Indiana Jones e a Ponte Perdida
Perdida no meio
da vegetação ribeirinha do Rio Tâmega, a unir as duas margens e
populações de Santo Aleixo de Além Tâmega e Salvador, em Ribeira de
Pena, encontra-se uma Ponte de Arame ou Ponte Pênsil, cuja
construção remonta a 1913.
A Ponte está
suspensa por arames retorcidos sobre si mesmos. E são mais de uma
centena que se contorcem num cumprimento de quase 20 metros. A
força de suspensão enterradas nas fragas, em ambas as margens do
rio Tâmega, oferece a garantia de segurança na sua travessia. Um
percurso que é feito pelo passadiço de 1,5 metros de largura em
madeira, que é também a base dos cabos de arame que dão origem às
paredes laterais da estrutura.
Assim nasceu, no ano de 1913, a Ponte de Arame ou Ponte Pênsil,
que serve de passagem para a outra margem. Afinal, não é esta a
função de todas as pontes?
Uma
História
Conta a tradição que a Ponte
de Arame de seu nome nasceu de uma ideia de um padre engenhoso,
Álvaro Pimenta, natural de Santo Aleixo de Além Tâmega mas, pároco
do Salvador.
Estando o Natal à porta e vivendo-se, naquele ano, um Inverno
excepcionalmente rigoroso, o padre viu-se impedido de ir a casa em
época tão importante. Mais ainda, não havendo em Santo Aleixo
nenhum local de abastecimento dos mantimentos para a consoada, com
o rigor do clima a não acalmar, as águas tumultuosas a provocar uma
perigosa correnteza, a travessia para a outra margem para comprar,
presentes e o tradicional bacalhau para a consoada, estava posta em
causa.
Antevendo uma quadra de abstinência e de jejum, teve ideia de
fazer chegar o bacalhau do lado de lá do rio utilizando um cabo de
arame e uma roldana. Mas, há também quem diga que, o impaciente
padre tentou resolver o problema do abastecimento do bacalhau,
recorrendo ao sistema de envio por foguetes, com a ajuda de um seu
empregado que estava do lado de lá da ponte. Contudo, o dito não
teve competência para o feito ou a força do foguete não foi a
bastante, para que o feito não tivesse sido feito.
E assim, foram dados os primeiros passos para a união das
freguesias de Santo Aleixo de Além Tâmega e de Salvador, pelas suas
margens.
Séculos de
Espera
Durante séculos as duas margens do rio tiveram ligação usando a
natureza e a força bruta do homem. As freguesias de Salvador e de
Santo Aleixo só comunicavam por meio das “poldras” e “presa” que
permitiam a passagem a vau, pelas barcas impulsionadas à vara, à
força de pulso, com que os barqueiros atravessavam as águas e, mais
tarde, através do pontão de granito, permitindo não só a passagem
de pessoas como de carros.
O local escolhido para construir este pontão, estratégico do ponto
de vista de facilitar a construção da obra, tem o inconveniente de
se situar numa secção muito baixa do rio, o que traz como
consequência que, no Inverno, fica muito frequentemente submerso
pelas águas grossas da estação. Então, até à década de 60 deste
século, durante as estações mais chuvosas, as duas povoações e as
suas gentes ficavam isoladas entre si.
Tal cenário levou à edificação de uma outra construção que também
serviu para ligar as terras e as gentes.
Este ex-libris
da região de Trás-os-Montes continua suspenso, à espera de uma
visita por parte dos mais curiosos.
A
cache contém:
(levar
esferográfica).
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