CASA DA PRELADA
Situada na freguesia de Ramalde, junto ao Carvalhido, na rota dos Caminhos de Santiago (antiga estrada para a Galiza), a Quinta da Prelada elege-se como um dos espaços mais notáveis e grandiosos do aro do Porto.
De facto, trata-se da maior obra de arquitetura paisagística concebida pelo arquiteto e pintor italiano Nicolau Nasoni, concretizada, provavelmente, entre 1743 e 1748. Na Prelada, Nasoni criou um percurso desde os obeliscos, inicialmente situados no Carvalhido (a primeira entrada da Quinta), até à mata da propriedade (antigo Parque de Campismo), que perfazia cerca de1,5 km. Devido às alterações urbanas que a zona do Carvalhido sofreu, os obeliscos acabariam por ser transferidos para o Jardim do Passeio Alegre, na Foz do Douro, em 1937*.
Até à abertura da Via de Cintura Interna (VCI), a Casa Nobre estava ligada ao recinto onde se eleva uma torre por um eixo com cerca de400 metrosde extensão. Vulgarmente designada por "Castelo", esta torre é considerada um testemunho iniciador do revivalismoem arquitetura. Embreve, parte deste percurso será refeito, até à VCI, dando origem a um novo espaço cuja designação será de “Jardim das Quatro Estações”.
Em 1758, Francisco Mateus Xavier de Carvalho, pároco de Ramalde, esclarece-nos, nas Memórias Paroquiais, sobre os diversos espaços que constituíam o conjunto paisagístico da “(…) Quinta, que passa pella melhor destas Provincias (…)” e refere-nos que “(...) as Cazas estão comesadas com riscos de Nazoni pintor italiano, que vive na cidade do Porto (...)”. Nesta altura, a propriedade pertencia a D. António de Noronha e Menezes de Mesquita e Melo, fidalgo da Casa Real e cavaleiro da Ordem de Cristo, e a sua mulher D. Mariana Isabel de Mesquita Noronha. Esta era sobrinha de D. Manuel de Noronha e Menezes, arcediago do Porto, que apadrinhou vários filhos de Nicolau Nasoni.
À semelhança do Palácio do Freixo, o projeto da Casa da Prelada previa quatro torres, tendo sido executado apenas um quarto da obra. O desenho e a gramática decorativa empregue nos vãos da Casa da Prelada, onde predominam os elementos heráldicos dos Noronha e Menezes, é facilmente reconhecível noutras obras de Nasoni.
O portão nobre, posteriormente intervencionado por Nasoni, e a primitiva casa devem respeitar à segunda metade do século XVII. Num desenho do litógrafo Joaquim Vilanova, datado de 1833, vê-se a torre e o corpo central nasoniano, e, adossado a estes, uma construção mais baixa, restos da casa primitiva. Esta área foi demolida no século XIX e substituída por um volume que procurou rematar o edifício.
Em 16 de Maio de 1903, D. Francisco de Noronha e Menezes, através do seu testamento, lega a Quinta da Prelada à Santa Casa da Misericórdia do Porto. O imóvel teve várias utilizações ao longo do século XX: Hospital de Convalescentes, em interligação e na dependência do Hospital de Santo António (1906-1960); Centro de Recuperação de Diminuídos Físicos (1961-1973); e, finalmente, Lar da Terceira Idade (1974-2003).
Em 1938, o lago, as fontes e a escadaria foram classificados como “Imóvel de interesse público”. Esta classificação foi revogada em 1977 e passou, também, a abranger a casa, os jardins e a mata.
Em 12 de junho de2002, aMesa Administrativa da Misericórdia do Porto deliberou criar-se na Casa da Prelada um polo cultural destinado a acolher o Arquivo Histórico e a Provedoria. Esta proposta foi apresentada por Estêvão Samagaio, então Vice-Provedor com os pelouros do Culto e Cultura. Seguiu-se o lançamento de um concurso, tendo sido escolhido o projeto apresentado pelo arquiteto António Leitão Barbosa.
A Casa da Prelada – D. Francisco de Noronha e Menezes reabriu ao público no dia 12 de maio de 2013, dia de Nossa Senhora da Misericórdia.
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