No horizonte da esperança, vão raiar as luzes de uma nova era. O Ano Velho vai saindo, alquebrado, gasto; curvado ao peso dos dias, das promessas, da solidão. Vai chegar o Ano Novo, como bebê recém-nascido, gerado no ventre da eternidade, assustado com o calendário, com medo da humanidade.
Ano Novo, criança frágil que ensaia os primeiros passos, na cadência de doze meses pequenos demais para tantos planos. Ainda não aprendeu a falar a linguagem desatualizada do Ano Velho: “não tive tempo”, “esqueci-me”, “amanhã eu vou”, “um dia volto”, “não posso”.
O Ano Velho sai em contagem regressiva pela estrada descartável da ingratidão, nem sabe o que fez das 365 oportunidades anotadas diariamente na sua agenda de omissão. Fez de conta que não viu as 24 horas despejadas pelo caminhão de entrega celestial, e muita coisa perdeu-se do lado de fora.
Na reconstrução do tempo não se olha para trás. Tão logo o relógio aponta o minuto que faltava, já foi. Sem despedida e desculpas, passou, ficou a realidade do simbólico e imaginário na curva do infinito. Já era.
Ano Novo! A hora é agora, não se espera na estação do tempo o que já era.
Vem o novo! Chega depressa, sem avisar. Na empresa da vida, não se arquivam ideais: ficam expostos na vitrine do potencial que saltam das prateleiras, toda vez que o painel de atitudes entra em ação. O automatismo de decisões faz parte da capacidade individual e ressalta na luminosidade da visão confiante. A maior pedra de tropeço nessa estrada é você.
Feliz Ano Novo! Feliz construção de cada dia! Feliz administração da vida! Feliz desempenho na gerência das emoções, no controle do eu, na conquista do espaço, no exercício do respeito.
A velhice do Ano Velho, em fase de substituição, já mostra rugas de preocupação na testa do dever não cumprido. Um vendaval de desculpas sopra forte sobre os erros, deixando à mostra as cicatrizes do mau uso do tempo. Cuidado com o vento das decepções.
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