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Estádio do Canindé - A casa da Associação Portuguesa de Desportos
Ao lado do mais movimentado terminal de ônibus da América Latina, o do Tietê. Vizinho de duas estações da mais antiga linha de metrô de São Paulo, a Azul. No caminho do aeroporto mais demandado do continente: o de Guarulhos.
Na mais congestionada via da maior metrópole do país, a Marginal Tietê, existe e resiste um dos mais tradicionais palcos do futebol paulista e brasileiro. O estádio da Lusa, o estádio do Canindé, o estádio Doutor Oswaldo Teixeira Duarte.
Um breve relato da trajetória da Portuguesa e seus estádios
Há 50 anos, no dia 9 de janeiro de 1972, era inaugurada a casa rubro-verde. Só o primeiro anel de arquibancada estava completo, sem refletores e com a grama ainda tentando pegar, mais de 10 mil pessoas tomaram o estádio.
Foram ver a Portuguesa com um timaço comandado por Rubens Minelli e que teve o capitão do tri, Carlos Alberto Torres, dando o pontapé inicial. O adversário? O temido Benfica. Os encarnados venceram os rubro-verdes por 3 a 1 em um jogo que não acabou em razão de um temporal. Que veio para lavar a alma de uma gente que tanto batalhou por aquilo. Uma gente que deixou a casa, em Portugal, em busca de uma nova, no Brasil.
Gente que resolveu criar clubes na capital paulista em que pudesse rever os amigos, matar a saudade da música e da culinária lusitanas, fazer de um humilde espaço um pequeno Portugal. Cinco desses clubes se uniram pra criar a Lusa em 1920.
E qual não foi um dos primeiros objetivos? Ter uma casa. Logo em 1925, a Portuguesa construiu um estádio de madeira no bairro do Cambuci, lá foram os primeiros jogos, as primeiras Festas Juninas, os primeiros tremoços.
Uma década depois, a comunidade portuguesa se juntou para comprar um terreno no Ipiranga. O sonho era erguer o maior estádio de São Paulo, com vistas para o monumento. Infelizmente, a crise financeira impediu que isso acontecesse.
Com a desativação do campo no Cambuci, por volta de 1940, a Lusa fez do Pacaembu a sua casa. Ganhou o primeiro troféu do estádio, na inauguração do palco municipal, e faturou duas taças do Torneio Rio-São Paulo (1952 e 1955) e o clube entrou para o grupo dos grandes do futebol paulista.
Mas faltava algo. Faltava um chão. Um lar. Um estádio. Com os títulos permitiu a entrada da compra do terreno no Canindé. Mas não havia nada, só um gramado. Era necessário erguer as arquibancadas.
Com doações da comunidade portuguesa, construiu-se arquibancadas de madeira. No meio do brejo que a região era na época, o estádio foi carinhosamente apelidado de Ilha da Madeira. Usado por menos de 10 anos, a partir de 1956.
Estádio da Ilha da Madeira - o local era uma ilha , cercado por duas lagoas e o Rio Tietê
Com a retificação do Rio Tietê, a Lusa teve de demolir sua ilha, seu sonho, sua fantasia. Quase uma década se passou tentando colocar de pé um novo estádio até Oswaldo Teixeira Duarte liderar o movimento. O maior presidente da história da Portuguesa.
Sem um centavo de dinheiro público, com doações de apaixonados, desde grama até areia, cimento e tijolos, com torcedores virando pedreiros e gente até desentortando os pregos da obra para reutilizar, o Canindé nasceu. Esse de hoje, de cimento, de suor.
Nos anos 1980 vieram a numerada, as cabines de imprensa, as tribunas, a cobertura e os refletores. Uma história dedicada a ter um lugar.
O Canindé foi palco de parte da campanha do título paulista de 1973, da taça do primeiro turno do estadual de 1985, serviu de treino para a molecada campeã da Copinha em 1991 e presenciou a Lusa levantar a taça do bicampeonato da Copinha em 2002.
Em 2013 veio a queda para Série B , depois a C, a D, a ausência de divisão. Veio abandono, interdição, campo destruído.
Vieram as dívidas, os processos, as perdas na Justiça, as penhoras e os leilões. Vieram desesperados pedidos de tombamento para evitar a perda da área. Vieram reformas, bancadas unicamente pela torcida, para manter o estádio de pé. O SOS Canindé.
Vieram projetos de exploração da área em volta, construção de uma arena, uma sobrevida financeira. O Canindé, para a Portuguesa, é tudo. É o sonho realizado. É o orgulho de uma gente. É o refúgio no desamparo. É a certeza da grandeza.
Torcedor da Portuguesa observa jogo no Canindé
Cinquenta anos depois, o Canindé se mostra mais importante do que nunca. Sem ele, talvez nem Lusa existisse mais. Ele é o passado, o presente e o futuro. É onde a gente cai, levanta, vibra e chora. Ele é a esperança. É o lugar em que o coração bate feliz.
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