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APANHA do SARGAÇO Traditional Geocache

Hidden : 2/6/2016
Difficulty:
1.5 out of 5
Terrain:
1.5 out of 5

Size: Size:   other (other)

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Geocache Description:


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APANHA DO SARGAÇO

De 15 de junho a 15 de outubro, as areias da praia de Moledo cobrem-se de tapetes e montículos escuros. Há um forte cheiro a iodo no ar. Trata-se de sargaço ou “argaço” como é chamado pelas populações de Moledo. A sua apanha exige uma licença concedida pela Capitania do Porto de Caminha. Depois, em maio ou nos inícios de junho a praia é dividida em talhões de 10mx50m que são sorteados entre os sargaceiros ficando cada talhão (ou “sorte” demarcado por estacas. Os melhores meses para a apanha são os do verão, particularmente Julho.

O sargaço é composto por várias algas marinhas conhecidas pelos sargaceiros pelos nomes de “verdelho”; pespelho”, “carocha”, “crespelho” ou “musgo”.

Antigamente para o recolher, o sargaceiro utilizava o “redenho” constituído por um cabo de madeira tendo na extremidade um meio arco do qual se prendia um saco em rede. O sargaceiro colocava o “redenho” à sua ilharga direita e segurava-o pelas duas mãos, estando a esquerda mais perto do arco e ficando o braço direito fletido pelo cotovelo. Entrava na água com o “redenho” em posição oblíqua e manejava-o em movimentos amplos repondo ate ao fundo e levantando-o quando estivesse cheio de sargaço. Depois arrastava-o para a praia sendo, por vezes, ajudado neste penoso trabalho.

 

Hoje o sargaço é atirado pelo mar para a praia sendo arrastado pelos sargaceiros para ficar na areia húmida fora do alcance das ondas.

 

Em seguida com o emprego de uma espécie de ancinho com quatro dentes em madeira (o “despedouro”) é carregado em padiola transportada a braço para os talhões onde o sargaço fica amontoado.

 

Para a sua secagem ser feita nas melhores condições é retirado dos montículos e distribuído em leve camada na areia do talhão. Para este trabalho é usado um ancinho com maior número de dentes dos existentes no “despedouro” ou era feito mesmo com as mãos. Quando fica seco é levado em trator (antigamente em carro de bois) para as casas dos lavradores.

 

Antigamente era guardado nas casas do sargaço (os “cobertos”) junto à praia de Moledo.

As atuais aplicações do sargaço são o emprego como fertilizante natural dos campos e como matéria prima para as indústrias farmacêuticas e de Cosmética. O Japão é um dos destinos das algas de moledo.

Longe vão os tempo em que a apanha do sargaço ou “argaço” na praia de Moledo era uma prática habitual.

Cultura com séculos de história, a apanha das algas constitui, em tempos, uma importante atividade económica e social nesta freguesia.

Hoje já são poucos os que se dedicam a esta atividade que, em tempos, chegou a juntar mais de 200 pessoas no areal.

Faina dura e perigosa, cabia aos homens entrar no mar e enfrentar as ondas revoltosas.

As mulheres ficavam normalmente em terra e a elas cabia a tarefa de transportar o sargaço para a secagem.

Utilizado como fertilizante na agricultura, ao longo dos anos este adubo natural foi sendo substituído por fertilizantes químicos, mais perigosos para a saúde e que retiram paladar aos alimentos.

Moledo, terra de sargaceiros e sargaceiras, gente que ao longo da sua vida se dedicou a esta atividade, repartindo os dias entre o mar e a terra.

Com 88 anos, José Veiga é um desses moledenses.

Começou cedo, com apenas 11 anos, a ajudar a mãe na apanha do “argaço” e esta foi a sua vida.

“Foram 77anos a percorrer esta praia de uma ponta a outra. Tinha 11 anos quando comecei a trabalhar, era um garrano pequeno.Vim sempre enquanto pude. No verão vinha à praia e quando não estava na praia pegava na “caneta” e ia para os campos trabalhar”

José Veiga diz que era como a formiga, aproveitava tudo o que podia.“Primeiro ia buscar para os nossos campos e depois vendia para fazer algum dinheiro para o inverno. Vendi muito argacinho, muitos palheiros de “argaço” não só para pessoas aqui da terra, mas também para a Póvoa e outros sítios. Vinham aqui buscar aos camiões de “argaço” e ás vezes num dia ganhava-se a semana”.

