Esta era a judiaria nova, prolongamento de uma mais antiga, a velha, mencionada no foral de 1199. Em fins do século XIV, aí residiam cerca de 200 pessoas e, cerca de 50 anos depois, o número de habitantes de credo judaico já rondaria entre os 600 e os 850.
Na época dos descobrimentos, a comunidade judaica em Portugal aumentou muito, pois ao contrário do que se passava em Espanha, em Portugal os judeus não eram perseguidos. Para além disto, o povo judeu tinha uma forte tradição de actividade comercial e os descobrimentos traziam boas oportunidades de negócio.
Em 1492, os réis católicos decretam a expulsão dos judeus de Espanha. Em Portugal, D. João II acolhe muitos destes (no total entre 50000 e 70000 judeus).
O sucessor de D.João II, D. Manuel I, foi muito pressionado pelos seus sogros, os reis católicos, para expulsar os judeus e acaba por promulgar também o édito de expulsão. Esta decisão gera grande descontentamento no meio científico e intelectual, já que entre os judeus estavam grandes nomes ligados às inovações científicas dos descobrimentos.
Como a D. Manuel I também não lhe agradava a ideia de perder toda a actividade desenvolvida pelos judeus, entendeu desenvolver uma estratégia de conversão ao Cristianismo, com um baptismo forçado.
Os judeus dedicavam-se principalmente ao comércio e ao artesanato. Na agricultura, dedicavam-se ao cultivo da videira e da oliveira e logo à produção de vinho e azeite, destacando-se na Serra da Estrela pela execução destas actividades, mas também como impulsionadores fundamentais da indústria dos lanifícios. A arquitectura das suas casas era caracterizada por ter dois pisos – o térreo destinado ao comércio e o 1º piso à habitação, e a existência de duas portas, uma larga para o negócio, outra estreita para a família.
A comunidade judaica na Ribeira dos Carinhos
Na aldeia de Ribeira dos Carinhos permanecem ainda algumas marcas da comunidade que lá viveu.
Alguns exemplos:
- Cruz simples com círculo na base, na ombreira direita de uma porta:
- Motivo floral, em relevo, numa coluna à entrada de uma casa:
- Cruz simples, na ombreira esquerda de uma porta:
- Porta entaipada, que dava acesso para os edifícios contíguos. Por cima, uma inscrição com alguns caracteres e a data 1543:
- Uma casa típica, com dois pisos - o térreo destinado ao comércio e o 1º piso à habitação, e a existência de duas portas, uma larga para o negócio, outra estreita para a família:
- Cruz simples com base. Gravação em relevo, espessa e bem definida. Por baixo, numeração da porta, escavada e regular:
NOTA: Podem visitar aqui: N 40º 37.272; W 07º 08.537
- À entrada de uma casa, na ombreira direita da porta, uma data (1638) escavada na rocha:
A cache
A cache é de tamanho regular e tem como conteúdo inicial logbook e stashnote.
Permite trocas. Não tem material de escrita.
NOTA: A cache encontra-se numa casa com várias marcas da comunidade judaica.
Podem ver, em cima, o motivo floral. Em baixo, do vosso lado direito, duas pequenas cruzes escavadas (pouco nítidas) e ainda uma cruz um pouco maior, também escavada na rocha (pouco nítida).
Disfrutem das vistas e aproveitem para visitar as caches vizinhas:
- Capela do Nosso Senhor da Boa Sorte - GC4W1N3
- Alminha de Ribeira dos Carinhos - GC4W20E
- Igreja Matriz de Ribeira dos Carinhos - GC4W22H
- Calvário de Ribeira dos Carinhos - GC4W21K
- VG – Dom Paio - GC4W1WP