O Rococó (da palavra francesa rocaille, que significa "concha"), entra em Portugal pelo norte, enquanto Lisboa, devido aos faustos da corte, se mantém agarrada ao Barroco. É uma arquitectura que segue a grande corrente internacional muito decorada, e, devido ao granito escuro em contraste com as paredes brancas, de perfil claramente português. A decoração é naturalista, baseada principalmente em concheados e folhas de acanto, mas também elementos arquitectónicos e escultura. Tornam-se moda os locais de peregrinação, construídos frequentemente em locais de relevo acidentado, permitindo imponentes escadórios de grande efeito cenográfico como Nossa Senhora dos Remédios em Lamego. André Soares destaca-se na região de Braga, sendo os principais exemplos o Santuário da Falperra, a Igreja dos Congregados, a Câmara Municipal de Braga e a Casa do Raio, entre muitos outros.
André Soares (Braga, 1720-1769) foi um criador de obras de arquitetura, talha, ferro, desenho e cartografia. A sua grande capacidade financeira permitiu-lhe não precisar de trabalhar. Como era corrente na época, as suas obras dividem-se por duas correntes artísticas: o rococó e o tardobarroco. O rococó chegou a Braga pela mão do arcebispo D. José de Bragança (1741-1756). André Soares beneficiou do seu apoio ao ser escolhido para desenhar o novo Paço Arquiepiscopal, em que oscilou entre o gosto joanino e os novos valores do rococó. Rapidamente, porém, mudou para o novo estilo, de que são exemplos a nova fachada da Capela de Santa Maria Madalena da Falperra e o Palácio do Raio.
A Capela de Santa Maria Madalena da Falperra, saída das mãos do grande André Soares na década de 50 do século XVIII, é um dos monumentos barrocos mais relevantes do concelho de Braga.
Apesar das polémicas sobre se a linha de fronteira entre Braga e Guimarães passa atrás da sacristia ou em frente da fachada, a verdade é que foi erigida voltada à cidade dos arcebispos e a expensas dos fiéis bracarenses. Mais bracarense é difícil, mesmo que nos anos 60 alguém se tenha lembrado de desenhar a linha da carta militar um pouco mais à frente do que duas décadas antes...
A fachada marca pela originalidade dos traços, as duas 'falsas' torres, o janelão central e o seu enquadramento no retábulo de pedra desenhado pelo arquitecto do Minho. A planta é inusitada e não se sabe muito bem a quem atribuir a sua autoria.
O traçado rococó continua no interior, onde se podem admirar três retábulos, também de André Soares, que completam com sublimidade o percurso iniciado no exterior. Saliente-se a imagem de Cristo na cruz, que preenche o retábulo-mor, encomenda do início do século XX, ao grandioso escultor bracarense João Evangelista Vieira, e que inspirou o escritor lisboeta Antero de Figueiredo numa das suas grandes obras "O último olhar de Jesus". Para crentes ou não-crentes, vale a pena admirar!..
Em novembro de 2013, a Direcção Geral do Património iniciou o processo de classificação da Capela de Santa Maria Madalena da Falperra como monumento de interesse público.
A classificação do Santuário de Santa Maria Madalena da Falperra como património nacional foi aprovada a 3 de novembro de 2016 em Conselho de Ministros, encontrando-se atualmente classificado como Monumento Nacional através do Decreto nº 1/2017 de 02 janeiro 2017.