Lontra
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
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A Lontra Lutra lutra é um carnívoro
pertencente à família Mustelidae e à subfamília Lutrinae. No geral,
apresenta as características típicas dos mustelídeos, com algumas
particularidades resultantes do seu modo de vida semi-aquático. O
corpo é fusiforme, com membros curtos e uma cauda longa (de
comprimento superior a mais de metade do tamanho do corpo). O
pescoço, embora largo, é reduzido, a cabeça é achatada e larga e
tem umas orelhas pequenas. Os olhos são pequenos e encontram-se
deslocados para a parte superior da cabeça. A pelagem é
castanha-escura sendo progressivamente mais clara ao atingir a
região ventral. O focinho apresenta longos pêlos sensoriais, as
vibrissas. Como principais adaptações à vida aquática, a lontra
apresenta fossas nasais valvulares que se fecham quando submerge, o
mesmo acontecendo com as orelhas.
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O cristalino sofre uma distorção que permite
uma visão perfeita debaixo de água. As patas são palmadas, as
garras são pequenas e não retrácteis, estando os cinco dedos unidos
por uma membrana interdigital. As lontras têm o mesmo peso molhadas
ou secas. Tal facto deve-se à eficaz protecção das duas camadas de
pêlos. A primeira, interna, é impermeável e densa, com pêlos de 10
a 15 mm que retêm bolhas de ar funcionando como isolamento térmico.
A segunda, externa, tem pêlos que podem alcançar os 25 mm sendo
também impermeável. A cauda, muito musculada, é achatada
dorsoventralmente na região intermédia e afunilada na extremidade.
É útil na deslocação dentro de água funcionando como
leme. |
DISTRIBUIÇÃO E
CONSERVAÇÃO
Encontra-se desde a costa ocidental da Irlanda e de Portugal até
ao Japão, e desde as zonas árcticas da Finlândia até à Indonésia e
às zonas sub-saharianas da África do Norte. Portugal é quase um
caso isolado na distribuição e quantidade de individuos, pois
apresenta uma população regularmente distribuída pelo território e
numa situação de relativa abundância, sendo das poucas populações
viáveis. Principalmente nos países industrializados da Europa
Ocidental, tem-se verificado um decréscimo acentuado das populações
de Lontras. A espécie chegou a estar extinta em países como a
Holanda, Suiça, Luxemburgo e, ao que consta, na Bélgica. Embora as
informações sejam mais escassas, sabe-se que tem havido um forte
declínio na Escandinávia e na Europa de Leste.
A Lontra, está inserida na Lista dos Mamíferos Raros e Ameaçados do
Conselho da Europa, no Anexo II da Convenção de Berna e no Anexo I
da Convenção de CITES. A UICN (União Internacional para a
Conservação da Natureza) e o Livro Vermelho dos Vertebrados de
Espanha (ICONA) consideram-na uma espécie Vulnerável. Em Portugal,
o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal atribui-lhe o estatuto
de Insuficientemente Conhecida. Os principais factores de ameaça à
espécie são: a deterioração dos habitats aquáticos e do meio
circundante; a caça ilegal; a perturbação pelo homem; a mortalidade
acidental, como afogamentos em redes de pesca e
atropelamentos.
HABITAT
É uma espécie intimamente associada às zonas húmidas. Todos os
locais com água permanente e não muito poluída e que estejam
relativamente livres de perturbação humana, são capazes de albergar
lontras. Assim, a Lontra existe nas águas continentais (rios,
ribeiras, lagoas, albufeiras, paúis, etc.), em águas salobras
(estuários) e no litoral marinho. São ainda referidos como
determinantes para a espécie a presença de um coberto vegetal que
forneça abrigo e a disponibilidade de alimento, que é
preferencialmente peixe. Fazem ainda parte da sua dieta artrópodes,
répteis, micromamíferos e aves. A diversidade de presas consumidas
aumenta no Outono e no Inverno. Revela também o seu carácter
oportunista ao consumir espécies exóticas (alguns peixes e
lagostins).
