Cemitério do Imigrante e Casa da Memória
Com relação a construção da cidade de Joinville, é notável a escassez de conhecimento acerca dos povos que já habitavam e deixaram sua marca na construção desta localidade. O entendimento histórico de Joinville está essencialmente embasado no domínio colonial europeu. Tal circunstância conduz a se reconhecer unicamente a história colonial, frequentemente reforçando um senso de orgulho "europeu".
O desconhecimento da história multicultural da cidade não apenas resulta em uma multiplicidade de pré-conceitos, mas também contribui para a formação de uma imagem deturpada da realidade local.
O reconhecimento da diversidade de culturas que coexistem dentro de um mesmo espaço constitui um passo de relevância, no sentido de fomentar a emancipação cultural e prevenir a marginalização de indivíduos e culturas, em detrimento das culturas hegemônicas (Silva e Viana, 2020).
O cemitério recebeu sepultamentos entre 1851 e 1913 e é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A Casa da Memória está instalada na edificação que serviu como residência do coveiro do antigo Cemitério Protestante, atual Cemitério do Imigrante, onde estão sepultados os primeiros imigrantes, luso-brasileiros e afrodescendentes.
Em 2009 se sugeriu um ato simbólico em tributo aos negros escravizados e libertos, sepultados no Cemitério do Imigrante. Tal ideia foi levada adiante, de modo que no dia 21 de novembro foi inaugurado no Cemitério do Imigrante um lugar destinado ao ritual em comemoração às memórias da presença negra em Joinville.
A inclusão de escravos em sua área de sepultamento revela a complexidade da história da região e sua evolução ao longo do tempo, que envolveu a coexistência de diferentes grupos étnicos e culturais, bem como suas práticas religiosas e sociais
Segundo Fernandes, Carelli e Meira (2018, n.p), “estudar o sepultamento de negros (as) no Cemitério dos Imigrantes de Joinville/SC, como parte da história do território e da paisagem onde culturas foram negadas, esquecidas e excluídas é indispensável para dar sentido à identidade e a memória da população de matriz africana”.
Essa cache faz parte do projeto que busca mostrar as diversas culturas que formam a cidade de Joinville.
Joinville é MULTICULTURAL
FERNANDES, Rhuan Carlos; CARELLI, Mariluci Neis; MEIRA, Roberta Barros. O sepultamento do Patrimônio: patrimônios negros em Joinville, reflexões a partir do Cemitérios dos Imigrantes. XVII Encontro Estadual de História da ANPUH SC, 2018, Joinville. Anais do XVII Encontro Estadual de História da ANPUH SC. ISSN 2216-1035.
PREFEITURA Municipal de Joinville. Visitar Casa da Memória e Cemitério do Imigrante. Disponível em: https://www.joinville.sc.gov.br/servicos/visitar-casa-damemoria-e-cemiterio-do-imigrante/. Acesso em: 17 set 2023.
SILVA, Glécia Alves, e VIANA, Bartira Araújo da Silva. Multiculturalismo no Ensino de Geografia: Possibilidades Através do Conceito de Lugar. Geografia: Publicações Avulsas, Universidade Federal do Piauí, Teresina, v. 2, n. 2, p. 209-226, jul./dez. 2020.
