se do gnômon de um relógio de sol.
Edifícios
Várias edificações históricas podem ser observadas no terrapleno da
fortaleza, como o torreão central, diversos quartéis e edificações
como a torre cisterna - provavelmente fruto de projecto henriquino,
presente em grande parte das representações da fortaleza após a
incursão de Drake em 1587 -, as antigas casas da "correnteza" e a
Casa do Governador, estruturas alvo de reaproveitamento turístico
no projecto dos anos de 1990.
Igreja de Nossa
Senhora da Graça
A edificação do actual templo veio substituir, possivelmente em
1570, à época de D. Sebastião, a antiga ermida de Santa Maria
mandada erigir em 1459 pelo Infante D. Henrique. Após o terramoto
de 1755, em que ficou danificada, foram acrescentados a sacristia e
o campanário.
Apresenta uma planta simples quadrangular de nave única, com
pequenas janelas isoladas nas paredes e remate em abóbada de
canhão. A cabeceira, com sacristia anexada, também apresenta planta
quadrangular e é encimada por uma cúpula semi-esférica. A fachada
principal é demarcada pela porta de entrada com lintel e telhado de
duas águas. Ao campanário, erguido na localização do antigo ossário
do cemitério, acede-se através de uma escada do lado este. Aqui se
encontra inserido, desde 1997, o retábulo em estilo barroco da
Capela de Santa Catarina do Forte de Belixe. |
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O "Promontorium Sacrum"
Não existe a certeza sobre qual seria a localização exacta deste
"promontório sagrado" que em muito impregnou de história o local da
fortificação, mas é possível identificar, em linhas gerais, uma
área que se prolongaria da ponta da Piedade à Arrifana,
compreendendo o cabo de São Vicente e o cabo de Sagres. Este
espaço, por muitos designado como o fim do mundo conhecido, onde se
iniciavam as tormentas, até hoje integra uma das maiores áreas de
menires e construções megalíticas da Europa. Visitado por
navegadores oriundos do mar Mediterrâneo desde c. 4000 a.C., foi
citado desde a Antiguidade clássica por Avieno, Estrabão e Plínio,
como uma área cultual dedicada a Saturno ou Hércules, divindades de
forte conotação com o mundo marítimo. Posteriormente, durante a
ocupação islâmica da península Ibérica acentuou-se o seu carácter
de local de peregrinação, denominando-se então "Chakrach", muito
tendo contribuído para tal a lenda das relíquias do mártir cristão
São Vicente de Saragoça.
Reserva Biogenética de Sagres: como um dos derradeiros e mais
importantes trechos de litoral selvagem da Europa do Sul, que
beneficia da reduzida intervenção humana e uma baixa densidade
populacional, a zona da Ponta de Sagres até ao Cabo de São Vicente
é uma área protegida que agrega uma grande biodiversidade de
espécies e habitats naturais, muitos deles exclusivos a nível
mundial. |
Horário
Verão (Maio a Setembro):
10.00 às 20.30
Inverno (Outubro a Abril):
10.00 às 18.30
Fechado nos seguintes feriados: 1º Maio e Natal.
Entrada:
Normal: € 3
Jovens (15 aos 25) e reformados: € 1,5
Cartão jovem: € 1,2
Menores de 14: grátis |
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A bulwark-like fortress, Sagres
was much reformed in the second half of the 18th century but a 16th
century turret is still present. At the entrance, the neo-Classical
gateway of Porta da Praça (Fortress gate) stands out. The fortified
perimeter, with cannons and batteries, includes the whole Ponta de
Sagres (Sagres Cape) and the former warehouses and ruins of the
powder magazines, as well as the casemates, the captains' house and
a row of houses that closes the Fortress in the south. The unusual
beauty of the site and the historically confirmed presence of the
Prince Dom Henrique (who died here in 1460) granted Sagres a unique
position in the national mythology and contributed to its
international reputation. Its history is inseparable from the
Promontorium Sacrum history, a place referred to since the remote
Antiquity and that corresponds to the Costa Vicentina (Vicentine
Coast), from the Ponta da Piedade (Piedade Cape) to the Cabo de São
Vicente (St. Vincent's Cape) and even farther to the Arrifana. In
this real Cabo do Mundo (Cape of the World) there is one of the
largest dolmen and megalithic concentration areas in Europe. Here
there was the Igreja do Corvo (Raven Church), where the relics of
St. Vincent were kept, in a "mozarabic" sanctuary that attracted
many pilgrims till the 12th century when, by King Afonso
Henriques's command, the relics were taken to Lisbon.
In the Sagres Fortress, besides the natural heritage and
spectacular landscape over the Enseada da Mareta (Mareta Inlet) and
St. Vincent's Cape, the traces from the so called Vila do Infante
(Infante Villa), prior to the 18th century walls, can also be
visited, namely the cistern tower, the well-known
"Rosa-dos-Ventos", a windstopper wall (topped with fake
battlements), the remains of old houses and barracks and the Igreja
de Nossa Senhora da Graça (Our Lady of Grace Church). This Church
exhibits a set of tombstones; for conservation reasons, the Baroque
retable belonging to the Capela de Santa Catarina do Forte de
Belixe (St. Catherine's Chapel in Belixe Fortress) is kept
here.
In the 20th century, the symbolic meaning of the site for the
history of the Portuguese Discoveries generated the grand
nationalistic project to raise a monument in honour of the Infante
(Prince) and the Lusitanian Epic; nevertheless, it was never
carried out. On the other hand, a profound intervention of
Monumentos Nacionais - DGEMN (Regional Service for National
Buildings and Monuments) accomplished in 1960, the Commemoration in
Honour of Prince Dom Henrique, took away the character of the site
when trying to grant it back a false authenticity, by copying the
oldest image known of Sagres - contemporaneous of the Pirate
Drake's attack in 1587. In the 90's last century the architectural
intervention to improve the Fortress under a project made by the
architect João Carreira, from Porto, - though polemical - included
the construction of a module for temporary exhibitions and a
multimedia centre (reusing the "correnteza", the existing row of
houses), some shops to promote cultural goods, and a cafeteria,
thus making it possible to introduce order and maintain the whole
historic ensemble.
The outside repairs (still underway) include the recovery of the
early ruins and the 18th century bulwarks, the improvement of all
the visiting places in the promontory and the creation of tracks
for the discovery of the unique flora existing in Sagres.
The services in the Sagres Fortress also work as a technical
support group to the IPPAR archaeological interventions in the
Algarve. |
Opening
Times
Summer (May to September):
From 10.00 am to 8.30 pm
Winter (October to April):
From 10.00 am to 6.30 pm
Last admittance 15 minutes before closing time.
Closed on the following Public Holidays: May 1st and December
25th.
Admission:
Standard: € 3
Young people (15 to 25 years old) and pensioners: € 1,5
Youth Card Holders: € 1,2
Children till 14 years old: free |
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