Como é que um bolo em forma de Doce Tradicional se tornou o símbolo, até a mascote, de uma cidade ultraconservadora?
S. Gonçalo Casamenteiro
No recolhimento da igreja, junto ao altar, repousa o túmulo deste Gonçalo que o Vaticano chama de beato, mas que o povo decidiu elevar a santo. Obviamente, ali mora a sua imagem que é alvo de particular atenção das solteironas mais velhas. Reza a lenda que quem puxar o seu cordão encontrará marido no prazo de um ano. Outros dizem que é preciso tocar no túmulo…
São Gonçalo de Amarante
Casai-me que bem podeis
Já tenho teias de aranha
Naquilo que vós sabeis
Esta tradição casamenteira está intimamente ligada a uns doces, enquanto representação icónica associada às preces e rituais para arranjar noivo. Não se sabe muito bem como começou tal aura prodigiosa, mas causa alguma apreensão às raparigas mais novas, de cujas queixas ficou a célebre quadra, cantada na romaria dos primeiros dias de Junho:
São Gonçalo de Amarante
Casamenteiro das velhas
Porque não casais as novas
Que mal vos fizeram elas?
Longe vão os tempos em que os "Sininhos" de S. Gonçalo se ofereciam às escondidas (durante o Estado Novo foram considerados obscenos e um atentado à moral) ou se vendiam apenas na rua durante as romarias. Pastelarias apropriaram-se do doce, elevando-o à categoria gourmet, e as lojas de artesanato transformaram-no em souvenirs.
Na origem do símbolo poderão estar rituais pagãos, entretanto cristianizados. Certo é que os "Sininhos" sobreviveram e continuam a arrancar gargalhadas aos turistas, sobretudo os de dimensões ousadas, já que alguns chegam a atingir um metro.
Contamos com a tua presença e boa disposição, no dia 22 de janeiro, das 9H30 ate as 10h00, para um Café.