(…) Dizem alguns que se chamam Capelas, não porque tenham naquela parte feitas algumas igrejas nem capelas, senão porque um dia de São João fizeram uns homens ali umas capelas, deixando- as por esquecimento dependuradas em uma árvore; quando depois nomeavam aquele lugar, Ihe chamavam as Capelas, pelas que nele deixaram. Outros dizem com mais verdade chamarem estas terras Capelas, porque antigamente eram criações de gado vacum e miúdo; os gados, que algumas vezes nelas pastavam, fugiam outras vezes para elas e lá os mandavam também seus donos, depois de ter feito seu serviço com eles; antre o qual gado iam lá muitas vezes e mandavam seus donos (a que não soube o nome) duas vacas toucadas ou printadas de branco pela cabeça, à maneira de capelas, pelo que Ihe chamavam as capelas por assim parecerem com aquela malha branca que na cabeça tinham, denominando, pela beta branca da parte, o todo, como chamamos ao negro, que é todo preto, João Branco, só por os dentes alvos. E, mandando-as seu dono buscar, dizia ao criado: — traze daquela serra as capelas; vamos pelas capelas; pelo que, pelo tempo em diante, dos nomes das vacas tão celebrado antre eles, ficou ao sítio, onde andavam, Capelas por nome. O Morro de Martim Vaz, que está para a banda do mar, mais para o ponente, ainda que por cima é terra lavradia, que dá bom trigo e pastel, seu âmago é pedra, como claramente se vê nele, porque na alta rocha (como disse) que tem da banda do oriente uma grossa ponta, que ele faz ao mar, se criam bilhafres e muitas pombas bravas; a qual ponta é furada por baixo, fazendo uma abóboda de pedra, de altura de duas lanças e de compridão mais de três, e tão larga que passa por ela um batel emasteado, com um remo de uma parte e uma vara da outra, por não caberem na largura ambos os remos; e da banda do ponente, saindo pela boca dele, está à mão direita um ilhéu maior que uma grande casa sobradada, de altura de três lanças que tem em cima feno, em que se criam grande número de garajaus e se acham muitos ovos deles; onde está antre ele e a terra um grande espaço de mar, com uma espaçosa alagoa, que tem dois canais por onde sai ao pego, um por uma parte do ilhéu e outro pela outra. Ali, naquele grande poço do ilhéu para dentro, se fazem grandes pescarias de batel e de cana, pelos que descem àquele lugar pela rocha, e se tomam muitos cranguejos e apanha marisco naquela pequena enseada; e logo passada uma ponta de terra e rocha mui alta, está uma grande baía em que se acolhem os batéis dos Fenaes, em tempo de tormenta. (…)
Saudades da terra : livro IV / Doutor Gaspar Frutuoso ;
[Palavras prévias de João Bernardo de Oliveira Rodrigues] -
Nova ed. - Ponta Delgada : Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1998. Ass: AÇORES / HISTÓRIA / HISTORIOGRAFIA AÇORIANA. séc. 15 -16
Sobre a cache terá de decifrar:
Coordenadas finais: 116 40 63 67 40 65 60 56 65 71 67 40 40
127 40 60 62 65 40 64 60 56 71 61 62
WP: 116 40 63 67 40 65 60 56 66 70 71
40 40 127 40 60 62 65 40 64 60 56 71 61 64
Ao caminhar para o GZ tenha CUIDADO, aconselhamos que faça barulho; bata palmas, Aproximação de gruta com pombas.
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