Seguindo pelo Caminho da Trincheira, por cima das antigas salinas, podemos observar a interessante construção, um pouco arruinada, do antigo Forno da Cal.
A produção de cal foi sempre olhada com certa atenção pelas autoridades dada a sua absoluta necessidade para diversos afazeres, principalmente ligados à construção civil e dentro deste campo a sua manutenção.
O conjunto articula-se em dois edifícios anexos, havendo o forno e chaminé, propriamente dito, no alto qual se colocava a cal a cozer, por uma porta ainda existente e dando para o caminho da Trincheira e um outro edifício mais abaixo, de um só piso, ao nível das salinas e por onde se alimentava o forno com lenha vinda de barco da foz da Ribeira dos Socorridos. Igualmente vinha de barco a cal virgem, que desembarcava nestas salinas, proveniente do Porto Santo.
Propriedade da Câmara Municipal, encontra-se hoje ocupado com uma também antiga indústria artesanal de secagem de «peixe gata». Este esqualo (Scymnus lichia) dos mares profundos da Madeira, pescado entre 300 e 1800 metros de profundidade, tinha até há pouco tempo um certo interesse comercial, pelo azeite que se extraía do seu fígado e pela utilização da sua pele como lixa.
O Forno da Cal terá sido construído por volta de 1874 por Roque Teixeira de Agrela e alvo de obras de restauro e adaptação em 1914. Por volta do ano de 1960, foi desativado dadas as constantes reclamações da população vizinha em virtude do odor e fumo resultante da sua atividade. Por morte de Roque Teixeira de Agrela, a propriedade passou, de acordo com sua indicação testamentária de 28 de setembro de 1877, para Januário Roque, que, pelo mesmo testamento, passa por morte deste último para Rita Correia Teixeira Agrela que, em 1914, ainda detinha a sua propriedade. Em 1937, este forno já era pertença de Manuel Joaquim Trindade, havendo dúvidas se ele terá ou não sido vendido em 1944 à Empresa Industrial da Madeira. Em 1947, é adquirido por José Maria Branco, que o vende em 1980 à Câmara Municipal de Câmara de Lobos, juntamente com as antigas salinas a ele anexas, conforme escritura lavrada em 14 de abril desse ano pelo chefe de secretaria na qualidade de notário privativo daquela edilidade, pelo valor de quinhentos mil escudos.
Atualmente, o forno insere-se no projeto da Frente Mar de Câmara de Lobos, onde se inclui as Salinas e toda a zona da Trincheira, e é considerado Património Local pelo Governo Regional.
ATENÇÃO:
A cache encontra-se junto a residências, pelo que pedimos a máxima discrição possível. A durabilidade da mesma depende de todos nós. Obrigado!
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