FAJÃS
O termo “fajã” significa pequena extensão de terreno plano localizado na base de um talude e desenvolvida em anfiteatro, em direção ao mar. As fajãs podem originar-se por dois processos distintos:
-
As fajãs detríticas, estão associadas a movimentos de massa de vertente, na sequência da instabilização das vertentes por uma ação erosiva na sua base: perdendo suporte, as formações superiores movimentam-se ao longo do declive sob ação do seu próprio peso, constituindo um depósito de gravidade mais ou menos extenso na sua base, que faz avançar a linha de costa; períodos de pluviosidade anormalmente elevada ou concentrada no tempo e a ocorrência de sismos energéticos moderados a fortes, contribuem para a ocorrência destes movimentos de vertente e o incremento/aparecimento de fajãs;
-
As fajãs lávicas, são originadas quando uma escoada lávica galga a falésia costeira, avançando mar a dentro e provocando o avanço da linha de costa; forma-se, assim, uma zona aplanada na base da vertente, com configuração em geral triangular/deltaica e frente rochosa linearizada ou digitada.
As fajãs são o elemento de geodiversidade, ou mesmo a geopaisagem, mais típica da ilha de São Jorge e constituem o principal ex-líbris turístico da ilha. No total, são 74 as fajãs presentes em São Jorge, na sua grande maioria detríticas, distribuídas ao longo de todo o litoral jorgense, embora o seu número seja mais reduzido na costa sul.
GEOSSÍTIO: Fajãs do Ouvidor e da Ribeira da Areia (SJO 3)
Freguesia/Concelho: Norte Grande/Velas
Área/Altitude: 1,57 km /0-280 m
Estatuto legal: Área parcialmente integrada na Área de Paisagem Protegida das Fajãs do Norte e na ZEC da Costa Nordeste e Ponta do Topo
Regime de propriedade: Terrenos privados
Descrição sumária: As fajãs do Ouvidor e da Ribeira da Areia, em conjunto com a Fajã das Pontas, constituem as únicas fajãs lávicas (ou deltas lávicos), existentes na costa norte da ilha de São Jorge. A Fajã do Ouvidor está associada a escoadas lávicas basálticas s.l. emitidas do Pico Areeiro, um cone vulcânico implantado na cordilheira vulcânica central, a cerca de 3 km de distância e que se formou há cerca de 2530 anos. Esta é uma das maiores fajãs lávicas da ilha, servida de um bom porto de mar (o melhor da costa Norte da ilha), que apoia algumas embarcações de recreio e de pesca. É também local de banhos: as principais zonas balneares aí existentes correspondem a várias poças, a maior e mais conhecida das quais é a Poça de Simão Dias. Exibe, ainda, disjunções prismáticas nas suas arribas mergulhantes e algumas grutas litorais, a maior das quais é a Furna do Lobo, com mais de 50 m de comprimento.
|