Atualmente o Ti  Veiga, como é conhecido em Moledo, já não se dedica a esta atividade mas de vez em quando ainda vai matar saudades à praia e, se o mar estiver a dar sargaço, aproveita para encher uns saquinhos.

José Veiga recorda que no seu tempo tinha que entrar pelo mar dentro com o “redenho” e com a água pelo pescoço para trazer o sargaço para terra. Nunca apanhou nenhum susto mas reconhece que era uma vida um bocado dura.

“Como eu não sabia nadar também não arriscava muito. Aqueles que sabiam eram mais afoitos e faziam-se mais ao mar”

A apanha do sargaço começava por volta das seis da manhã e antes desse horário não era permitido entrar na água.

“Estava um guarda a ter conta em nós e a fila chegava a ter mais de 100 pessoas que ficavam ali com os redenhos à espera que ele apitasse para poderem finalmente entrar na água.

Nós sabíamos que não podíamos ir para além de um determinado limite mas às vezes abusávamos um bocado e ele (o guarda) lá estava com a espingarda apontada a mandar-nos recuar. Nós recuávamos mas à primeira oportunidade lá dávamos mais dois ou três passos, era assim”.

Na retaguarda havia quem tivesse ajudas e quando assim era a quantidade de sargaço recolhida era muito maior

 “Enquanto uns estavam no mar a recolher o argaço com o redenho, outros já estavam na areia à espera com outro redenho vazio para lhes entregar e receber o que vinha cheio do mar. Não se perdia tempo, era uma luta e quem tinha ajuda safava-se melhor, eu vim muitas vezes sozinho e claro, era mais difícil”.

Tempos difíceis e uma vida dura como recorda o ti Veiga. “Andávamos sempre molhados e às vezes com frio mas tínhamos que andar”

A atividade começava em junho mas às vezes em maio o mar já dava alguma coisa. “Às vezes em maio já dava a chamada “folha de maio” mas o forte era a partir de junho até setembro. Em outubro ainda se faziam algumas marés mas poucas”.

Depois de retirado do mar o sargaço era posto a secar durante dois ou três dias, sendo depois recolhido para os cobertos.

“Quanto mais depressa secasse melhor porque assim já ficávamos com espaço livre para secar outro”.

Das algas que vinham do mar a mais valiosa era o crespelho. José Veiga recorda que era bem paga, rondava os 11 escudos a arroba, e ia toda para o Japão para fazer medicamentos e plásticos.

“Eu cheguei a comprar muito crespelho para o senhor Lopes de Viana. Comprava e pesava por conta dele e depois ele pagava-me. Rendia mais ou menos 11 escudos a arroba não era mau mas nós queríamos sempre mais.”

Enquanto o crespelho era pago a 11 escudos a arroba, o restante valia pouco mais do que 5 tostões o quilo.

“Eu cheguei a vender o crespelho a 90 escudos o quilo mas durou pouco tempo porque chegou uma ordem do governo que proibia a venda desta alga para o estrangeiro. Mas teve graça que conforme se deixou de vender, assim deixou também de se apanhar. Parece que de um momento para o outro o crespelho desapareceu do mar, até parece que foi praga”.

 

Praticamente desaparecida, ainda hoje há quem ande por Moledo a tentar arranjar o crespelho. José Veiga explica que há pessoas que utilizam esta alga para fazer uma espécie de remédio para os ossos. “Misturam com álcool e depois quando têm dores nas articulações ou nos ossos esfregam com aquilo e parece que dá resultado”.

A CACHE

Contém o habitual logbook, tem  material de escrita.
Façam os possiveis por ser discretos, e nao estragar nada,  assim como recolocar a cache tal como  a encontraram de forma a manter a sua longevidade.

Peço encarecidamente  o maximo de discrição na sua procura. 

 Obrigado pela vossa visita. Divirtam-se... ;) 



 

http://lugardoreal.com/video/argaco#click-high

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