CONES DE ESCÓRIAS E CONES DE “SPATTER”
Os cones de escórias são a forma vulcânica mais comum na ilha de São Jorge, encontrando-se por toda a ilha mas com especial incidência na sua metade Ocidental, segundo alinhamentos vulcano-tectónicos de orientação geral WNW-ESE.
Trata-se de vulcões monogenéticos, ou seja, edificados no decorrer de uma única erupção vulcânica, na sua maioria do tipo estromboliano e de baixa a moderada explosividade (Nunes, 1998), a qual dá origem a um cone piroclástico (com cinzas, lapilli e blocos ou bombas) usualmente de contorno circular, vertentes inclinadas e rectilíneas e geralmente truncado no topo por uma cratera. Estas erupções têm usualmente associados episódios efusivos, com a emissão de escoadas lávicas mais ou menos volumosas.
Os cones de salpicos de lava (ou de spatter) são comparativamente mais raros na ilha de São Jorge e testemunham acumulações piroclásticas de material de textura escoriácea que, dado o seu estado plástico ao atingirem o solo, se apresentam soldados (welded) ou aglutinados entre si. A edificação destes cones ocorre essencialmente na dependência directa de fissuras eruptivas ou de erupções do tipo havaiano, predominantemente efusivas, como foi o caso das bocas eruptivas associadas ao Mistério da Queimada, da erupção de 1580.
De entre os cones de escórias presentes na ilha de São Jorge merecem especial destaque:
· O Pico do Areeiro (958 m), cuja erupção terá ocorrido há cerca de 2530 anos
(Madeira, 1998) e cujas escoadas deram origem à fajã lávica do Ouvidor, na costa Norte da ilha;
· o Pico da Esperança, onde se situa o ponto mais alto da ilha, constituído por escórias basálticas e que se terá formado há cerca de 5300 anos, de acordo com datações pelo método 14C disponíveis em Madeira (1998);
· o Pico Verde, o Pico das Brenhas, o Pico Pinheiro e o Pico Montoso, que, em conjunto com os anteriores, são os cones de maiores dimensão da ilha; segundo Madeira (1998), as erupções do Pico Pinheiro e do Pico Montoso ocorreram há 1360 ± 45 anos e há 1120 ± 45 anos B.P. (Before Present), respectivamente.
DEPRESSÕES VULCÂNICAS
As depressões vulcânicas de São Jorge são de pequena dimensão (em geral inferiores a 250 m de diâmetro) e cingem-se às crateras de explosão implantadas no topo dos cones vulcânicos monogenéticos anteriormente referidos . A maior cratera da ilha, com diâmetro inferido de cerca de 500 m, está associada ao maior cone vulcânico existente em São Jorge, o cone de tufos do Morro Grande de Velas.
LAGOAS INTERIORES E LAGUNAS COSTEIRAS
Na zona mais elevada da cordilheira central, a cotas superiores a 750 m, o grau de alteração dos piroclastos, associado à elevada pluviosidade e humidade do solo, potencia a formação de níveis impermeáveis que, por sua vez, favorecem o aparecimento de lagoas ou charcos, permanentes ou temporários, nas crateras dos cones vulcânicos, como são o caso das lagoas do Pico da Esperança, do Pico Pinheiro, do Pico Alto e do Pico das Brenhas. Do mesmo modo, em zonas topograficamente deprimidas entre cones vulcânicos adjacentes ou na base de escarpas de falha (e.g. Pico do Carvão) existem zonas alagadas ou turfeiras de pequena dimensão, mas importantes como reservas de água e habitats. No entanto, são as lagunas costeiras da Fajã dos Cubres e da Fajã da Caldeira de Santo Cristo que constituem os elementos de geodiversidade mais peculiares da ilha de São Jorge. Estas lacunas estão limitadas por cordões de cascalheiras de praia, formados e alimentados pelos materiais que, caídos das vertentes e acumulados na sua base, foram depois trabalhados pelo mar.
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