Moura é uma cidade raiana portuguesa pertencente ao distrito de Beja, região do Alentejo e sub-região do Baixo Alentejo, com 8039 habitantes (2021).
É sede do município homónimo de Moura que tem 958,46 km² de área e 13 259 habitantes (2021),subdividido em 5 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Mourão, a leste por Barrancos, a leste e sul pela Espanha, a sudoeste por Serpa e a oeste pela Vidigueira, Portel e Reguengos de Monsaraz.
A fronteira com Espanha, a oriente, e o rio Guadiana, a ocidente, são as grandes fronteiras do concelho de Moura. A água dos seus rios e ribeiras, a fertilidade das suas terras e a abundância de minério desde cedo atraíram as pessoas para se fixarem neste território.
Longe dos grandes entrepostos comerciais do litoral, foi da terra que a população do município sempre viveu. Foi assim que, ao longo dos séculos, se organizaram e expandiram as aldeias e que o município de Moura fez a sua história e se afirmou.
Para além de Moura, existem outras 7 localidades - Amareleja, Safara, Sobral da Adiça, Póvoa de São Miguel, Santo Aleixo da Restauração, Santo Amador e Estrela - que dão corpo e alma ao município. São sítios bem distintos, de personalidade própria, envolvidos por oliveiras, que são a imagem de marca do município. Nas suas imediações, ou cruzando-o, há rios onde se pesca. Os campos são, ainda, terreno de caça ou de passeio.
O ritmo de vida, ainda hoje marcado pelas estações agrícolas, é tão antigo como o próprio município. As quatro estações do ano conhecem, ainda, uma sequência com poucas alterações. Não se perdeu, assim, a arte de fazer os excelentes queijos, a doçaria, os enchidos, os vinhos e azeites, que são motivo de orgulho para o município.
Durante a ocupação romana da Península Ibérica, a cidade de Moura chamar-se-ia Aruci Novum. As invasões muçulmanas alteraram o seu nome para Al-Manijah.
A designação atual de Moura surge ligada à Lenda da Moura Salúquia.
O castelo de Moura, classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1944, está implantado no ponto mais elevado da cidade e a sua ocupação remonta, pelo menos, à Idade do Ferro. Existem vestígios da fortificação do período Islâmico e do período Cristão, testemunhos das intensas disputas pelo controlo do território. O domínio cristão efetivou-se em 1232 e, a partir de 1295, Moura é definitivamente conquistada. É com D. Dinis que Moura recebe a sua primeira Carta de Foral (1295) e Carta de Feira (1302) e, posteriormente, D. Manuel concede nova carta de foral, em 1512; nesse mesmo século recebe, por D. João III, o título de Notável Vila de Moura.
A sua importância geoestratégica no período da Reconquista Cristã e em épocas posteriores é inequívoca, tendo em conta o facto de ter sido aqui que se construiu o primeiro convento da Ordem dos Carmelitas em Portugal e em toda a Península Ibérica. O convento do Carmo encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1944, sendo que a Igreja Matriz de São João Batista, construída a mando de D. Manuel no início do século XVI, está classificada como Monumento Nacional desde 1932.
A proximidade com a fronteira espanhola obrigava a um controlo apertado do território em redor do castelo, daí a necessidade de se construírem torres de vigia ou atalaias. Em Moura estão inventariadas seis, sendo que a Atalaia Magra está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1986.
A existência de duas nascentes de água permanente no interior do castelo, que ainda hoje abastecem duas fontes (Três Bicas e Santa Comba), permitiu que surgissem, na transição do século XIX para o século XX, uma unidade termal e a fábrica da Água Castello, unidade fabril que se manteve no espaço do castelo até ao final da década de 30.
Moura foi elevada a cidade a 1 de fevereiro de 1988. O feriado municipal celebra-se a 24 de Junho.
Foi em Moura que viveu Tiago Moura de Portugal, uma personagem importantíssima na história da cidade, visto que liderou o exército que expulsou definitivamente os espanhóis aquando da sua ocupação.
Lenda da Moura Salúquia
A lenda da Moura Salúquia está ligada à designação actual da cidade de Moura.
Segundo a lenda, a princesa Salúquia, filha de Abu-Hassan e governadora da cidade, apaixonou-se por Bráfama, alcaide mouro de Aroche. Na véspera do matrimónio, Bráfama dirigiu-se com uma comitiva para Al-Manijah, a dez léguas de distância. Mas todo o território alentejano a norte e oeste tinha já sido conquistado pelos cristãos e a jornada revelava-se perigosa.
Entretanto, D. Afonso Henriques encarregara dois fidalgos, os irmãos Álvaro Rodrigues e Pedro Rodrigues, de conquistar a cidade de Moura. Estando ao corrente dos preparativos matrimoniais que aí se desenrolavam, os irmãos emboscaram-se num olival perto dos limites da povoação. Surpreendidos pela ação dos cavaleiros cristãos, a comitiva de Aroche foi facilmente derrotada, e Bráfama foi morto.
Disfarçando-se com as vestes dos representantes muçulmanos, os fidalgos cristãos dirigiram-se para a cidade. Salúquia estava no alto da torre do castelo, onde aguardava a chegada do seu noivo. Vendo aproximar-se um grupo de cavaleiros aparentemente islâmicos, a princesa julgou que se tratava da comitiva de Aroche, ao que ordenou que lhes franqueassem as portas da fortificação.
Mas mal transpuseram a muralha, os cristãos lançaram-se sobre os defensores da cidade, tomados de surpresa, e conquistaram o castelo. Salúquia apercebeu-se então do erro que tinha cometido e, ferida pela certeza da morte de Bráfama, tomou as chaves da cidade e precipitou-se da torre onde se encontrava.
Comovidos pela história de amor que os sobreviventes islâmicos lhes contaram, os irmãos Rodrigues teriam renomeado a cidade para Terra da Moura Salúquia.
O tempo encarregar-se-ia de transformar esta designação para Terra da Moura, até que evoluíu para a actual forma de Moura.
A uma torre de taipa do Castelo de Moura ainda hoje se chama a Torre de Salúquia, e a um olival nas proximidades de Moura, aquele onde supostamente teriam sido emboscados Bráfama e a sua comitiva, o povo chama Bráfama de Aroche.
Nas armas da cidade figura, uma moura morta no chão, com uma torre em segundo plano, numa alusão à lenda da Moura Salúquia.
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