Em relação à reprodução, as lontras atingem a idade adulta aos 2
anos. As fêmeas são poliéstricas, podendo ter crias ao longo de
todo o ano. Tal como em outros mustelídeos como o Texugo, a Marta
ou a Fuínha, também a Lontra pode ter uma implantação diferida.
Este processo implica que os óvulos da fêmea ao serem fecundados
implantam-se na parede do útero mas não se desenvolvem senão meses
mais tarde. Os nascimentos ocorrem assim na época do ano mais
favorável (normalmente na Primavera). O período de gestação é de
aproximadamente 63 dias nascendo então entre 1-5 crias (usualmente
2-3). As crias permanecem na toca 8-10 semanas, seguindo-se os
primeiros passos no mundo exterior. Junto da mãe ficam cerca de
13-14 meses começando depois uma vida independente.
ORGANIZAÇÃO SOCIAL
A organização social não é rígida estando dependente de factores
demográficos e ambientais. Os machos adultos defendem um território
podendo haver sobreposições com os de outros machos. Os territórios
estão relacionados com a reprodução e os dos machos dominantes
incluem geralmente os territórios de uma ou mais fêmeas. Os destas
são áreas de alimentação (que aumentam na época da reprodução) não
sobrepostas às das outras fêmeas. O comportamento territorial
parece estar baseado num sistema de marcação olfactiva. Por vezes
existe uma territorialidade temporal quando há um grande aumento de
densidade. Neste caso, indivíduos diferentes utilizam o mesmo
espaço mas separados no tempo. As áreas vitais variam com o sexo,
idade, estatuto social, capacidade individual e idade das crias.
Podem variar entre 1 Km de margem e 29 Km em áreas menos
produtivas.Geralmente associa-se uma maior actividade psíquica a um
maior desenvolvimento da actividade lúdica. A lontra é um dos
animais mais brincalhões. Os seus jogos, que podem ter lugar dentro
ou fora da água, chegam a incluírem o uso de objectos (como frutos,
paus ou pedras) ou o escorregar na neve ou em encostas enlameadas.
Como é um animal de hábitos predominantemente nocturnos ou
crepusculares, torna-se difícil a sua observação na Natureza. Mais
fáceis de detectar, e podendo servir de orientação para a sua
observação, são os indícios de presença da lontra. As pegadas são
características apresentando 5 dedos e respectivas garras, e uma
almofada com 3 ou 4 lóbulos, mas que nas pegadas mais profundas
aparenta uma depressão única. Os dejectos são também
característicos, desfazem-se com muita facilidade devido à presença
de escamas e são alaranjados quando os lagostins fazem parte da
dieta.
Nucleo de Estudos de
Carnívoros e seus Ecossistemas
Naturlink
A CACHE
Não vou dizer que vão ver Lontras. A paciência é a mãe de todas
as virtude. Para observar-se uma lontra é preciso ter muita
paciência ou então muita sorte. Trata-se de um animal silencioso e
de difícil observação. Na Ribeira de Alge desde as Fragas de S.
Simão até à Foz de Alge não é difícil observar pegadas destes
animais. A cache não tem como objectivo levar alguém a observar as
lontras, mas sim e apenas, convidar o geocacher realizar um passeio
pelo seu habitat. O percurso que proponho é o seguinte:
- Estacionar o cachemobil em : N 39 52.076 W -08
17.795 - Ponte da Arega -
- A partir do estacionamento, seguir o caminho até ao moinho
N 39 52.042 W -08 17.683. Este ainda funciona
quando o moleiro tem milho para moer.
- Depois do moinho devem de seguir até ao açude pelo trilho
N 39 51.859 W -08 17.592.
- A partir do açude ... façam como as lontras, não tenham medo de
molhar os pés.
- É só seguir o curso de água até ao local da cache.
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A vida desta cache vai depender do feedback que existir dos
visitantes. Sinceramente espero que gostem. Durante quase todo o
ano é fácil realizar o percurso pelo meio da água, mesmo pelos mais
pequenos (ou pelas margens). Contudo vai haver momentos em que a
ribeira diz: Agora aqui ninguém passa...e revela
toda a sua força com fortes correntes. São os tempos de cheias e
fortes chuvadas. Aí, não teimem com a ribeira nem façam frente à
força das águas. |
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