A Raposa
Peso: 3.1-7.8 Kg (fêmeas), 4.6-8.6 kg (machos)
Comprimento: Cabeça-corpo: 52.0-72.0 cm (fêmeas), 65-90cm (machos); Cauda: 32 - 44 cm (fêmeas), 33 - 48cm (machos)
Dimorfismo sexual: ligeiro
A raposa é uma das duas espécies de canídeos silvestres que ocorre em Portugal, juntamente com o Lobo-Ibérico. A espécie é facilmente reconhecida pelo seu focinho pontiagudo e orelhas proeminentes. Apresenta uma pelagem castanho-avermelhada no dorso que contrasta com a coloração branca do ventre, contudo a cor da pelagem pode ser bastante variável. As extremidades do corpo, nomeadamente as orelhas e os membros apresentam coloração negra. A cauda é longa e tufada, apresentando usualmente uma mancha de cor branca na ponta.
Ecologia
Distribuição: A espécie está amplamente distribuída no hemisfério Norte, estando ausente em determinadas ilhas (ex. Islândia) e zonas de climas extremos (ex. algumas regiões da Sibéria). Em Portugal a espécie está presente em todo o território de forma generalizada e uniforme não ocorrendo no arquipélago dos Açores e da Madeira.
Habitat: A raposa utiliza um grande espectro de habitats. Habita preferencialmente zonas de matagal, floresta e campos agrícolas, mas pode ser encontrada em ambientes subárticos e desérticos. Ocorre desde o nível do mar até alta montanha e pode frequentar zonas urbanas.
Guilde Trófica: Carnívoro
Estatuto de proteção: Pouco Preocupante (LC) em Portugal e a nível global
Ameaças: Perseguição directa, nomeadamente caça ilegal e envenenamento; Atropelamentos; Destruição e fragmentação do habitat.
Descrição Geral
A sua longevidade em estado selvagem oscila entre os 9 e 13 anos de idade, embora seja frequente não atingirem estas idades devido a mortalidade não-natural (ex. atropelamentos, envenenamentos e pressão cinegética).
Reprodução
A maturidade sexual ocorre habitualmente no primeiro ano de vida, porém em zonas com elevada densidade populacional pode ocorrer mais tarde. O período de acasalamento decorre de Dezembro a Fevereiro, nascendo as crias entre Março e Maio, após 52 dias de gestação. As crias nascem cegas e abrem os olhos nas primeiras semanas de vida. Ambos os progenitores participam nos cuidados parentais. Até aos 6 meses apresentam uma pelagem parda e escura, sendo que após este período adquirem a coloração típica da pelagem dos adultos. As crias ficam independentes entre Setembro e Dezembro.
Ecologia alimentar
A grande capacidade adaptativa da espécie está intimamente ligada à flexibilidade da sua dieta. É uma espécie omnívora e oportunista que tende a alimentar-se dos recursos mais abundantes no seu território. Os roedores são presas típicas, nomeadamente o ratinho-do-campo. O coelho pode ser também uma presa frequente, principalmente durante a época de criação e na região Sul da Península-Ibérica onde é mais abundante, uma vez que permite ter grandes ganhos energéticos. O consumo de coelho nas regiões de Espanha onde o lince-ibérico está presente leva por vezes a competição das duas espécies pelo mesmo alimento, sendo a raposa por vezes morta pelo lince. A raposa consome também frequentemente frutos diversos e insectos (ex. escaravelhos) bem como outros vertebrados (insectívoros, aves, répteis e anfíbios). A espécie pode ainda recorrer à necrofagia, nomeadamente de animais domésticos como a cabra e a ovelha. Nos ambientes urbanos em que está presente, podem frequentar lixeiras.
Organização social
A espécie é territorial e organiza-se em núcleos familiares. Estes grupos são usualmente constituídos por um macho que lidera uma a quatro fêmeas. A marcação territorial é feita habitualmente através da deposição de excrementos em locais proeminentes bem como marcações de urina. O tamanho do território de cada núcleo familiar é variável e habitualmente está condicionado à disponibilidade de alimento. Em Portugal existem registos de territórios que variam entre 1.8 e 2.5km2.
Comportamento
Embora maioritariamente nocturna, a espécie pode estar activa durante o dia, nomeadamente no Sul da Europa e em áreas que apresentam reduzida perturbação humana bem como no período do ano em que as noites são mais curtas. A actividade diária da espécie é maioritariamente dedicada à caça de presas e à defesa do território, podendo diariamente percorrer 10km. Ao contrário do que acontece com o lobo-ibérico, que tende a caçar em grupo, o comportamento de caça é tipicamente solitário. A aproximação às presas é feita de forma silenciosa e discreta, quando suficientemente perto tende a saltar por cima da presa para a capturar. A raposa tende a utilizar tocas, por si escavadas ou escavadas por outros (ex. coelho ou texugo Meles meles) que utiliza para se abrigar e esconder de predadores.
Medidas de Conservação
Em Portugal a espécie está incluída no Anexo D da Convenção de CITES, contudo pode ser legalmente caçada em Portugal segundo a lei da caça (in Decreto-Lei nº227-B/2000 de 15 de setembro). Podem ser aplicadas à espécie, práticas de controlo de predadores em zonas de regime especial e sob autorização.
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