Ferreira do Alentejo é uma vila portuguesa pertencente ao Distrito de Beja, região do Alentejo e sub-região do Baixo Alentejo, com cerca de 3 700 habitantes.
É sede de um munícipio com 648,25 km² de área e 8 255 habitantes (2011), subdividido em 4 freguesias. O município é limitado a norte pelos municípios de Alcácer do Sal e do Alvito, a leste por Cuba e por Beja, a sul por Aljustrel, a sudoeste por Santiago do Cacém e a oeste por Grândola.
A tradição popular afirma que por volta do século IV, na zona onde hoje se ergue o povoado de Ferreira do Alentejo, existia uma exuberante e próspera cidade romana denominada Singa.
Essa cidade seria, contudo, atacada, por volta de 405 da era cristã, por povos bárbaros, os suevos e os godos, que teriam sido detidos pela valentia de uma valorosa mulher.
Essa mulher, esposa de um ferreiro, terá defendido a porta do castelo com dois malhos.
Este facto, que até hoje nos traz algumas dúvidas e que ainda não pôde ser confirmado cientificamente, deu imagem ao Brasão da vila no qual figura uma mulher com um malho em cada mão.
Escultura de um Ferro de Engomar, num jardim da vila de Ferreira do Alentejo “representa não só o nome do Jardim onde está edificado mas, também, a força da mulher e das profissões, contestando e revendo preconceitos e limitações que foram impostas às mulheres ao longo dos anos".
Ferreira do Alentejo é uma vila situada numa zona de vasta e típica planície da região do Alentejo no Distrito de Beja conta com uma história rica e interessante, com vestígios da ocupação Visigótica e Romana. Algumas casas senhoriais e palacetes dignos de registo fazem parte também do seu património arquitetónico.
Ferreira do Alentejo, o Concelho e a Vila.
História
As origens da ocupação humana no território do concelho de Ferreira do Alentejo remontam ao final do Neolítico, como atesta o espólio arqueológico abundantemente encontrado ao logo das margens da ribeira de Vale d´ouro e no povoado do Porto Torrão.
O concelho foi doado em 1233 à Ordem de Santiago da Espada que construiu, na zona mais alta e estratégica de Ferreira, um imponente castelo. Porém, em 1838, por deliberação da Junta de Paróquia, o castelo, já arruinado, foi demolido e, no seu lugar, construiu-se o cemitério público.
Dependente, espiritualmente, do bispado de Évora, só em época mais tardia se definiu a circunscrição administrativa autónoma pelo floral da Leitura Nova, concedido em Lisboa a 5 de Março de 1516 por D. Manuel I.
O topónimo da vila está intimamente ligado a uma tradição popular, a lenda da cidade de Singa, que afirma que por volta do século V uma valorosa mulher, esposa de um ferreiro, defendeu o povoado dos invasores bárbaros.
Andar pelas ruas da vila de Ferreira é contactar, passo a passo, com a história deste concelho materializada pelas inúmeras igrejas, capelas, ermidas e solares que compõem ainda hoje cada uma das suas artérias. De construção singela ou arquitectonicamente mais arrojada, estas capelas, ermidas e solares evocam tempos remotos e concentram - se, na sua grande maioria, nas artérias radiantes da Praça Comendador Infante Passanha - Rossio - onde se localizam os principais imóveis da vida profana e religiosa de Ferreira.
- Capela do Calvário
De entre todas e quaisquer capelas ou igrejas da vila, evidencia-se uma a sui generis Capela do Calvário. De arquitectura arrojada, evocando o martírio de Cristo, esta pequena capela, exemplar único no nosso País é Imóvel de Interesse Público e tornou-se o símbolo do Município.
- Igreja Matriz
Apesar das sucessivas remodelações que sofreu ao longo dos anos, a Igreja Matriz ou de N.ª Sr.ª Da Assumpção, já mencionada em documentos do século XIV, apresenta na sua fachada principal uma interessante porta encimada pelo símbolo dos cavaleiros da Ordem de Santiago do Espada, patronos desta vila a partir do século XIII. É também aqui, junto ao altar que se encontra sepultado, D. João de Sousa, um dos principais e mais importantes comendadores da vila de Ferreira.
- Igreja N.ª Sr.ª Da Conceição
De fachada discreta, de barras azuis, a Igreja de N.ª Sr. ª Da Conceição, anteriormente designada Ermida de São Pedro, é a casa de morada da pequena e misteriosa imagem de Nossa Senhora da Conceição que, se crê, ter acompanhado Cristovão Estribeiro, fidalga da terra, numa das viagens em que este acompanhou Vasco da Gama à Índia.
O seu arco cruzeiro é revestido por um painel de azulejos único na Península Ibérica, datável do Século XVII.
- Igreja da Misericórdia
Evocando o estilo Manuelino e os trabalhos em pedra onde se vislumbram as pinhas, figuras antropomórficas e os encordoados, está o pórtico que embeleza a Igreja da Misericórdia que pertenceu originalmente à antiga igreja do Espírito Santo, demolida em 1911. Desta última, recolheu-se igualmente um belo políptico de pintura, datado do Século XVI, também guardado na igreja da Misericórdia. Este exemplar pode ser admirado, atualmente, no Museu Municipal de Ferreira.
Por toda a vila se avistam solares e casas de arquitetura peculiar testemunho de um vastíssimo património arquitetónico de outrora, apesar do advento da República a 5 de Outubro de 1910 em muito a ter empobrecido.
Habitada por ilustres famílias transtaganas, a atual vila conserva ainda peças de edificação distinta como serão o caso do Solar dos Frades, na rua Miguel Bombarda, da Casa Verde, junto à Praça Comendador Infante Passanha, da Casa Borges ou ainda do Solar os Três Irmãos, à saida da Vila. Na sua grande maioria, são imóveis do século XIX, ostentando fachadas de frisos estucados, janelas com gradeamentos em ferro forjado , com interiores requintadamente decorados por estuques relevados e pinturas assinadas por João Eloy Amaral.
Alguns destes solares foram transformados e são hoje unidades de turismo habitação, caso do Solar dos Frades, e de turismo rural, caso da Casa Verde.
Também digno de referência é o edifício, de fins do século XIX, pertença até 1960 de Luís António Passanha Pereira, situado na confluência da Praça Comendador Infante Passanha e da Rua Visconde de Ferreira do Alentejo, atualmente ocupado pelo edifício sede da Câmara Municipal.
Na rua do Conselheiro Júlio de Vilhena encontramos ainda outro solar, onde funcionam hoje, o Museu e a Biblioteca Municipais. Trata-se da Casa Agrícola Jorge Ribeiro de Sousa, herdeiro dos condes de Avilez e da Boa Vista e da Morgada da Apariça. Adquirido pela Autarquia na década de 70, este edifício sofreu algumas alterações, porém ainda mantém no piso térreo as abóbadas de ogiva, os frisos de estuque relevados e o requinte floral das varandas em ferro forjado nitidamente atribuíveis ao século XIX.
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