O grupo de bombos Aguias do Marão
Remonta aos primórdios da nação a chegada das primeiras famílias ao sopé da serra do Marão, a fixação das pessoas, primeiro sob a forma de semi-nómadas (entre a serra e o povoado Paradela do Monte - devido a uma clareira abrigada do clima agreste ) depois com a fixação neste lugar de água abundante e terra de granjeio e onde a criação de gado, sobretudo ovino e caprino que acompanhando as estações do ano, ora na serra ora no vale, foram dando origem a uma comunidade que apesar de isolada criou algumas especificidades culturais relacionadas com a veneração dos espíritos bons e a criação de sons produzidos por instrumentos de percussão (Bombos e Caixas) feitos a partir das peles dos animais e arcos de utensílios da lavoura que, encastrados de forma sábia e manuseados de forma artística com ritmos veementes afugentando os espíritos maus fazem ouvir bem longe o som inconfundível o toque dos bombos. A Águia é também associada a esse mesmo afugentar dos espíritos mais negativos que grassam nas entranhas da serra do Marão.
O nascimento do “Grupo de Bombos Águias do Marão” está intimamente ligado a todo o ritual das festividades carnavalescas que todos os anos por volta do mês de Fevereiro têm grande tradição nas aldeias serranas e mais concretamente na aldeia de Paradela do Monte, primeiro com a semana das amigas, seguida da semana dos amigos vindo depois a das comadres e em véspera do entrudo, a dos compadres, em todas estas semanas se tocam estes instrumentos de forma efusiva.
Os bombos e as caixas feitos com peles de cabra e de ovelha produzem um som característico de alegria e festa que a ninguém saudável deixa de sensibilizar.
Tocar bombo ou caixa é uma moda inter-geracional sendo que podemos observar que no grupo de bombos participam crianças, rapazes, raparigas, jovens, menos jovens e velhos. Será uma das razões por que se mantem viva de geração para geração esta tradição do grupo de bombos.
Escrito por
Norberto Teixeira