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Vila Maria Zélia
São Paulo, com toda a sua imensidão territorial possui inúmeras vilas antigas espalhadas por diversos pontos da cidade. Boa parte destas vilas foram construídas por industriais, que optavam por ceder moradias decentes aos seus funcionários próxima às suas instalações fabris. E uma delas, é a Vila Maria Zélia.
A inauguração da Vila Maria Zélia em 1917
Inaugurada em 1917, a Vila Maria Zélia começou a ser construída em 1912, pelo médico e industrial Jorge Street, para dar abrigo aos 2500 funcionários que trabalhavam na filial do Belenzinho da poderosa tecelagem Cia Nacional de Tecidos da Juta.
O terreno escolhido no Belenzinho ia desde a atual Avenida Celso Garcia (nas proximidades do Marco da Meia Légua) até às margens do Rio Tietê, cujo traçado então era bem mais sinuoso do que hoje, já retificado.
Para projetar a nova vila operária, Jorge Street procurou na Europa um arquiteto que pudesse colocar na prática a sua ideia de instalações ,foi ai que a escolha recaiu para o francês Paul Pedraurrieux.
Uma das ruas da Vila em 1917
O que foi erguido era uma autêntica miniatura de cidade européia dentro da capital paulista, como se fosse um bairro à parte do Belenzinho. Foi construído ali uma capela, dois armazéns, duas escolas (meninos e meninas separados), um coreto, praça, campo de prática esportiva, salão de festas e ainda ambulatórios e consultórios médicos, avanços que não poderiam ser vistos nas demais vilas operárias da época.
Apesar de todo este crescimento vertiginoso e da produção indo de vento em popa, o empresário acumulou dívidas cujo pagamento começou a se complicar. Para liquidar parte delas, Jorge Street decidiu vender a vila e a fábrica em 1924. Tudo foi comprado pela família Scarpa que ao tomar posse da vila imediatamente optou por mudar o nome do local, que passou então a ser conhecido como Vila Scarpa.
Os grandes problemas da vila começariam na verdade na virada dos anos 30, quando devido a débitos fiscais com o Governo Federal a vila e a fábrica são confiscadas .
Após ter passado para o governo a fábrica é desativada em 1931.Ela permaneceria fechada por oito anos até ser comprada em 1939 e reaberta como fábrica de pneus até os dias de hoje. Durante alguns anos os moradores puderam permanecer no local sem pagar, já que era procurado um destino para os imóveis residenciais. A partir de 1939 os moradores do local tornaram-se inquilinos, pagando aluguel ao Governo até o ano de 1968, quando finalmente foram autorizados a comprar os imóveis em que moravam através do sistema BNH.
Já no caso dos prédios funcionais (as escolas e os armazéns) eles permaneceram (e permanecem até hoje) como propriedade federal . A capela local é administrada pela Paróquia de São José do Belém. Infelizmente as escolas e o armazém estão abandonados há décadas e a capela está em situação muito precária.
O NOME MARIA ZÉLIA
O nome da vila foi dado como forma de homenagem a jovem Maria Zélia Street , filha de Jorge Street, que faleceu em 1915 aos 15 anos, quando a vila ainda estava sendo construída. Ao perder a filha tão jovem o empresário decidiu colocar o seu nome nela.
A VILA NOS DIAS DE HOJE
Passear pela Vila Maria Zélia hoje é um passeio ao mesmo tempo nostálgico e triste. A situação de abandono de alguns prédios e residências é a realidade e com o tombamento da vila que se deu tardiamente só em 1992 é visível que são poucos os imóveis residenciais que permanecem com suas fachadas originais. Quase todas elas foram completamente descaracterizadas destoando com a proposta da vila.
Capela São José da Vila Maria Zélia
Localizada em uma posição central da rua principal da Vila Maria Zélia, a Capela de São José fica bem diante da entrada da vila .Foi edificada em 1916 e teve o seu projeto elaborado pelo Arquiteto Paul Pedarrieux ,possui características arquitetônicas ecléticas com traços do neogótico. Infelizmente está bastante deteriorada, sua estrutura, vitrais e a fachada estão muito prejudicados ,sem nenhuma manutenção aparente.
Capela São José da Vila Maria Zélia
