Viveu em tempos um jovem Príncipe, belo e rico, que reparou que os amigos ficavam tolos quando se apaixonavam, aperaltando-se e divertindo-se, perdendo o apetite e até a dignidade. O jovem Príncipe decidiu nunca se deixar dominar por tal fraquea e usou Magia Negra para assegurar a sua imunidade. Desconhecendo o seu segredo, a família ria-se de o ver tão altivo e frio.
- Tudo mudará - profetizavam - , quando uma jovem lhe despertar o desejo. Todavia, os afectos do jovem pricipe permaneciam intocáveis. Apesar de muitas donzelas se intrigarem com o seu semblante altivo e usassem as artes mais subtis para lhe agradar, nenhuma conseguiu tocar-lhe o coração. O Príncipe vangloriava-se da sua indiferença e da sagacidade que a produzira.
A frescura da primeira juvenude esmoreceu e os seus companheiros começaram a casar e a trazer filhos ao mundo. «Os seus corações devem estar ocos», desdenhava para consigo, ao observar as palhaçadas dos jovens pais em seu redor, «murchos deido ás exigências das suas proles lamurientas!» E, mais uma vez, congratulou-se pela sagacidade da sua decisão. A seu tempo os idosos pais do Príncipe morreram. O filho não os chorou; pelo cotrário, considerou a sua partida uma benção. Agora reinava sozinho no cstelo. Transferiu o seu maior tesouro para a masmorra mais profunda e entregou-se a uma vida de despreocupação e opulência, sendo o seu conforto o único objectivo dos seus inúmeros criados. Acreditava que devia ser alvo de uma imensa inveja por parte de todos os que contemplavam a sua esplêndida e tranquila solidão. Por conseguinte, a sua raiva e desgosto foram violentos ao ouvir, ceto dia, inadvertidamente dois dos seus lacaios a falar sobre si. O primeiro revelou pena do Príncipe, o qual, apesar de toda a sua riqueza e poder, não era, porém, amado por ninguém. O seu companheiro, todavia, escarneceu, questionando-se por que motivo um homem com tanto ouro e um caselo palaciano era incapaz de arranjar uma esposa. Aquelas palavras desferiram um golpe terrível no orgulho do Príncipe. Decidiu de imediato procurar uma mulher, que devia ser superior a todas as outras. Seria dona de uma beleza espantosa, que despertasse a inveja e o desjo de todos os homens que a contemplassem; a sua linhagem seria de origem real, a fim de que os filhos herdassem sangue da mais pura linhagem real; e possuiria uma riqueza no minimo equivalente á dele, de forma a assegurar a sua confortável existência, apesar do aumeto dos membros da família.
...continua
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